sexta-feira, 8 de março de 2019

A perspectiva do mal segundo o Zohar

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Por Kadu Santoro

“Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.” Isaías 45.7

Segundo o texto do profeta Isaías, bem e mal são forças complementares, a dualidade oriunda da unidade para que tudo viesse a existir. O conceito de pecado, hamartia em hebraico ou pecatum em latim, possuem o mesmo sentido, errar o alvo, que como consequência significa a separação das duas forças, criando assim uma polarização, desequilíbrio entre as forças atuantes no universo, nada haver com questões de ordem moral nesse primeiro momento, e sim, com as leis físicas.

O Zohar interpreta essa passagem através de uma parábola, onde um rei decide testar a integridade de seu filho (lembre-se também da narrativa de Jó), para confirmar se esse era digno da herança do trono (símbolo de maturidade e estabilidade). Ele pediu a seu filho que se afastasse das mulheres dissolutas, mantendo-se longe das tentações da carne. Então, o rei contratou os serviços de uma mulher muito atraente para que tentasse o seu filho (lembre-se da história de José e a mulher de Potifar no Egito) seduzindo-o de todas as formas possíveis e imagináveis.

O Zohar, levanta a seguinte questão por meio de um pergunta retórica: “Esta mulher também não seria uma fiel serva do rei?”A explicação é a seguinte, o objetivo do mal é o de nos “tentar”, aguçar nossos sentidos, e assim permitir que possamos despertar a nossa consciência a respeito da nossa livre-agência. Logo, sem a existência do mal, não teríamos outra alternativa a não ser fazer somente o bem e, neste caso, não haveria virtude no bem que fizéssemos, pois sem a força contrária não poderíamos fazer juízo de valores.

Contudo, uma vez que o Criador nos concedeu a capacidade de discernimento através da livre-agência, o mal desempenha uma papel importante em seus planos para a estabilidade de toda a realidade criada. No final da parábola, o príncipe percebe que a mulher que veio seduzi-lo, foi contratada pelo próprio pai, o rei, e logo ela deixa de ser uma ameaça. O mesmo vale para mal quando tomamos consciência.

A síntese dessa história, nos mostra que bem e mal são faces da mesma moeda, não como questão de relatividade e sim como complementariedade a partir da unidade. Lembramos das sábias palavras do Apóstolo Cabalista Paulo de Tarso: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Romanos 8.28

Paz profunda a todos.

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