sexta-feira, 21 de maio de 2010

Brincando de Deus - Kadu Santoro


Foi anunciado essa semana ao mundo pela comunidade científica internacional, a criação de uma forma celular de vida artificial em laboratório. Depois de anos de pesquisas, através do projeto genoma, finalmente, o homem conseguiu através de um cromossomo sintético, desenvolver a primeira célula viva totalmente sintética. Craig Venter, o pioneiro das pesquisas sobre o desenvolvimento de vida artificial celular, declarou a importância da descoberta para o mundo, onde será possível desenvolver novos combustíveis, algas sintéticas que tenham a capacidade de sugar o dióxido de carbono da atmosfera e o desenvolvimento de organismos que contribuam na produção de vacinas.

Para os cientistas e o meio acadêmico, o estudo se tornou um grande marco tanto na esfera tecnológica quanto no âmbito filosófico, pois para eles, a partir de agora, uma mudança radical sobre as definições da vida e como ela funciona acabaram de se estabelecer, indo em direção ao papel de um Deus, criando novas formas de vida artificialmente.

Diante da ousada e ambiciosa descoberta, parei para refletir a respeito, e cheguei a alguns pontos de reflexão. Em primeiro lugar, todo tipo de material manipulado foi totalmente extraído da própria natureza, a partir do momento que entendemos que todo o universo é composto pelos quatro elementos primordiais e essenciais, terra, fogo, água e ar, percebemos, que tudo que vem a partir disto, são apenas combinações entre esses, e uma delas, foi manipulada agora pelo homem em laboratório.

O homem, ao longo da história, veio desencadeando um processo de destruição e desequilíbrio da natureza de forma progressiva, principalmente depois da Revolução Industrial no século XVIII. A partir daí, parei e pensei comigo, “porque o homem, ao invés de cuidar e manter de forma racional e equilibrada do meio ambiente, que é muito mais simples e em conta, prefere trabalhar arduamente em busca de soluções para os problemas causados por eles mesmos ?”. Parece um contra censo, enquanto milhões de pessoas ainda estão morrendo de fome no mundo, vítimas de guerras, violências e injustiças sociais, e o homem está preocupado com inovações genéticas, isso me lembra a sábia frase do Dalai Lama, “...Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido”. Essa frase, me mostra como o homem através de sua ansiedade e ganância, acabou se afastando da natureza, e logo, acabou por desencadear diversos problemas. Se pararmos para pensar, e analisarmos sobre as utilidades propostas dessa nova e revolucionária descoberta, vamos perceber que: primeiro, porque desenvolver algas sintéticas com capacidade de sugar o dióxido de carbono, ao invés de evitar poluir os mares e a atmosfera? Porque criar novas vacinas sintéticas, ao invés de procurar estabelecer uma relação harmoniosa e sadia com o nosso organismo, através de uma alimentação saudável e abstinência de vícios? Essas são algumas questões básicas que fico me perguntando, afinal de contas, tudo que Deus criou, foi feito de forma organizada e perfeita, porém, foi o homem, que acabou por causar esse grande desequilíbrio cósmico.

A pergunta continua sem resposta, porém, o homem continua querendo brincar de ser Deus, e na sua arrogância e egoísmo, não percebe que somos apenas uma fagulha ínfima nesse imensurável e misterioso universo.

Reflita você também,

Kadu Santoro

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