segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

As 10 pragas do Egito e as suas relações com a Árvore da Vida


De acordo com a tradição rabínica, as dez pragas que se encontram registradas no livro de Shemot-Êxodo 12.12, não devem ser entendidas meramente como um conjunto de eventos históricos sobrenaturais contra a civilização egípcia de 3.300 anos atrás, e sim, como aspectos psicológicos colaterais dos atributos da Árvore da Vida.

As dez pragas foram divididas em quatro estágios. Três delas foram realizadas por Aarão, três por intermédio de Moisés, uma delas em conjunto pelos dois, e as três últimas diretamente pela intervenção divina. Essa divisão pode ser entendida através do ponto de vista cabalístico como a ascensão pelos quatro mundos, as colunas da esquerda e da direita, a coluna central e a tríade superior localizada no topo da árvore das dez pragas.

Também podemos perceber que as pragas relacionadas a Aarão, estão associadas aos elementos terra e água, enquanto as pragas associadas a Moisés, relacionadas com os elementos ar e fogo, ambos constituem o quaternário existencial. O número quatro está relacionado com a estabilidade necessária para que o homem desenvolva-se a partir de si mesmo.

A Cabala ensina que toda alma humana é constituída por dez blocos construtores, dez características/virtudes que formam sua personalidade interna. As três primeiras constituem a identidade inconsciente da alma e suas faculdades cognitivas (Kéter-Coroa, Chochmá-Sabedoria, Biná-Compreensão). As sete finais (Chéssed-Misericórdia, Guevurá-Justiça, Tiféret-Beleza, Nêtsach-Vitória, Hod-Glória, Iessód-Fundamento e Malchut-Reino) estão relacionadas com o centro emocional da alma.

As dez características/virtudes são conhecidas como as dez sefirot, dez emanações ou dez pontos de energia, como diz no Sêfer Ietsirá: “Dez sefirot do nada, dez e não nove, dez e não onze. Entende com sabedoria. Sê sábio com entendimento. Examina com elas e sonda delas. Faz com que [cada] coisa se erga sobre sua essência. E faz o Criador sentar em Sua base.” Sêfer Ietsirá 1.4

Lembramos ainda que 10 é 1 ( 1 + 0 = 1), ou seja, significa estar pleno, integrado, curado, e em unidade, o contrário, é a desagregação, a separação, isso é o significado de falta de saúde, estado de doença. Nesse contexto, o Egito representa um estado de distúrbio psicológico, onde um ou mais atributos da alma tornam-se fragmentados, desarmonizando a capacidade humana de ser verdadeiramente quem É. Essa é a representação do nome hebraico para o Egito, Mitzrayim, que pode ser traduzido como “inibição” ou “restrição.” Quando não encaramos os nossos próprios demônios interiores, nossas virtudes pervertidas podem voltar-se colateralmente para nós mesmos, metaforicamente como pragas desagregadoras da nossa psique.

As dez pragas demonstram as qualidades negativas contrárias às virtudes das sefirot.

Keter - superconsciente - morte dos primogênitos
Chochmá - concepção - trevas
Biná - inteligência - gafanhotos
Chessed - amor - granizo
Gevurah - rejeição - úlceras
Tiferet - compaixão - calamidade dos gados
Netzach - ambição - moscas
Hod - submissão - piolhos
Yesod - conexão - rãs
Malchut - confiança – sangue

A verdadeira prática cabalística não consiste em rituais, magias e nem observâncias religiosas, e sim, na observação atenta de si mesmo, buscando estabelecer a harmonia em sua Árvore da Vida. Esse é o único caminho a ser percorrido, para dentro de si mesmo.

Paz Profunda.

KADU SANTORO – Teólogo graduado pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro (FABAT-RJ), Escritor, Pesquisador das Ciências da Religião com ênfase em Mística Judaica, Gnosticismo e Religiões Comparadas, Esoterista, Preletor em diversos cursos de Cabala, Teologia Espiritualidade e Meditação, Terapeuta Holístico e Consultor em Espiritualidade.

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