A palavra Apocalipse sempre soou de forma estranha e obscura aos ouvidos
de milhares de pessoas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, por séculos
afora. Muitas interpretações foram feitas sobre este livro. Algumas levaram
pessoas à loucura e até à morte; outras fizeram com que muitos passassem a
viver de forma reclusa e aterrorizada, esperando o fim anunciado de todas as
coisas. Além das diversas interpretações, também foi muito questionada a
relação entre escatologia[1] e
profecia, relacionadas com o Antigo Testamento. Este acabou se tornando uma
espécie de oráculo.
O livro do Apocalipse sempre esteve envolvido em polêmicas, em função de
sua linguagem altamente simbólica e metafísica. Além disso, sua mensagem não
parecia estar presa ao tempo nem ao espaço. Em função desta problemática, os
Pais da Igreja[2], desde o
segundo século, já discutiam muito sobre a questão da canonicidade deste livro.
Ele encontrava-se em uma lista chamada de antilegomena,
que quer dizer “aqueles contra os quais se falou”, ou seja, foi um livro muito
questionado antes de ser considerado canônico, inspirado por Deus.
Na Idade Média, considerada por muitos historiadores como a Era das
Trevas, o povo não tinha acesso às Escrituras Bíblicas, pois somente os
sacerdotes eram os que se julgavam aptos e em condições para interpretá-las.
Quando alguém falava a respeito do livro do Apocalipse e suas previsões, era jogado
na fogueira, considerado herege.
Foi somente a partir dos séculos XVIII e XIX que os teólogos e clérigos
passaram a ver o livro do Apocalipse com outros olhos. Trata-se de um período no
qual a crítica histórica começou a vigorar, focando mais as análises textuais e
os contextos vivenciais narrados na Bíblia. Ou seja, foi de suma importância o
entendimento dos fatos e acontecimentos históricos que ocorreram antes (período
intertestamentário) e durante o período da escrituração dos livros bíblicos. Somente
assim se tornou possível uma nova compreensão do livro do Apocalipse, que até
então era extremamente polêmico para os cristãos.
O propósito deste livro é exatamente apresentar de forma didática e
histórica a tradição apocalíptica e o Livro do Apocalipse de João, usando
linguagem acessível a todas as pessoas – estudantes, religiosos, leigos ou
apenas simples interessados no assunto. Espero que esse livro promova maior
esclarecimento sobre o tema e a esperança em um mundo melhor, ao invés daquele
velho conceito obscuro dado ao livro, de que o fim dos tempos chegou, e a mão
pesada de Deus vai descer sobre os homens.
Desejo a todos uma ótima e reflexiva leitura deste livro, e que o
entendimento dele seja especialmente voltado para a construção de um mundo mais
justo e harmônico.
Kadu Santoro
Dados do livro:
Título: Desvelando o Apocalipse
Autor: Kadu Santoro
Assunto: Teologia e Espiritualidade
ISBN: 978-85-7984-585-7
Idioma: Português
Tipo de Capa: Brochura
Edição: 1ª edição - 07/2013
Número de Páginas: 130 p.
Formato: 14x21cm
Dados do livro:
Título: Desvelando o Apocalipse
Autor: Kadu Santoro
Assunto: Teologia e Espiritualidade
ISBN: 978-85-7984-585-7
Idioma: Português
Tipo de Capa: Brochura
Edição: 1ª edição - 07/2013
Número de Páginas: 130 p.
Formato: 14x21cm
[1] Escatologia é o estudo sobre os “últimos
acontecimentos”. A palavra vem do grego eschatón
(= último). Refere-se ao término da história da salvação.
[2] O título “Pai”, aplicado historicamente a alguns
líderes cristãos, surgiu devido à reverência que muitos nutriam pelos bispos
dos primeiros séculos. A estes chamavam carinhosamente de “Pais”, devido ao
amor e zelo que tinham pela Igreja. Mais tarde, porém, este termo foi
sacralizado pelos escritores eclesiásticos. Por volta de 1073, Gregório VII
reivindica exclusividade para o termo “PAPA”, ou seja, “Pai dos pais”.
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