domingo, 24 de novembro de 2019

Livro Cabala - Uma jornada de autoconhecimento


A CABALA E O ESTADO DE PRESENÇA

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Por Kadu Santoro
Enquanto continuarmos procurando um sentido para a vida, estaremos deixando de vivê-lo. Ele não se encontra em nenhum outro lugar que não seja no presente, no agora. Qualquer tentativa intelectual de encontrá-lo só levará você ao sofrimento através da busca ansiosa por um castelo de areia.

O paraíso não consiste em um determinado lugar ou espaço, e sim, apenas em uma condição de não mente, no estar simplesmente presente, com-templando (estar em templo). Pode parecer impossível em função de tentarmos compreender, pois o intelecto, os nossos sentimentos e instintos não são depurados de impressões e identificações com as infinitas realidades existenciais.

Aquilo que acabamos de pensar neste instante, que é, já não é mais, e assim, o grande EU SOU reside nesse vácuo entre o pensamento e a palavra, entre o fundo e a forma, entre o finito e o infinito, essa a razão porque os cabalistas quando contemplam as Escrituras da Torá, fazem um breve segundo de silêncio e respiração entre cada letra, observando o espaço vazio entre elas. É aí onde reside o mistério das letras sagradas, nos seus espaços vazios, onde habita o Ruach, ou sopro divino daquele que É.

Na prática, podemos alcançar esse nível de consciência plena nas pequenas tarefas do dia a dia, através da observação atenta das nossas três faculdades existenciais: pensamentos, sentimentos e instintos. O objetivo do trabalho sobre si, consiste justamente na harmonia entre esses três centros. Parece fácil, mas é o maior paradoxo existencial a ser vivido, pois temos que alinhar esses três centros utilizando os nossos 5 sentidos, é daí que surge os oito caminhos para iluminação segundo o budismo, que corresponde aos 3 centros + os 5 sentidos:

1. Compreensão Correta (Samyag-drsti);
2. Pensamento Correto(Samyak-samkalpa);
3. Fala Correta (Samyag-vac);
4. Ação Correta (Samyak-karmanta);
5. Meio de Vida Correto (Samyag-ajiva);
6. Esforço Correto (Samyak-vyayama);
7. Atenção Correta (Samyak-smrti);
8. Concentração Correta (Samyak-samadhi).

Por isso também que o número oito na cabala representa a Glória (Hod) a superação do homem sobre si mesmo, a sua elevação ao nível de Tsadik, um Justo. Aquele que adquiriu equilíbrio, sabedoria, a harmonia entre a Justiça (Guevurá) e a Misericórdia (Chéesed), que o tornou um modelo de Beleza (Tiféret).

Para encerrar, a meta do homem não é o alvo, e sim, todo o processo, como disse Jung, o objetivo não é a perfeição e sim a Totalidade, a união mística gerada pela experiência de unicidade através da expansão de consciência. Quando chegarmos a esse estágio, podermos dizer como Jesus O Cristo, que Eu e o Pai somos Um.

Querendo se aprofundar nos mistérios do Ser através da Cabala, adquira o meu novo livro, CABALA - Uma jornada de autoconhecimento comigo, autografado ou através do link da Editora Gryphus abaixo:

Paz Profunda.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Sobre os mistérios cabalísticos de Yom Kippur


Por Kadu Santoro

Segundo a fábula de Moisés, quando subira ao monte Sinai para receber as primeiras tábuas das leis em Shavuot, permaneceu por lá 40 dias e 40 noites. Em função do pecado da idolatria, retornara ao Monte Sinai, no período da lua nova correspondente ao mês de Elul (Virgem), e ficou por lá mais 40 dias e 40 noites, retornando em Yom Kippur, dia da expiação, décimo dia do mês de Tishrei (Libra), trazendo consigo as segundas tábuas das leis.

Vamos analisar o texto em nível sod (segredo/mistério). Subir ao monte significa a elevação da consciência do desperto, acessar o seu chakra coronário, local arquetípico da iluminação, lembra do Buda com o chakra coronário de mil pétalas, ou a auréola dos santos católicos. O centro correspondente a essa expansão de consciência, na Cabala se chama Neshamah, logo, Moshé (Moisés), que significa “filho”, “tirado nas águas”, é aquele que desperta, é o arquétipo da criança, do novo, metanóia, mudança de mentalidade.

As “tábuas de pedra” são outra representação alegórica para o coração do homem (Lev), que quando não é preenchido por Chesséd (Misericórdia), é linear e duro, o contrário do coração do justo (Tzadik) que é regido por Gevurá e Chesséd, ou seja, Justiça e Misericórdia, tendo como resultante, Tiféret (Beleza).

Os 40 dias e 40 noites, gematricamente falando, corresponde à 4 + 4 = 8, que na Cabala representa transcendência, elevação e comunhão com o infinito, ou também chamado com o mundo dos 99%. É um tempo fora do tempo, onde o buscador (Moshé) vislumbra aquilo que é bom e agradável em consonância com as leis universais, que para a grande maioria que não tem esse nível de evolução para compreender, fica apenas nas observâncias religiosas, as Mitzvot.

A descida do monte, também chamada na Cabala de descida da Árvore da Vida (Descida do relâmpago, daí por que diz que houve relâmpagos sobre o monte, que significa lampejos e insights), ocorre no décimo dia, ou seja, ele subiu a Kéter e retornou à Malchut, o reino, totalizando o ciclo das 10 sefirot, nada literal né?

E no retorno do alto, ele vem com as segundas tábuas, ou seja, um novo coração, que só será revelado cabalisticamente no Novo Testamento em especial no pentateuco neotestamentário, formado pelos 4 Evangelhos e o Livro do Apocalipse, onde reside a chave de Davi dos grandes mistérios. O Antigo Testamento corresponde à Gevurá (Leis/Justiça) e o Novo Testamento (Amor/Chesséd), a união entre esses opostos cria a estabilidade harmônica do universo.

Ainda na Torá, seguindo com os mistérios cabalísticos, em Vaikrá (Levítico = Lev = Leis do Coração) encontramos a seguinte passagem que respalda às observâncias de Yom Kippur: “Mas o décimo dia do sétimo mês é o dia das expiações. Tereis santa assembleia. Jejuareis e apresentareis ofertas queimadas a Iahweh. Neste dia não fareis trabalho algum pois é o dia das Expiações, quando se fará por vós o rito da expiação diante de Iahweh vosso Deus” (Levítico 23,27).

Vamos lá. Novamente o décimo dia, o número 10 que sempre representa uma totalidade, o absoluto (10 = 1) Echad, o único, como descrito no Livro da Criação (Sêfer Ietsirá): “Dez Sefirot do nada. Sua medida é dez; que não têm fim; A profundidade do princípio, a profundidade do fim, a profundidade do bem, a profundidade do mal, a profundidade do acima, a profundidade do abaixo, a profundidade do leste, a profundidade do oeste, a profundidade do norte, a profundidade do sul, O Mestre único, Deus, Rei Fiel (significado da palavra Amém) domina sobre todas elas desde sua Santa morada até a eternidade das eternidades.” Sêfer Ietsirá 1:5.

Sétimo mês, novamente a gematria presente, número 7, perfeição, consonância com os princípios cósmicos, o dia do Shabbat, pausa para que o homem reflita sobre o 6, as etapas da criação.

Tereis uma santa assembleia, na Cabala, um encontro interno, onde a assembleia é a reunião/conciliação entre as pluralidades de eus à serviço do ego, onde o homem observa-se atentamente, procura compreender a natureza de suas impressões, identificando suas possíveis origens desde a sua mais tenra infância, ou até mesmo possíveis vislumbres de vidas passadas. “Reconcilia-te, pois com ele e tem paz, e assim te sobrevirá o bem.” Jó 22.21.

O jejum e as ofertas, nada mais são do que símbolo do esforço para o conserto (Tkun), o árduo trabalho sobre si, fora isso, é mera observância mecânica religiosa. O rito de expiação, é justamente o expurgo de todas as identificações e impressões que impedem o homem de evoluir e conhecer-se a si mesmo.

Logo, quando chamam o Yom Kippur de dia do perdão, nada mais é do que primeiramente perdoar-se a si mesmo e consequentemente, se houver faltas contra o seu próximo, ter com ele admitindo-as.

Esse período, que por tradição se vivencia entre hoje, dia 8 de novembro e amanhã dia 9, é um período propício para perdoar-se a si mesmo, com os votos de um novo re-começo da jornada rumo à Luz Ilimitada (Ain Sof), assim como despertar a essência de Chéssed (Misericórdia) para a humanidade.

Abraços e Paz Profunda!




terça-feira, 10 de setembro de 2019

A Cabala e o árduo caminho para dentro de si

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Por Kadu Santoro

Cabala significa recebimento (da tradição esotérica universal por via oral), apesar de ser uma tradição primordial, seus ensinamentos são atemporais, podem ser aplicados e contextualizados em qualquer época independente das circunstâncias. Nos meus 35 anos de muita pesquisa, meditação e reflexão sobre essa Tradição, consegui reunir materiais e esquadrinhar um alicerce por onde passamos ao longo de nossa jornada aqui no mundo da ação (Assiah), rumo à Luz Infinita (Ayin Sof) a partir de um processo de decodificação em grande parte das metáforas, códigos e alegorias contidas na Torá, a espinha dorsal de Bereshit (Criação).

Seja aplicado à jornada de nossas vidas ou aos eventos e episódios da história universal, os ensinamentos da Cabala tem o poder de nos revelar os mistérios da natureza através de insights e novas perspectivas que vão muito além da percepção comum a qual estamos acostumados, seja no âmbito familiar, profissional, financeiro ou em qualquer outra ocasião.

Para que esse alicerce pudesse ser formado, foi preciso decodificar o sistema operacional cósmico, a Árvore da Vida (Etz Chaim), metaforicamente chamada de Escada de Jacó na Torá, a mais poderosa ferramenta de trabalho do cabalista, apta para nos guiar na jornada através dos quatro mundos, correspondente aos níveis físico, psicológico, espiritual e divino.

O método que eu adotei para o estudo da Cabala foi desenvolvido ao longo desses anos de forma criteriosa, concentrando todos os esforços na construção do Ser, totalmente isento das formalidades rituais, talismânicas, oraculares e religiosas utilizadas no passado, onde ao invés de conduzir o homem para dentro de si (via esotérica), acabava por deixar cada vez mais para fora (via exotérica), vivendo uma vida e uma espiritualidade medíocre, num verdadeiro estado de sono e letargia.

O método consiste no alinhamento do ser através dos seus três centros formativos: instintivo (agir), emocional (sentir) e intelectual (pensar) e a partir desse desenvolvimento, alinhar-se com às quatro dimensões: física, psíquica, espiritual e divina, com o objetivo de estabelecer o sétuplo perfeito (os três centros e as quatro dimensões), a sagrada Menorah completa, com todas as luzes do Chabat acessas, e a ferramenta indispensável para esse trabalho árduo sobre si, chama-se autoconhecimento, fora dele não há possibilidade alguma de autodesenvolvimento. O trabalho é realizado sem iniciações, graus e hierarquias, é muito simples, consiste num processo de livre auto iniciação.

O caminho da Cabala é paradoxal, ao mesmo tempo que parece muito simples, é também muito árduo, consiste em um processo contínuo de desnudamento e desconstrução de toda forma de crença e identificação, é um convite para o deserto árido, para lutar com seus próprios “demônios”, que não é nada mais do que o ego e suas legiões de eus ou personas.

Para você se tornar um cabalista, basta começar a praticar a observação de si, suspender o julgamento, entrar pela porta estreita e trilhar pelo caminho apertado, a vereda interior, menos percorrida pela grande maioria, aí posso dizer que você já andou cinquenta por cento, e os outros cinquenta por cento cabe a você estudar sem cessar e sem criar nenhuma expectativa, apenas observar o fluir do rio.

Paz Profunda!

domingo, 4 de agosto de 2019

Alfabeto hebraico – Os códigos cabalísticos da Criação

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Por Kadu Santoro

“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” Salmos 119:105
Certa vez perguntando a um Sábio Cabalista sobre o estudo do alfabeto hebraico, ele me respondeu que um ano para cada letra, correspondia apenas ao nível básico. Isso pode não corresponder literalmente, mas o que ele me ensinou, foi o grau de complexidade desse estudo, lembrando que, além das letras serem números e vice e versa, elas são vórtices de energia primordial, que se você não possuir experiência para manipulá-las, poderá gerar muito transtorno e desequilíbrio irreparáveis.
O alfabeto hebraico é composto por 22 letras consoantes, energias vivas destinadas aos olhos e à mente. Cinco dessas letras “metamorfoseiam-se” quando se encontram no final de palavras. Isso gera as 27 realidades que estruturam a língua hebraica (27=2+7=9). As nove primeiras letras estão correlacionadas com as unidades de 1 a 9, os números naturais, blocos construtores do universo em todos os seus mundos arquetípicos, também chamado de Mundo dos Princípios. As nove letras seguintes, estão relacionadas com as dezenas, de 10 a 90 e correspondem ao Plano da Encarnação. Da mesma forma, as nove letras seguintes, associam-se com as centenas, de 100 à 900, correspondendo ao Plano Cósmico. Um Álef final, de valor 1.000, é associado ao mesmo plano.
Existe um simbolismo associado à grafia de cada letra hebraica. As leis divinas que regem a Criação nasceram do Verbo Divino. Elas são as Grandes Letras de Cima, ou do Alto, que modelaram o Homem em sua forma primordial, Adam Kadmon. As pequenas letras de baixo, do alfabeto hebraico, são dotadas do poder de reconduzir quem as contempla às Grandes Letras de Cima.
A razão de um judeu rezar se balançando, está na invocação das três forças criadoras dos universo: Tântrica, Mântrica e Yântrica, da seguinte forma, ao rezar, olhar, contemplar as sequências de letras, ele usa o princípio tântrico, luz dos olhos, ao pronunciar as palavras sagradas, ele invoca o princípio mântrico, som, e ao movimentar-se corporalmente, ele ativa o princípio yântrico, movimento. Logo, rezar, significa conectar-se com as forças do alto através da luz, do som e do movimento. Essa prática tem o poder terapêutico de alinhar todos os nossos chakras e centros nervosos, por isso a recomendação de visualizar as 72 Emanações de Deus, onde cada uma delas é formada por três letras, ou seja, por um sistema ternário de energia: positivo, negativo e neutro, e ao acessar essas emanações, reprogramamos o nosso DNA espiritual, a nossa porção eterna.
Paz Profunda.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

O árduo caminho para si mesmo



Por Kadu Santoro


A Cabala nos ensina a se conectar com a vida verdadeira que encontra-se latente dentro de cada um nós. O processo para se estabelecer essa conexão não é por meio de auto-ajuda, e sim pela via do autoconhecimento, o caminho interior em direção a centelha divina, àquele que É.

O caminho do autoconhecimento é árduo e árido, somente você, frente a frente com você mesmo, aprendendo a se conhecer e observar-se, libertando-se das impressões e automatismos adquiridos por toda a vida. É a única forma de se libertar de Maya (ilusão). Trate-se de um processo de auto-desconstrução, como disse Jesus: “Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada” Marcos 13.2 Todo edifício fundamentado sobre o Ego deve cair para que surja o Novo Homem.

O processo de auto-desconstrução é o convite para o deserto existencial, e o seu mestre e companheiro é o silêncio. Agora você é o observador e o observado, a grande testemunha, despertando a consciência de que você não é nem sua mente e nem seu corpo, apenas uma projeção distorcida da realidade superior, é a luz diante das sombras, o real diante do irreal. É nessa dialética que desponta o Eu Superior, o homem maduro que não tem mais nostalgia do passado e nem ansiedade pelo futuro, vive no eterno agora, pensando, sentindo e agindo conscientemente, e não mais automaticamente, como interroga os anjos na Bíblia: “Por que buscais entre os mortos aquele que vive?” Lucas 24.5. Buscar fora o que está dentro, é buscar entre os mortos. Nenhuma prática, ritual ou programa de auto-ajuda poderá resolver nossa situação. O caminho para a libertação da ilusão é tríplice: Auto-observação, autodesconstrução e autoconhecimento.

O ponto de partida é a observação e a lembrança de si, em seguida o processo de desconstrução de tudo aquilo que não lhe pertence, é a limpeza pesada na casa interior, e daí em diante começa o processo contínuo de autoconhecimento. Esse tríplice processo é comum nas tradições antigas, como por exemplo na cristã, que fala das três vias: Purgativa, Iluminativa e Unitiva.

O contato com a Cabala, livre das religiosidades e suas observâncias, tem o poder de despertar esse tríplice processo de observação, desconstrução e conhecimento.

Paz Profunda!


quarta-feira, 19 de junho de 2019

A transição planetária é agora


Por Kadu Santoro

Estamos em meio a um processo intenso de transição planetária até o ano 2022, e como a Cabala nos ensina, nesses períodos a um grande choque de forças, ou seja, sendo um momento de intensa manifestação da luz, as “trevas” também se intensificam, e o maior veículo dessa polarização cósmica é o ser humano com a sua capacidade de livre agência.

A humanidade encontra-se num ponto crítico, estamos num déficit evolutivo de aproximadamente 2.000 anos, e esse déficit se acentuou intensamente a partir da revolução industrial iniciada no século XVIII, onde o ser humano voltou-se para os avanços tecnológicos, científicos pelos meios de produção, não que isso fosse ruim, mas que também tivesse avançado moralmente e espiritualmente.

Já em nosso século, entramos na era da comunicação e consequentemente na era da globalização com o advento da internet, e isso provocou um afastamento ainda maior das relações humanas, e o ser humano reduziu-se a um simples “login”, robotizado e voltado apenas para a cultura de consumo e superfície, deixando de buscar sua essência de ser, pensar e agir de forma consciente, apenas vivendo movido pelos impulsos mais primitivos e egoísticos.

Os antigos paradigmas religiosos, sociais, educacionais e econômicos já não atendem mais as demandas desse “novo momento” em que a humanidade se encontra, e isso é um sinal positivo de que é necessário mudanças em todos os setores, porém, como isso pode acontecer de forma positiva se a humanidade encontra-se alienada e domesticada pelos poderes globais? Essa é a questão, identificamos a necessidade de uma mudança radical, porém, como podemos realizar essa mudança de paradigmas se o centro da transformação é o ser humano e esse se encontra totalmente envolvido com prazeres fugazes vivendo moralmente degradado?

Chegou a hora, não dá mais para adiar a transição, é preciso despertamos a consciência para níveis mais elevados que transcendem a nossa existência material. Devemos nos libertar dos paradigmas da competitividade e eficiência, instaurando o novo, baseado na comunhão e na inteligência emocional/espiritual, somente assim podemos construir um futuro sustentável pautado no amor e na ética do cuidado.

O estudo da Cabala de forma séria e honesta, é capaz de despertar e elevar a nossa consciência a níveis jamais atingidos pela grande massa da humanidade, proporcionando paz, liberdade interior e uma profunda compreensão de questões até então difíceis de serem resolvidas livres dos dogmas, como a natureza do sofrimento, a dor, o mal, a morte e os propósitos da vida.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Liberdade


Por Kadu Santoro

Fala-se muito em liberdade, mas raramente paramos para refletir na profundidade e na essência desta palavra, que em si, em sua forma substantiva é praticamente impossível alcançá-la.

Ser liberto é o anseio de todo o indivíduo. Infelizmente a maioria dos seres humanos preconizam apenas a liberdade no âmbito material, esquecidos de que muitos que se encontram encarcerados, sofrendo torturas, podem muitas vezes encontrar-se mais libertos do que outros que têm amplas possiblidades de ir e vir sem restrições de terceiros, mas cuja mente é refém, cativa de preconceitos, futilidades e crenças limitantes que avassalam o seu ser.

Só é livre, só vive em plena liberdade, quem já se despojou de todas as vãs ilusões do mundo das aparências, das algemas do sentimentalismo, das artimanhas e caprichos do ego, e com isso não se permite mais ser atingido pelas contingências e seduções da vida secular. O prazer do verdadeiro liberto encontra-se em servir ao próximo como expressão de amor, como disse o apóstolo cabalista Paulo de Tarso: “Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; ao contrário, sirvam uns ao outros mediante o amor.” Gálatas 5.13.

Uma pessoa liberta respira, anda e se movimenta em harmonia com a vida, em meio à chama da incompreensão humana, sem se conturbar e ainda podendo ajudar aos que lhes conspiram o mal e tentam lhe massacrar, apontando-lhe, generosamente, a senda para alcançar a meta da libertação.

A liberdade nos convida a uma profunda reflexão filosófica. Ao mesmo tempo que tomamos consciência de que não estamos no controle de absolutamente nada, a liberdade encontra-se como uma possibilidade constante diante do desenrolar da vida, ou seja, ela faz parte dessa tomada de consciência, de que tudo consiste nas possiblidades do já e ainda não, e assim, a ânsia de alcançá-la já não é mais um sofrimento, como disse Rubem Alves: “Se alguma coisa deu certo na minha vida, foi porque tudo deu errado.” Basta apenas observar o processo suspendendo qualquer forma de juízo, lembrando que nada, mas nada mesmo acontece por acaso, como disse Einstein que Deus não joga dados.

Ainda na dimensão humana, o que guarda mágoas e ressentimentos, o que não compreende que ainda encontra-se trilhando na estrada árdua e perigosa da vida temporária terrena, e portanto, como qualquer um, encontra-se sujeito a tropeçar e derrubar alguém, pois ainda não firmou os pés no caminho e permanece vagando na estrada, sem bússola e cajado.

A bússola é seu coração, a centelha divina que remove as crenças limitantes, e o cajado da esperança que ampara o que cansado pereceria no caminho se esse não fosse o seu apoio, de forma que ao cair, levanta-se e prossegue, lembrando que não há onde chegar, e sim do caminho a percorrer, como disse o poeta espanhol Antônio Machado: “Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar.”

Liberdade é reconhecer nossa humanidade, que todo ser humano é um ser inacabado em constante processo de humanização, como disse Paulo Freire. Porém, completo em essência e uno com o Todo.

Liberdade também é desvencilhar-se do passado, o desligamento total de tudo que impeça a ascensão. É manter a mente como uma tela limpa, serena, tranquila a fim de que possa captar as mensagens, os ensinamentos que virão ao longo da jornada, com a finalidade de mostrar como se apaga o erro cometido, ou a mágoa que persiste em nos atormentar e deixar em seu lugar, delineado, o roteiro certo para que evitemos novas desilusões.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Uma reflexão sobre o autoconhecimento a partir da Cabala

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Por Kadu Santoro

A Cabala consiste numa das mais poderosas ferramentas para o desenvolvimento pessoal e a auto realização, ou seja, o conhecimento de si mesmo. Através do diagrama quântico da Árvore da Vida, os cabalistas buscam a reintegração de sua essência com a Grande Unidade.

O simples despertar de interesse pelos estudos da Cabala já revela um grau de amadurecimento e evolução do indivíduo. Esse já não se compraz mais com as convenções religiosas e suas institucionalidades, começa a sentir-se um estranho no ninho, não se adequando mais aos modelos até então vigentes de espiritualidade e sociedade. Esse momento de despertar costuma ser muito doloroso, levando o indivíduo a um profundo estado de depressão e falta de sentido pela vida, chamado pelos místicos de noite escura da alma.

Para os Cabalistas, é diante dessa crise existencial que a Grande Luz brota em seu Ser como o lótus que floresce no lodo, preenchendo suas entranhas e envolvendo a sua alma de tal maneira que tudo aquilo que antes parecia não ter sentido começa a se revelar diante de seus olhos por uma nova perspectiva jamais experimentada antes.

É muito comum, durante esse processo de despertamento, que o indivíduo comece a prestar mais atenção aos acontecimentos que os rodeia, sinais e mais sinais começam a revelar-se diante dele, como símbolos esotéricos, letras e diagramas cabalísticos, sonhos com números e imagens pontuais, encontros inusitados com pessoas notáveis, que parecem ter vindo a seu encontro como verdadeiros mestres passageiros, entre outros.

Segundo a Cabala, o verdadeiro aprendizado é resultado direto da experiência vivencial. A realidade não pode ser definida, apenas experimentada. Para muitos, a postura do cabalista a certo ponto pode parecer fria, pois sabe que aquele que fica impaciente à espera de oportunidade é, muitas vezes, o menos preparado para aproveitá-las quando aparecem, ou seja, o cabalista jamais deve criar expectativas, pois reconhece a existência de uma ordem superior que é onisciente, e logo, tudo o que terá que acontecer, acontecerá, não da forma que queremos, mas como deve ser.

A soma total do conhecimento, da sabedoria e da tecnologia humana encontra-se disponível a todos. Precisamos despertar uma visão integral de nossas próprias possibilidades, somente assim a vida irá se transformando em uma fascinante sucessão de experiências, como dizia OSHO, que a vida não é problema a ser resolvido e sim um mistério a ser vivido.

Devemos viver esse mistério de forma a saber que cada indivíduo é um conjunto de possibilidades e energia acumulada, que consiste numa mescla de teorias e crenças que se irradiam e influenciam o mundo. A singularidade individual é o grande mistério, a garantia de que cada um tenha uma leitura diferente da vida.

Cada indivíduo se inter-relaciona com a totalidade das coisas. As dimensões visíveis e invisíveis, o material e o espiritual fazem parte de uma mesma realidade; não havendo razão para separarmos uma coisa de outra (como muitas religiões fizeram ao longo da história) ou mesmo imaginar que o espiritual fica muito distante de nós.

O que a sabedoria da Cabala nos propõe, é o abandono do conhecimento que deixou de ser necessário, ou que nos mantém amarrados, para captar outros conceitos, outros conhecimentos adicionais jamais experimentados. Pois ninguém pode pensar por nós e, não haverá evolução individual se nos limitarmos a copiar e reproduzir o comportamento alheio, ou continuarmos sendo repetitivos.

É de suma importância reconhecer que os hologramas de nosso corpo armazenam a memória de todos os nossos sentidos. Somos o que pensamos que somos (como dizia Buda) e conseguimos realizar aquilo que acreditamos que podemos realizar.

Os mestres cabalistas enxergam o mundo ao seu redor perceptivamente, não passivamente. Com uma visão perceptiva invisível da realidade objetiva.

É nesse sentido de percepção que a Árvore da Vida pode nos levar ao descobrimento do conhecimento, com os arquétipos e símbolos servindo como espécie de bússola para o nosso destino. E esse conhecimento não está fora, a Árvore da Vida está dentro de nós. Ela é o elo entre nós e o Criador, como disse Jesus, que o reino de Deus se encontra dentro de nós.

Paz Profunda!


sexta-feira, 8 de março de 2019

A perspectiva do mal segundo o Zohar

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Por Kadu Santoro

“Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.” Isaías 45.7

Segundo o texto do profeta Isaías, bem e mal são forças complementares, a dualidade oriunda da unidade para que tudo viesse a existir. O conceito de pecado, hamartia em hebraico ou pecatum em latim, possuem o mesmo sentido, errar o alvo, que como consequência significa a separação das duas forças, criando assim uma polarização, desequilíbrio entre as forças atuantes no universo, nada haver com questões de ordem moral nesse primeiro momento, e sim, com as leis físicas.

O Zohar interpreta essa passagem através de uma parábola, onde um rei decide testar a integridade de seu filho (lembre-se também da narrativa de Jó), para confirmar se esse era digno da herança do trono (símbolo de maturidade e estabilidade). Ele pediu a seu filho que se afastasse das mulheres dissolutas, mantendo-se longe das tentações da carne. Então, o rei contratou os serviços de uma mulher muito atraente para que tentasse o seu filho (lembre-se da história de José e a mulher de Potifar no Egito) seduzindo-o de todas as formas possíveis e imagináveis.

O Zohar, levanta a seguinte questão por meio de um pergunta retórica: “Esta mulher também não seria uma fiel serva do rei?”A explicação é a seguinte, o objetivo do mal é o de nos “tentar”, aguçar nossos sentidos, e assim permitir que possamos despertar a nossa consciência a respeito da nossa livre-agência. Logo, sem a existência do mal, não teríamos outra alternativa a não ser fazer somente o bem e, neste caso, não haveria virtude no bem que fizéssemos, pois sem a força contrária não poderíamos fazer juízo de valores.

Contudo, uma vez que o Criador nos concedeu a capacidade de discernimento através da livre-agência, o mal desempenha uma papel importante em seus planos para a estabilidade de toda a realidade criada. No final da parábola, o príncipe percebe que a mulher que veio seduzi-lo, foi contratada pelo próprio pai, o rei, e logo ela deixa de ser uma ameaça. O mesmo vale para mal quando tomamos consciência.

A síntese dessa história, nos mostra que bem e mal são faces da mesma moeda, não como questão de relatividade e sim como complementariedade a partir da unidade. Lembramos das sábias palavras do Apóstolo Cabalista Paulo de Tarso: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Romanos 8.28

Paz profunda a todos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

OS MAIORES SEGREDOS DA CABALA


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Por Kadu Santoro

O maior segredo que a Cabala pode nos revelar é a forma correta de enxergar as coisas, ver além das aparências, adentrar o santo dos santos, romper o véu de Isis, ou seja, despertar a consciência para a percepção das realidades essenciais que encontram-se ocultas por trás do mundo das formas, a verdadeira realidade latente de toda a criação.

As duas ferramentas poderosas para capacitar esse dom de entendimento ao buscador, são o PARDES e as Santas Letras hebraicas.

O PARDES consiste no método de interpretação utilizado pelos sábios cabalistas para decodificar a Torá, divididos em quatro níveis: Peshat, Remetz, Derash e Sod. Esses quatro níveis podem ser aplicados a qualquer literatura sagrada do mundo, permitindo adentrar nos mais profundos segredos do universo encerrados por trás das escrituras e assim desenvolver a grande expansão de consciência. 

O PARDES é o requisito fundamental para o aprofundamento no estudo das Santas Letras hebraicas. Quando ficamos encerrados no primeiro nível de interpretação do PARDES, o PESHAT, não evoluímos, pois esse nível corresponde ao literalismo, ou seja, a interpretação simples e literal do texto sagrado podendo levar o religioso a um grau de fundamentalismo e intolerência em relação à outras expressões religiosas, pois acredita ele que a “verdade” encontra-se na interpretação literal das suas escrituras apenas.

Para o religioso a expressão alfabeto hebraico faz sentido, pois ele se utiliza desse para tradução e transliteração do texto literal em nível de PESHAT. Para o cabalista, que trabalha no nível de SOD, a expressão alfabeto hebraico já não faz mais sentido, pois acreditam eles que as Santas Letras hebraicas consistem em energias inteligentes, os blocos construtores de toda a criação e do universo. As Santas Letras possuem três atributos primordiais: luz (Tântrico), som (Mântrico) e movimento (Yântrico), por isso um rabino ao rezar, entoa, movimenta-se e lê.

Para a Cabala, a Torá encerra todos os segredos do universo por trás da literalidade, onde letras e números compõem a criptografia das Sagradas Escrituras, e a chave para a decodificação desses segredos encontra-se no nível de SOD, junto com a prática da meditação e da contemplação.

As Santas Letras são as únicas ferramentas capazes de fazermos transcender à essa realidade densa do mundo das formas e aparências, nos elevando à um padrão de consciência mais elevado. Essa elevação de consciência segundo a Cabala chama-se transfiguração.

Para saber mais sobre essas poderosas ferramentas da Cabala, inscreva-se no Curso de Iniciação à Qabbalah e venha dar os seus primeiros passos rumo a transfiguração.

www.conexaoqabbalah.weebly.com

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

FELIZ MUDANÇA INTERIOR!

A imagem pode conter: planta, atividades ao ar livre e natureza
Por Kadu Santoro

Estamos na era dos filósofos e profetas “facebookeanos e youtubeanos”, isso não é ruim pois democratizou-se a livre expressão de pensar e manifestar aquilo que pensa, porém, há uma grande distância entre as palavras e as ações, assim como entre a mente e o coração, como dito pelo monge cristão Thomas Merton. Esta era também é chamada de era da informação, aquilo que pensamos encontra-se a qualquer momento a nossa disposição na internet. Estamos entulhados e fartos de informações e processos mentais, ao contrário dos nossos outros dois centros, o instintivo (motor) e o emocional que encontram-se totalmente abandonados e atrofiados. Todo esse excesso de informação tem nos levado cada vez mais à solidão, à ansiedade e finalmente à depressão, uma verdadeira e preocupante questão de saúde pública.

Na cultura da era da informação, não há espaço para o encontro, o olhar, o toque, o abraço, a comunhão, e muito menos para a expressão do amor e dos sentimentos, pois tudo passa pelo crivo da mente, essa que já dizia Fernando Pessoa, que “a mente, mente o tempo todo.”

Vivemos dias de belas e eloquentes palavras que alimentam apenas o ego através dos likes, corações e elogios nas redes sociais por aqueles que na maioria das vezes nem lêem as postagens, longe de corresponder a realidade daqueles que o postam tais mensagens. Na verdade, não passam de palavras, sem qualquer tipo de sentimento, não correspondendo a realidade em que a humanidade se encontra, de muita dor, angústia e sofrimentos existenciais.

Eu me incluo nessa estatística, porém, as mensagens que eu produzo são frutos de dor e profundo estado de sofrimento, não visando aplausos ou aceitação, são de total dificuldade para serem colocadas em prática por mim, e antes de divulgá-las, faço uma profunda reflexão sobre elas e vejo o quanto eu preciso melhorar através do autoconhecimento, o trabalho sobre Si, ao contrário dos filósofos e profetas facebookeanos e youtubeanos, bem apresentados e tecnicamente produzidos, que falam com ar de verdadeiros moralistas e iluminados já realizados, eu falo a partir da minha própria pequenez, experiência de dor e lucidez, sabendo que todas essas mensagens que eu posto devem começar por mim mesmo.

Aproveitando o ensejo nesse período onde as pessoas se inebriam depositando suas esperanças no tal do “ano novo”, que de novo não há nada, vestindo-se de branco, escondendo a escuridão e sofrimento interno, só me resta deixar uma mensagem de mui bom ânimo, paz interior, saúde para o trabalho sobre si mesmo e perseverança, lembrando que a mudança, o novo, começa dentro de cada um de nós e não é fácil. O início da mudança é extremamente difícil, o meio, extremamente confuso, mas o final é gratificante.

A partir de agora, não se incomode mais ou inveje os sorrisos, caras e bocas de “felicidade” das fotos e postagens nas redes sociais, lembre-se que tudo isso é ilusório, por trás dessas imagens há muita tristeza, angústia, sofrimento ou quando não, um profundo estado de alienação completa. Procure ocupar-se mais consigo mesmo reconhecendo a sua condição de humano demasiadamente humano como disse Nietzsche, vivenciar todo o seu sofrimento como uma verdadeira gestação em rumo ao grande nascimento do Novo Homem que clama para reinar em seu Ser. Busque o autoconhecimento, tome a nobre decisão de render-se a um Poder Superior conforme cada um O concebe, confiando-o toda a sua situação de miséria interior, pratique o desapego e a caridade, procure servir mais do que ser servido, não viva em confronto com o próximo, antes, respeite o direito dele pensar diferente de ti, procure abraçar mais, sorrir e também chorar mais, orar mais, respirar mais conscientemente, estender à mão aquele que pede ajuda, escutar mais e falar menos, observar mais e criticar menos, contemplar a natureza, viver um dia de cada vez, praticar o lema “só por hoje”, assim você estará dando um grande passo em direção não a um ano novo, mas a uma nova vida, lembrando que enquanto viveres nesse mundo de provas e expiações, sempre terás aflições, mas como disse o grande Mestre cabalista Jesus: “Tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Seja você também um vencedor sobre si mesmo!!!

Feliz mudança interior!!!