sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Liberdade com Amor e Sabedoria - חרות

A palavra em hebraico para liberdade é cheirut e seu valor guemátrico é 614: Chet = 8 + Resh = 200 + Vav = 6 + Tav = 400 = 614 = 1 + 613, ou seja, todo o número hebraico corresponde ao seu valor mais um, por exemplo, quando dizemos que o alfabeto hebraico possui 22 letras, isso corresponde a 21 + 1 = 22. Isso acontece pelo fato de que Um – Echad é indivisível e dele tudo provém. É por essa mesma razão que a primeira letra da Torá é Bet, a primeira letra da palavra bereshit. Ainda dentro da guematria cabalística, podemos compreender que a liberdade só pode ser alcançada através da Sabedoria – Chochmá: 614 = 6 + 1 + 4 = 11 = 1 + 1 = 2 Chochmá.

Voltando à liberdade - cheirut, cujo valor guemátrico é 613 + 1, significa que a liberdade surge para aquele Um (1) que cumpre a Lei e suas Mitzvot (613 = 248 positivas + 365 = negativas) com disciplina, amor, dedicação e consciência. No judaísmo religioso isso é observado de forma literal, já na Cabala, o que importa é apenas a tomada de consciência de sua origem divina e estar de acordo com as leis cósmicas.

O homem liberto é aquele que é circuncidado em seu coração; o homem capaz de elevar sua consciência aos níveis de Neshamah; o homem potencialmente apto a revestir-se da consciência messiânica, da Glória de Deus (Hod). É por essa razão que a Torá se inicia com a letra Bet e termina em seu último livro, Deuteronômio com a letra lamed na palavra Israel. Cabalisticamente falando, aquele que se dedica à Torá do início (Bet) ao fim (lamed) terá percorrido o caminho do coração, ou seja, a letra lamed + Bet = a palavra Lev = Coração. Assim diz o salmista: “De todo o coração te busquei; não me deixes fugir aos teus mandamentos. Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti.” Salmos 119.10-11

A liberdade só pode ser alcançada com a sabedoria do coração – “Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.” Deuteronômio 8.2

A interpretação cabalística dessa passagem consiste na jornada do ser humano rumo a si mesmo, percorrendo o deserto que se encontra entre a mente e o coração; os quarenta anos segundo o Talmude significa a idade da razão, cujo todo ser humano nessa fase da vida já teria passado por várias provas e perdas, assim como, quarenta consiste no número 4, o Tetragramaton Sagrado, o nome inefável de YHWH, os quatro mundos ou níveis da consciência alcançados, ou ainda, o período de maturação alquímica capaz de produzir o quinto elemento, o ouro nobre dos alquimistas, que consiste num coração valoroso. A palavra humilhar é uma péssima tradução, segundo a Cabala, podemos entender como colocar o ego em seu devido lugar, como servo, e não como senhor de nossas vidas.

Para encerrar, a liberdade também só se conquista através do amor, como diz o apóstolo cabalista Paulo de Tarso: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros pelo amor.” Gálatas 5.13

Paz Profunda.

 

KADU SANTORO – Teólogo graduado pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro (FABAT-RJ), Escritor, Pesquisador das Ciências da Religião com ênfase em Mística Judaica, Gnosticismo e Religiões Comparadas, Esoterista, Preletor em diversos cursos de Cabala, Teologia Espiritualidade e Meditação, Terapeuta Holístico e Consultor em Espiritualidade.

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