segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Desvelando o Apocalipse



A palavra Apocalipse sempre soou de forma estranha e obscura aos ouvidos de milhares de pessoas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, por séculos afora. Muitas interpretações foram feitas sobre este livro. Algumas levaram pessoas à loucura e até à morte; outras fizeram com que muitos passassem a viver de forma reclusa e aterrorizada, esperando o fim anunciado de todas as coisas. Além das diversas interpretações, também foi muito questionada a relação entre escatologia[1] e profecia, relacionadas com o Antigo Testamento. Este acabou se tornando uma espécie de oráculo.

O livro do Apocalipse sempre esteve envolvido em polêmicas, em função de sua linguagem altamente simbólica e metafísica. Além disso, sua mensagem não parecia estar presa ao tempo nem ao espaço. Em função desta problemática, os Pais da Igreja[2], desde o segundo século, já discutiam muito sobre a questão da canonicidade deste livro. Ele encontrava-se em uma lista chamada de antilegomena, que quer dizer “aqueles contra os quais se falou”, ou seja, foi um livro muito questionado antes de ser considerado canônico, inspirado por Deus.

Na Idade Média, considerada por muitos historiadores como a Era das Trevas, o povo não tinha acesso às Escrituras Bíblicas, pois somente os sacerdotes eram os que se julgavam aptos e em condições para interpretá-las. Quando alguém falava a respeito do livro do Apocalipse e suas previsões, era jogado na fogueira, considerado herege.

Foi somente a partir dos séculos XVIII e XIX que os teólogos e clérigos passaram a ver o livro do Apocalipse com outros olhos. Trata-se de um período no qual a crítica histórica começou a vigorar, focando mais as análises textuais e os contextos vivenciais narrados na Bíblia. Ou seja, foi de suma importância o entendimento dos fatos e acontecimentos históricos que ocorreram antes (período intertestamentário) e durante o período da escrituração dos livros bíblicos. Somente assim se tornou possível uma nova compreensão do livro do Apocalipse, que até então era extremamente polêmico para os cristãos.

O propósito deste livro é exatamente apresentar de forma didática e histórica a tradição apocalíptica e o Livro do Apocalipse de João, usando linguagem acessível a todas as pessoas – estudantes, religiosos, leigos ou apenas simples interessados no assunto. Espero que esse livro promova maior esclarecimento sobre o tema e a esperança em um mundo melhor, ao invés daquele velho conceito obscuro dado ao livro, de que o fim dos tempos chegou, e a mão pesada de Deus vai descer sobre os homens.

Desejo a todos uma ótima e reflexiva leitura deste livro, e que o entendimento dele seja especialmente voltado para a construção de um mundo mais justo e harmônico.

Kadu Santoro

Dados do livro:
Título: Desvelando o Apocalipse
Autor: Kadu Santoro
Assunto: Teologia e Espiritualidade
ISBN: 978-85-7984-585-7
Idioma: Português
Tipo de Capa: Brochura
Edição: 1ª edição - 07/2013
Número de Páginas: 130 p.
Formato: 14x21cm






[1] Escatologia é o estudo sobre os “últimos acontecimentos”. A palavra vem do grego eschatón (= último). Refere-se ao término da história da salvação.

[2] O título “Pai”, aplicado historicamente a alguns líderes cristãos, surgiu devido à reverência que muitos nutriam pelos bispos dos primeiros séculos. A estes chamavam carinhosamente de “Pais”, devido ao amor e zelo que tinham pela Igreja. Mais tarde, porém, este termo foi sacralizado pelos escritores eclesiásticos. Por volta de 1073, Gregório VII reivindica exclusividade para o termo “PAPA”, ou seja, “Pai dos pais”. 

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