Por Kadu Santoro
Também conhecido como o
profeta das lágrimas devido às suas lamentações registradas na bíblia,
Jeremias, descendente da tribo de Benjamim, natural de um pequeno vilarejo na
periferia de Jerusalém chamado Anatot, desde bem jovem já se colocava ao lado dos
pobres e oprimidos contra os opressores da sociedade de sua época a
aproximadamente seiscentos e cinquenta anos antes de Cristo, período
compreendido entre os anos 627 e 586 a.C.
Embora criado em uma
família sacerdotal, Jeremias nunca foi ligado às tradições sacerdotais e muito
menos do reinado de Jerusalém, pelo contrário, tinha mais afinidades com às
tradições proféticas do reino do Norte, como os profetas menores Oséias e
Miquéias, vivenciando uma mensagem dentro de uma cosmovisão camponesa.
A espiritualidade de
Jeremias destacava-se dos religiosos de sua época, ele seguia a via do coração,
desde criança já possuía um chamado transcendente, vivia em plena comunhão com
Deus e a natureza, opunha-se severamente às cerimônias vazias e às fórmulas
ritualísticas inúteis do sacerdócio, ao contrário, era um defensor ardente da
justiça, liberdade e paz. Ele pregou incessantemente contra a tirania o
homicídio e principalmente contra a hipocrisia, que era visivelmente percebida
por todos, mas a cegueira e as transgressões praticadas pelo povo, fizeram com
que ninguém mais percebesse o mal que estavam causando.
O coração do povo,
principalmente das autoridades de Jerusalém, já há muito tinha se esfriado, o
serviço sacerdotal era realizado mecanicamente, vazio, oco, sem amor e
reverência alguma. As vozes dos homens de bem se calaram durante esse período. Jeremias
encontrava-se só na condição de homem de Deus, era incompreendido por todos,
inclusive pela sua própria família. Chegou a enfrentar sabiamente as
autoridades militares e governamentais do seu povo, alertando que não se
rebelassem contra o império Babilônico de Nabucodonosor, clamando pela paz e
profetizando às consequências que isso acarretaria para a ruína de sua terra.
Porém, Jerusalém estava cega e não dando ouvidos ao seu profeta, lançou-se
cegamente contra o poderoso exército Babilônico. O profeta da paz não cessava
de pregar e aconselhar às autoridades, porém, foi vitimado, lançado em cárcere
imundo pela primeira vez, em seguida,
depois de insistir em sua pregação foi lançado a um poço, mas por providência divina,
foi salvo por um escravo. Por fim, depois de toda Jerusalém destruída e ardendo
em chamas como o profeta previra, quiseram ainda os conquistadores oferecer honrarias,
porém o profeta renunciou às sedutoras recompensas e seguiu seus conterrâneos
através do triste e trágico desfecho da história.
Podemos dizer que a
missão de Jeremias fracassou por um lado, no objetivo de alertar e abrir os
olhos do povo e fazer com que retornassem à comunhão genuína com Deus, no
entanto, sua confiança depositada no Deus interior, aquele que falava direto ao
seu quebrantado coração desde jovem, livre das amarras da religiosidade de sua
época, fez com que ele permanecesse fiel, concedendo-lhe a capacidade de
mostrar ao povo e a todos nós hoje em dia, que esse mesmo Deus quer manter um
relacionamento íntimo conosco, sem que haja necessidade de instituições
mediadoras.
O que Jeremias queria
mostrar ao povo e as autoridades de sua época era exatamente aquilo que está
narrado no Novo Testamento, quando Jesus foi crucificado e o véu do templo se
rasgou de cima a baixo (uma alegoria semelhante ao véu de Ísis das iniciações
egípcias), simbolizando o acesso direto sem mediações entre o homem e Deus.
Jesus, o Cristo veio nos revelar a dimensão interior, a relação
imanente/transcendente, apresentou-nos a via do coração, a vereda menos
percorrida o caminho estreito. Assim como Jeremias, os seguidores de Jesus
devem ser reconhecidos não pela sua religiosidade exterior ou por hábitos,
linguagens e costumes, mas pelos esforços empreendidos em favor da justiça e da
paz, para que possam ser chamados perante o Criador de bem-aventurados.
Bem-aventurados são todos
aqueles que durante a sua jornada nesse mundo conseguem descobrir o seu Cristo
interior, proporcionando-lhes total renúncia do ego, passando a viver não mais
em benefício de si próprio, mas desejando vir a ser um instrumento pelo qual o
Amor Divino possa atingir os seus irmãos de caminhada. Esse será igual àquele
que encontrou uma pérola preciosa e tomou posse, passará a desfrutar de muita
paz e tamanha alegria, onde nenhuma coisa vinda de fora será capaz de
perturbar. Somente assim, alcançando esse estado de plenitude, o homem terá
controle sobre o mundo das aparências, e onde quer que se encontre, mesmo sem
dizer uma só palavra, simplesmente com sua presença, será capaz de contagiar beneficamente
todos os que o cercam.
“Felizes os que promovem
a paz, porque serão chamados filhos de Deus.” Mt. 5.9
Maravilhosa matéria brother!
ResponderExcluirContinue assim e Deus sempre te usará pra falar aos seus verdadeiros e corajosos servos fiéis a Ele e não a instituições!
PauloGrego
Gostaria de agradecer o convite a vir te visitar através do Espirit Book! Estava sozinha e triste e a minha visita aqui me fez sentir melhor!! Muito, muito obrigada!!!
ResponderExcluirQue bom querida Elaine, que as mensagens do blog lhe tragam todo o conforto e paz espirituais em sua vida, fazendo com que ela se torne mais feliz e com sentido. Bjos e paz profunda
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