Por Kadu Santoro
Segundo
a fábula de Moisés, quando subira ao monte Sinai para receber as primeiras
tábuas das leis em Shavuot, permaneceu por lá 40 dias e 40 noites. Em função do
pecado da idolatria, retornara ao Monte Sinai, no período da lua nova
correspondente ao mês de Elul (Virgem), e ficou por lá mais 40 dias e 40
noites, retornando em Yom Kippur, dia da expiação, décimo dia do mês de Tishrei
(Libra), trazendo consigo as segundas tábuas das leis.
Vamos
analisar o texto em nível sod (segredo/mistério). Subir ao monte significa
a elevação da consciência do desperto, acessar o seu chakra coronário, local
arquetípico da iluminação, lembra do Buda com o chakra coronário de mil
pétalas, ou a auréola dos santos católicos. O centro correspondente a essa
expansão de consciência, na Cabala se chama Neshamah, logo, Moshé (Moisés), que
significa “filho”, “tirado nas águas”, é aquele que desperta, é o arquétipo da
criança, do novo, metanóia, mudança de mentalidade.
As
“tábuas de pedra” são outra representação alegórica para o coração do homem
(Lev), que quando não é preenchido por Chesséd (Misericórdia), é linear e duro,
o contrário do coração do justo (Tzadik) que é regido por Gevurá e Chesséd, ou
seja, Justiça e Misericórdia, tendo como resultante, Tiféret (Beleza).
Os
40 dias e 40 noites, gematricamente falando, corresponde à 4 + 4 = 8, que na
Cabala representa transcendência, elevação e comunhão com o infinito, ou também
chamado com o mundo dos 99%. É um tempo fora do tempo, onde o buscador (Moshé)
vislumbra aquilo que é bom e agradável em consonância com as leis universais,
que para a grande maioria que não tem esse nível de evolução para compreender,
fica apenas nas observâncias religiosas, as Mitzvot.
A
descida do monte, também chamada na Cabala de descida da Árvore da Vida (Descida
do relâmpago, daí por que diz que houve relâmpagos sobre o monte, que significa
lampejos e insights), ocorre no décimo dia, ou seja, ele subiu a Kéter e
retornou à Malchut, o reino, totalizando o ciclo das 10 sefirot, nada literal
né?
E
no retorno do alto, ele vem com as segundas tábuas, ou seja, um novo coração,
que só será revelado cabalisticamente no Novo Testamento em especial no
pentateuco neotestamentário, formado pelos 4 Evangelhos e o Livro do
Apocalipse, onde reside a chave de Davi dos grandes mistérios. O Antigo
Testamento corresponde à Gevurá (Leis/Justiça) e o Novo Testamento
(Amor/Chesséd), a união entre esses opostos cria a estabilidade harmônica do
universo.
Ainda na Torá, seguindo com os mistérios
cabalísticos, em Vaikrá (Levítico = Lev = Leis do Coração) encontramos a
seguinte passagem que respalda às observâncias de Yom Kippur: “Mas o décimo dia
do sétimo mês é o dia das expiações. Tereis santa assembleia. Jejuareis e
apresentareis ofertas queimadas a Iahweh. Neste dia não fareis trabalho algum
pois é o dia
das Expiações, quando
se fará por vós o rito da expiação diante de Iahweh vosso Deus” (Levítico
23,27).
Vamos lá. Novamente o décimo dia, o número 10 que
sempre representa uma totalidade, o absoluto (10 = 1) Echad, o único, como descrito
no Livro da Criação (Sêfer Ietsirá): “Dez Sefirot do nada. Sua medida é dez;
que não têm fim; A profundidade do princípio, a profundidade do fim, a
profundidade do bem, a profundidade do mal, a profundidade do acima, a
profundidade do abaixo, a profundidade do leste, a profundidade do oeste, a
profundidade do norte, a profundidade do sul, O Mestre único, Deus, Rei Fiel
(significado da palavra Amém) domina sobre todas elas desde sua Santa morada
até a eternidade das eternidades.” Sêfer Ietsirá 1:5.
Sétimo mês, novamente a gematria presente, número
7, perfeição, consonância com os princípios cósmicos, o dia do Shabbat, pausa
para que o homem reflita sobre o 6, as etapas da criação.
Tereis uma santa assembleia, na Cabala, um
encontro interno, onde a assembleia é a reunião/conciliação entre as
pluralidades de eus à serviço do ego, onde o homem observa-se atentamente,
procura compreender a natureza de suas impressões, identificando suas possíveis
origens desde a sua mais tenra infância, ou até mesmo possíveis vislumbres de
vidas passadas. “Reconcilia-te, pois com ele e tem paz, e assim te sobrevirá o
bem.” Jó 22.21.
O jejum e as ofertas, nada mais são do que
símbolo do esforço para o conserto (Tkun), o árduo trabalho sobre si, fora
isso, é mera observância mecânica religiosa. O rito de expiação, é justamente o
expurgo de todas as identificações e impressões que impedem o homem de evoluir
e conhecer-se a si mesmo.
Logo, quando chamam o Yom Kippur de dia do
perdão, nada mais é do que primeiramente perdoar-se a si mesmo e
consequentemente, se houver faltas contra o seu próximo, ter com ele
admitindo-as.
Esse período, que por tradição se vivencia entre
hoje, dia 8 de novembro e amanhã dia 9, é um período propício para perdoar-se a
si mesmo, com os votos de um novo re-começo da jornada rumo à Luz Ilimitada
(Ain Sof), assim como despertar a essência de Chéssed (Misericórdia) para a
humanidade.
Abraços e Paz Profunda!
Gratidão 🙏
ResponderExcluirA que se ter muita gratidão quando vemos a humildade de grandes seres aqui na terra com a missão de abrir a nossa visao com ensinamentos. A evolução depende de cada um promovendo suas buscas e lapidando suas asperesas mas, mudamos o "spin" quando encontramos seres que lhe aponta certos caminhos. Kadu que bom, não por acaso, encontrei vc semeando em terrenos não importando se irá ou não germinar essas sementes, onde só o aquele que busca o semeador sabe da importância e preciosidade de fazer brotar, crescer É multiplicar a lavoura. Obrigado pela difusão de importante conhecimento na evolução humana.
ResponderExcluirQue a paz esteja contigo.