É um hábito muito comum entre nós, falarmos a cerca da certeza,
temos certeza disso, daquilo, etc. Mas se pararmos para pensar, em que consiste
a certeza de ou em alguma coisa? A palavra certeza vem do latim certanus, de certus, que significa algo seguro, garantido, determinado, uma
variante de cernere, que tem como
sentido distinguir, decidir, peneirar, e ainda na filosofia de René Descartes,
certeza consiste no critério para a verdade.
A partir desse último, a certeza como critério para a
verdade, surge outra problemática filosófica: em que consiste a verdade?
Segundo os cabalistas, a verdade não corresponde a um alvo ou meta a ser
atingido, e sim em todo o processo fenomenológico e metafísico dentro da
Criação. Em outras palavras, a verdade É, e ponto final, como respondeu o
Eterno a Moisés, EU SOU QUEM SOU.
A partir desse raciocínio, se a verdade corresponde a todo o
processo, como podemos dizer que temos certeza de algo a partir da nossa
limitada lógica temporal racional humana? Deus é o Criador (atemporal), e nós,
as criaturas (temporais) que estão contidas na totalidade. Com isso, quando falamos
que temos certeza de/em algo, não é certeza, e sim, alguma possibilidade ou
ideia, pois como diz a Cabala, não enxergamos a figura completa. E outra coisa,
a partir de quem, podemos ter certeza de alguma coisa se somos condicionados
pelo ego e por uma pluralidade de “eus”?
Quando nos abrimos ao Criador, apendendo a receber a luz
divina através das intuições e insights que falam ao nosso coração, então poderemos
experimentar a certeza absoluta através da experiência direta, sem qualquer
tipo de interferência racional ou cognitiva, pois a verdade não é uma questão a
ser resolvida, e sim, um mistério a ser vivido.
A certeza absoluta não tem nada haver com a fé, pois a fé é
racional e baseada na esperança e na crença, enquanto a certeza acontece por si
própria fora da dimensão da espera e da crença, consiste em experiência pura e
direta, como disse Jung: “eu não preciso
acreditar em Deus, Ele existe.” A fé pode ser cega, mas a certeza absoluta
jamais.
O maior segredo que a Cabala nos ensina, é que a totalidade
encontra-se dentro de todos nós, logo, quando aprendermos a acessar essa
dimensão vivenciando essa experiência de abertura e transcendência dentro de
nós, vamos desfrutar da certeza absoluta.
Na Cabala, em especial dentro da tabela dos 72 Sopros de
Deus, encontramos no 46º Sopro, a expressão ARI que tem como atributo a certeza
absoluta, e observe qual o resultado de sua guematria: Ayin=70 + Resh=200 +
Yud=10 = 280 = 2 + 8 = 10 = Malchut, uma totalidade, e ainda, ARI como 46º Sopro, é 4 + 6 = 10 novamente. 10 é
1, o princípio e o fim. Criador e criatura em total comunhão de imanência e
transcendência. De agora em diante, ao olhar para o trigrama da certeza
absoluta - ARI, você saberá exatamente o que ela representa. Sair do nível da
crença e da fé para o nível da experiência direta com a fonte primordial.
Paz Profunda.
KADU SANTORO – Teólogo graduado pela Faculdade Batista do Rio de
Janeiro (FABAT-RJ), Escritor, Pesquisador das Ciências da Religião com ênfase
em Mística Judaica, Gnosticismo e Religiões Comparadas, Esoterista, Preletor em
diversos cursos de Cabala, Teologia Espiritualidade e Meditação, Terapeuta
Holístico e Consultor em Espiritualidade.
Contatos para compras de livros, cursos, palestras,
congressos, seminários e workshops: Zap (21) 97252-7014, e-mail: conexaoqabbalah@gmail.com, site: www.conexaoqabbalah.weebly.com.
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