terça-feira, 10 de setembro de 2019

A Cabala e o árduo caminho para dentro de si

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Por Kadu Santoro

Cabala significa recebimento (da tradição esotérica universal por via oral), apesar de ser uma tradição primordial, seus ensinamentos são atemporais, podem ser aplicados e contextualizados em qualquer época independente das circunstâncias. Nos meus 35 anos de muita pesquisa, meditação e reflexão sobre essa Tradição, consegui reunir materiais e esquadrinhar um alicerce por onde passamos ao longo de nossa jornada aqui no mundo da ação (Assiah), rumo à Luz Infinita (Ayin Sof) a partir de um processo de decodificação em grande parte das metáforas, códigos e alegorias contidas na Torá, a espinha dorsal de Bereshit (Criação).

Seja aplicado à jornada de nossas vidas ou aos eventos e episódios da história universal, os ensinamentos da Cabala tem o poder de nos revelar os mistérios da natureza através de insights e novas perspectivas que vão muito além da percepção comum a qual estamos acostumados, seja no âmbito familiar, profissional, financeiro ou em qualquer outra ocasião.

Para que esse alicerce pudesse ser formado, foi preciso decodificar o sistema operacional cósmico, a Árvore da Vida (Etz Chaim), metaforicamente chamada de Escada de Jacó na Torá, a mais poderosa ferramenta de trabalho do cabalista, apta para nos guiar na jornada através dos quatro mundos, correspondente aos níveis físico, psicológico, espiritual e divino.

O método que eu adotei para o estudo da Cabala foi desenvolvido ao longo desses anos de forma criteriosa, concentrando todos os esforços na construção do Ser, totalmente isento das formalidades rituais, talismânicas, oraculares e religiosas utilizadas no passado, onde ao invés de conduzir o homem para dentro de si (via esotérica), acabava por deixar cada vez mais para fora (via exotérica), vivendo uma vida e uma espiritualidade medíocre, num verdadeiro estado de sono e letargia.

O método consiste no alinhamento do ser através dos seus três centros formativos: instintivo (agir), emocional (sentir) e intelectual (pensar) e a partir desse desenvolvimento, alinhar-se com às quatro dimensões: física, psíquica, espiritual e divina, com o objetivo de estabelecer o sétuplo perfeito (os três centros e as quatro dimensões), a sagrada Menorah completa, com todas as luzes do Chabat acessas, e a ferramenta indispensável para esse trabalho árduo sobre si, chama-se autoconhecimento, fora dele não há possibilidade alguma de autodesenvolvimento. O trabalho é realizado sem iniciações, graus e hierarquias, é muito simples, consiste num processo de livre auto iniciação.

O caminho da Cabala é paradoxal, ao mesmo tempo que parece muito simples, é também muito árduo, consiste em um processo contínuo de desnudamento e desconstrução de toda forma de crença e identificação, é um convite para o deserto árido, para lutar com seus próprios “demônios”, que não é nada mais do que o ego e suas legiões de eus ou personas.

Para você se tornar um cabalista, basta começar a praticar a observação de si, suspender o julgamento, entrar pela porta estreita e trilhar pelo caminho apertado, a vereda interior, menos percorrida pela grande maioria, aí posso dizer que você já andou cinquenta por cento, e os outros cinquenta por cento cabe a você estudar sem cessar e sem criar nenhuma expectativa, apenas observar o fluir do rio.

Paz Profunda!

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