domingo, 16 de fevereiro de 2020

A Cabala e o momento atual


Resultado de imagem para atualidade
Por Kadu Santoro

Não é de agora que a humanidade se voltou para o sectarismo e a segregação, dividindo-se em grupos ideológicos que ascenderam em todos os setores da sociedade, e nenhum dos modelos até agora deu certo.

Esse processo iniciou-se entre o homo sapiens na transição do período de caçador coletor para o período agricultor, em torno de 40.000 mil anos atrás. Durante essa transição, o homem perdeu o contato intuitivo direto com a natureza, e com o advento dos assentamentos agrícolas, passou a desenvolver uma relação racional pautada na seguinte fórmula: Eu semeio e peço aos deuses que enviem a provisão, ou seja, já não era mais uma relação natural, intuitiva como antes, e sim, uma relação de barganha e submissão à uma autoridade superior.

Segundo a Cabala, a partir do momento em que o ser humano deixou de olhar para dentro de si, seguindo o seu coração e suas intuições (mito da queda), acabou por gerar uma profunda separação, investindo toda a sua energia para o mundo material (Assiah) através do estabelecimento de relações de poder, que consequentemente foi a causa de todas as fragmentações vivenciadas até os dias de hoje.

Logo, cada ponto de vista tornara-se “verdade absoluta”, e assim aqueles que pensavam de forma parecida, se agrupavam, de forma que o não entendimento profundo sobre si mesmo já não fazia mais sentido, limitando-se agora a ver apenas um ponto diante da figura completa. E assim, a cada nova concepção filosófica, científica, social ou de qualquer ordem diversa, tornou-se cada vez mais fragmentada.

Essa fragmentação veio gradativamente destruindo a realidade pessoal de cada indivíduo, deixando de lado a sua essência esotérica, onde a partir de cada religião, filosofia, partidos políticos, correntes de pensamentos, tribos, nações, etnias, hábitos e costumes, etc, virou motivo para conflitos e divisões.

O momento atual em que nos encontramos, está profundamente marcado pela fragmentação, essa que gera a cada dia mais intolerância e ódio. É de suma importância saber que toda essa fragmentação é conscientemente planejada por um pequeníssimo grupo de sociopatas megalomaníacos. Basta fazer uma análise bem cuidadosa dos eventos históricos e logo irá juntar as peças do quebra-cabeças.

Para um cabalista, o mais importante é se posicionar de forma imparcial diante dos fatos como um simples expectador diante do grande teatro montado pelos diabólicos (diábolós do grego, aquele que separa), lembrando que tudo o que é partido, não é inteiro, pleno, assim, voltando-se cada vez mais para dentro de si, de forma a não perder a sua preciosa energia.

A Cabala nos ensina que vivemos no mundo da ação (Assiah - Malchut), e o nosso papel nesse mundo, é de reunificação a partir do processo de individuação, respeitando a realidade de cada um em sua dimensão microcósmica, é o conceito alegórico do despertamento do messias individual, o despertar da consciência espiritual, de forma que como o Zohar nos ensina, que todos nós nos encontramos interligados, a despertar o messias coletivo, a consciência crística planetária, que é a centelha propulsora para o grande salto quântico da humanidade para um padrão mais sutil e elevado de existência.

Nesse momento atual, o que um verdadeiro cabalista deve fazer, é procurar não se identificar com nenhuma forma, partido ou agrupamento de ideias, pelo contrário, dedicar toda a sua força em prol do bem e da evolução espiritual de todos. Sua ferramenta mais potente é a meditação e a observação de si, reconhecendo que tudo e qualquer coisa, não passa de gotas no imenso oceano cósmico, e que por tudo se encontrar em constante movimento, tudo é apenas passageiro e impermanente. Um cabalista não perde tempo com discussões infrutíferas e não se agremia com as multidões, antes permanece no mundo sabendo que não pertence ao mundo, e sim, a totalidade que abarca todas as realidades.

Paz Profunda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário