Por Kadu Santoro
Cabala significa recebimento (da tradição esotérica universal
por via oral), apesar de ser uma tradição primordial, seus ensinamentos são
atemporais, podem ser aplicados e contextualizados em qualquer época independente
das circunstâncias. Nos meus 35 anos de muita pesquisa, meditação e reflexão
sobre essa Tradição, consegui reunir materiais e esquadrinhar um alicerce por
onde passamos ao longo de nossa jornada aqui no mundo da ação (Assiah), rumo à
Luz Infinita (Ayin Sof) a partir de um processo de decodificação em grande
parte das metáforas, códigos e alegorias contidas na Torá, a espinha dorsal de
Bereshit (Criação).
Seja aplicado à jornada de nossas vidas ou aos eventos e
episódios da história universal, os ensinamentos da Cabala tem o poder de nos
revelar os mistérios da natureza através de insights e novas perspectivas que
vão muito além da percepção comum a qual estamos acostumados, seja no âmbito
familiar, profissional, financeiro ou em qualquer outra ocasião.
Para que esse alicerce pudesse ser formado, foi preciso
decodificar o sistema operacional cósmico, a Árvore da Vida (Etz Chaim),
metaforicamente chamada de Escada de Jacó na Torá, a mais poderosa ferramenta
de trabalho do cabalista, apta para nos guiar na jornada através dos quatro
mundos, correspondente aos níveis físico, psicológico, espiritual e divino.
O método que eu adotei para o estudo da Cabala foi
desenvolvido ao longo desses anos de forma criteriosa, concentrando todos os
esforços na construção do Ser, totalmente isento das formalidades rituais,
talismânicas, oraculares e religiosas utilizadas no passado, onde ao invés de
conduzir o homem para dentro de si (via esotérica), acabava por deixar cada vez
mais para fora (via exotérica), vivendo uma vida e uma espiritualidade
medíocre, num verdadeiro estado de sono e letargia.
O método consiste no alinhamento do ser através dos seus três
centros formativos: instintivo (agir), emocional (sentir) e intelectual
(pensar) e a partir desse desenvolvimento, alinhar-se com às quatro dimensões:
física, psíquica, espiritual e divina, com o objetivo de estabelecer o sétuplo
perfeito (os três centros e as quatro dimensões), a sagrada Menorah completa,
com todas as luzes do Chabat acessas, e a ferramenta indispensável para esse
trabalho árduo sobre si, chama-se autoconhecimento, fora dele não há
possibilidade alguma de autodesenvolvimento. O trabalho é realizado sem
iniciações, graus e hierarquias, é muito simples, consiste num processo de
livre auto iniciação.
O caminho da Cabala é paradoxal, ao mesmo tempo que parece
muito simples, é também muito árduo, consiste em um processo contínuo de
desnudamento e desconstrução de toda forma de crença e identificação, é um
convite para o deserto árido, para lutar com seus próprios “demônios”, que não
é nada mais do que o ego e suas legiões de eus ou personas.
Para você se tornar um cabalista, basta começar a praticar a
observação de si, suspender o julgamento, entrar pela porta estreita e trilhar
pelo caminho apertado, a vereda interior, menos percorrida pela grande maioria,
aí posso dizer que você já andou cinquenta por cento, e os outros cinquenta por
cento cabe a você estudar sem cessar e sem criar nenhuma expectativa, apenas
observar o fluir do rio.
Paz Profunda!
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