A pedidos de muitos estudantes de Cabala, teologia, misticismo e esoterismo, venho apresentar um breve e lúcido esboço sobre o que chamamos de anjos e demônios de acordo com a tradição cabalística de forma resumida e pontual.
As fantasias são muito mais
gratificantes que a realidade. Mas é com a realidade que devemos trabalhar, ou
seja, com os pés no chão, na Cabala de terra, na matéria, como disse o
cabalista Rav. Z’ev ben Shimon Halevi: “Devemos
lidar com a vida como ela realmente é, e manter a sua própria.”
Infelizmente o estudo sobre anjos
e demônios sempre esteve em pleno domínio das especulações folclóricas e
mitológicas, ficando assim cristalizadas no imaginário popular.
Anjos e demônios, segundo a
psicologia cabalística, nada mais são do que representações arquetípicas,
consistindo na experiência mais profunda da criatura humana (luz e sombra). O
ambiente cultural é que reveste essas figuras com roupagens ou aspectos
antropomórficos diferenciados, que no fim pertencem à mesma realidade
psicológica.
Para a Cabala Dogmática, anjos
não são seres, e sim, frequências vibratórias emanadas de Ayin Sof que ocupam
seus devidos espaços e funções dentro do esquema sefirótico da Árvore da Vida.
São as energias constitutivas nos mais variados níveis de energia que perpassam
os quatro mundos (níveis de consciência) no esquema da Árvore da Vida: Mundo de
Atsilút (Emanação), Mundo de Briá (Criação), Mundo de Ietsirá (Formação) e
Mundo de Assiá (Ação).
Podemos encontrar esses seres
fabulosos tanto na tradição rabínica quanto no Zohar, no Livro de Ratziel e na
literatura dos Hekaloth (Palácios). A angelologia descrita no Zohar deriva da
mais antiga mística judaica, a da Tradição Merkavah, que foi fortemente
influenciada pelas culturas babilônia e persa de caráter dualista, enquanto as
imagens de demônios encontram-se em geral associadas a questões de ordem moral,
comum dentro da tradição rabínica.
Dessas crenças fabulosas derivam
um arsenal de prescrições rituais mágicas, utilização de amuletos, talismãs e
combinações de letras do alfabeto hebraico, quer para invocação das energias
angélicas, como para conjurar as influências “demoníacas” que constituem todo o
processo ritual da cabala popular, que sendo analisada de forma psicológica só
satisfazem e reforçam o egocentrismo e o escapismo de si mesmo, como dizia
Jung: “As pessoas farão de tudo, chegando
aos limites do absurdo para evitar enfrentar a sua própria alma. Ninguém se
torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a
escuridão.” Ou ainda S. Freud, que disse que as pessoas não querem
amadurecer porque requer responsabilidade, então se escondem atrás do mundo de
fantasias pueris.
Essas realidades psicológicas
habitam dentro de todos nós, porque nos encontramos dentro da realidade do
tempo e espaço, ou seja, na realidade dual, luz e sombra devem ser
reconciliadas, isso é o que ensina a Cabala.
Paz Profunda.
KADU SANTORO – Teólogo graduado pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro (FABAT-RJ), Escritor, Pesquisador das Ciências da Religião com ênfase em Mística Judaica, Gnosticismo e Religiões Comparadas, Esoterista, Preletor em diversos cursos de Cabala, Teologia Espiritualidade e Meditação, Terapeuta Holístico e Consultor em Espiritualidade.
Contatos para compras de livros, cursos, palestras, congressos, seminários e workshops: Zap (21) 97252-7014, e-mail: conexaoqabbalah@gmail.com, site: www.conexaoqabbalah.weebly.com.
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