quarta-feira, 10 de março de 2010
A sacralidade do dia a dia
No nosso mundo ocidental, a relação com o sagrado, está muito ligada ao próprio espaço sagrado, ou seja, o templo, e também através de todas as formas de cultos e rituais. É claro que também, no mundo oriental, o sagrado se manifesta nos seus templos e tradições, porém, para as religiões orientais e diversas culturas indígenas, essa dinâmica com o sagrado é ampliada, de forma, que em todos os atos, gestos e manifestações diárias, o sagrado se faz presente.
A relação desses povos com a terra e a natureza, nos mostram claramente, que o sagrado se expande além das paredes dos templos, e se torna parte do dia a dia deles. Antes de tirarem até mesmo uma fruta de uma árvore, existe uma reverência em respeito a natureza, antes de entrarem num rio, ali também manifesta-se o relacionamento com o sagrado, e assim por diante. Essa dinâmica entre o homem e Deus ou os Deuses, dependendo da tradição religiosa, é cotidiana e natural. Essa experiência diária com o sagrado, revela uma grande expansão de consciência, numa esfera muito mais ampla da forma de se viver aqui nessa vida.
Nós ocidentais também podemos viver essa maravilhosa experiência do sagrado no nosso dia a dia, basta observarmos ao amanhecer, o milagre de despertarmos e em seguida, percebermos que em tudo que fazemos durante o dia, o sagrado se faz presente, seja na hora da comida, do trabalho, de levar os filhos na escola, num sorriso de uma criança, no ar de serenidade de um idoso, e principalmente quando nos damos conta de que tudo isso é real, criação perfeita, em total harmonia com o criador.
Essa experiência do sagrado no dia a dia, se torna nítida, quando percebemos que nada acontece por acaso, não existem conscidências, sim uma grande relação de tudo com o todo, mas é necessário, que para percebermos isso, estejamos totalmente desprendidos de qualquer objetividade, seja ela religiosa ou filosófica, se não, ao invés de vivermos a nossa própria experiência, vamos viver e nos enquadrar apenas dentro daqueles modelos pré estabelecidos pelas doutrinas.
Como disse o apóstolo Paulo “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (I Co 6.19) percebemos que o espírito de Deus habita em cada um de nós, e isso é imanente e contínuo, logo, todas nossas ações, pensamentos, atos e palavras, passam pela experiência diária com o sagrado. Aquilo que chamamos de intuição, na verdade, é uma sintonia fina que estamos naquele momento com Deus, falando dentro de nós e para nós.
Depois que começamos a perceber que o sagrado se manifesta a todo momento, passamos a adquirir uma nova visão das coisas, tudo fica mais nítido, não há mais dúvidas e nem conscidências, apenas, um grande sentimento de amor universal, que nos envolve e nos faz transbordar, atingindo outras pessoas, e assim por diante.
Kadu Santoro
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Oi Kadu tudo bem? gostei de seu artigo, mas gostaria de fazer algumas observações, isso se você me permitir, quero fazê-las com carinho e respeito à sua pessoa que me é muito preciosa, concordo com você sobre a reverência ao fruto da criação e a todas as coisas, é de fato uma forma de louvor de reconhecer que Deus criou tudo perfeito,mas não vejo essa reverência como meio de alcançar a Deus, vejo ela como o fim daqueles que compreendem que Deus é criador de todas as coisas e que o como descrito em romanos 8 os que são nascidos do Espírito podem olhar para a criação de Deus e a contemplar com novos olhos. Ai sim esse exercício se torna conseqüência da consciência espiritual que temos a respeito de nosso criador e Salvador ficando sempre em nós um sentimento de admiração e profunda glorificação daquele que criou todas as coisas de maneira tão fraterna amorosa e perfeita.
ResponderExcluirUm grande abraço ao amigo e o respeito ao colega, que em Cristo possamos todos ser um amém.