quinta-feira, 29 de abril de 2010

O movimento pietista alemão do século XVII


O movimento pietista surgiu na Alemanha na metade do século XVII, como uma nova reforma, mas agora, não contra os católicos, e sim contra a ortodoxia da escolástica protestante, que estava centrada fortemente na elaboração e sistematização da teologia nascente derivada de Lutero, em oposição ao movimento da contra reforma encabeçada pelos Jesuítas. A secularização da igreja e a preocupação puramente doutrinária do escolasticismo protestante, acabou acarretando uma estagnação espiritual, marcada apenas por um formalismo sistemático e vazio entre os cristãos reformados daquele período.

O primeiro grande líder do movimento pietista na Alemanha, foi o alemão Philipp Jacob Spener (1635-1705). Com base e grande influência da literatura mística de grandes expoentes da idade média, como o dominicano Johannes Tauler (1300-1361) e Meister Eckhart (1260-1327), Spener, entendeu que a ênfase na experiência, atribuia um caráter mais subjetivo a religião, para ele, era necessário um retorno à teologia viva dos apóstolos e da Reforma, com uma forte ênfase na pregação do evangelho, acompanhada do testemunho cristão de vida em santidade.

Decepcionado com a degradação moral e a decadência da religiosidade na sociedade alemã, Spener começou a formar grupos de leitura e oração, chamados de collegia pietatis (reuniões devocionais), onde os leigos cristãos se reuniam para trocar experiências e dedicarem parte do tempo orando juntos, sem qualquer formalidade e interferência da tradição da igreja, daí surgiu o nome dos pietistas, aqueles que frequentavam as collegias pietatis. Spener ficou mundialmente conhecido com a publicação da sua obra magna, chamada Pia Desideria, onde ele destacou quatro pontos fundamentais que marcaram definitivamente o início do movimento pietista: O primeiro ponto está relacionado ao caráter fundamental da experiência pessoal religiosa na vida do cristão, o segundo dá maior ênfase na doutrina bílbica, que deve ser transmitida continuamente, tanto de forma privada como pública, com muita responsabilidade pelos sacerdotes aos leigos, o terceiro ponto, frisa a preocupação com o desenvolvimento espiritual, bem como com a proclamação do evangelho e com a prática social de socorro aos necessitados, e o quarto ponto, que proclama a reforma da igreja, combatendo a sua letargia espiritual e suas práticas consideradas mundanas.

Um fato marcante do movimento pietista, foi a criação da Universidade de Halle por Spener e Auguste H. Francke (1663-1727), pois o grande lema do movimento, era o engajamento social, voltado para a criação de escolas e seminários, sempre tendo como paradigma, a experiência da “piedade do coração”. O movimento pietista influenciou fortemente muitos pregadores famosos como John Wesley e John Bunyan, além de todos os movimentos “revivalistas” dos séculos XIX e XX.

O valor da experiência pessoal e subjetiva para os pietistas em relação a religiosidade, se encaixava de certa forma, mais harmonizada com o espírito moderno, que tinha como prioridade a independência intelectual e espiritual, desejando o rompimento com qualquer tipo de tradição passada.

O piestismo chegou ao subjetivismo religioso por uma via “espiritual”, porém, pouco tempo depois, outros grandes protestantes e pensadores, como Immanuel Kant (1724-1804) e Friedrich Schleiermacher (1768-1834), que tinham uma formação pietista e estudaram em escolas moravianas, chegaram a mesma conclusão, só que por uma via “racional”. Para Paul Tillich (1886-1965), o pietismo foi o caminho para o iluminismo, o existencialismo e o pietismo sempre estiveram relacionados entre si.

O resultado da tensão entre a ortodoxia protestante a contra reforma e o subjetivismo pietista, trouxe à tona uma discussão, que veio marcar o período de transição da idade média para o período moderno, principalmente a inauguração posterior do período do Iluminismo. Para o movimento pietista, o critério último de avaliação da fé, deixou de ser a Palavra de Deus, passando a experiência individual (mística) a ter a prioridade, decorrendo daí um emocionalismo exacerbado e o surgimento de um número infindável de seitas, como de fato ocorre até nossos dias de hoje.

Kadu Santoro

terça-feira, 20 de abril de 2010

O Evangelho do Apóstolo Tomé


Apóstolo Dídimo Judas Tomé
Texto Gnóstico encontrado em Nag Hammadi, Egito.



Estas são as palavras secretas que Jesus o Vivo proferiu e que Dídimo Judas Tomé escreve:

(1) E ele disse: "Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos não provará a morte."

(2) Jesus disse: "Aquele que busca continue buscando até encontrar. Quando encontrar, ele se perturbará. Ao se perturbar, ficará maravilhado e reinará sobre o Todo."

(3) Jesus disse: "Se aqueles que vos guiam disserem, ‘Olhem, o reino está no céu,’ então, os pássaros do céu vos precederão, se vos disserem que está no mar, então, os peixes vos precederão. Pois bem, o reino está dentro de vós, e também está em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, então, sereis conhecidos e compreendereis que sois filhos do Pai vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis essa pobreza."

(4) Jesus disse: "O homem idoso não hesitará em perguntar a uma criancinha de sete dias sobre o lugar da vida, e ele viverá. Pois muitos dos primeiros serão os últimos e se tornarão um só."

(5) Jesus disse: "Reconheça o que está diante de teus olhos, e o que está oculto a ti será desvelado. Pois não há nada oculto que não venha ser manifestado."

(6) Seus discípulos o interrogaram dizendo: "Queres que jejuemos? Como devemos orar? Devemos dar esmolas? Que dieta devemos observar?"

Jesus disse: "Não mintais e não façais aquilo que detestais, pois todas as coisas são desveladas aos olhos do céu. Pois não há nada escondido que não se torne manifesto, e nada oculto que não seja desvelado."

(7) Jesus disse: "Bem-aventurado o leão que se torna homem quando consumido pelo homem; maldito o homem que o leão consome, e o leão torna-se homem."

(8) E ele disse: "O homem é como pescador sábio que lança sua rede ao mar e a retira cheia de peixinhos. O pescador sábio encontra entre eles um peixe grande e excelente. Joga todos os peixinhos de volta ao mar e escolhe o peixe grande sem dificuldade. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."

(9) Jesus disse: "Eis que o semeador saiu, encheu sua mão e semeou. Algumas sementes caíram na estrada; os pássaros vieram e as recolheram. Algumas caíram sobre rochas, não criaram raízes no solo e não produziram espigas. Outras caíram em meio a um espinheiro, que sufocou as sementes e os vermes as comeram. E outras caíram em solo fértil e produziram bons frutos; renderam sessenta por uma e cento e vinte por uma."

(10) Jesus disse: "Eu lancei fogo sobre o mundo, e eis que estou cuidando dele até que queime."

(11) Jesus disse: "Este céu passará, e aquele acima dele passará. Os mortos não estão vivos e os vivos não morrerão. Nos dias em que consumistes o que estava morto, vós o tornastes vivo. Quando estiverdes morando na luz, o que fareis? No dia em que éreis um vos tornastes dois. Mas quando vos tornardes dois, o que fareis?"

(12) Os discípulos disseram a Jesus: "Sabemos que tu nos deixarás. Quem será nosso líder?"

Jesus disse-lhes: "Não importa onde estiverdes, devereis dirigir-vos a Tiago, o justo, para quem o céu e a terra foram feitos."

(13) Jesus disse a seus discípulos: "Comparai-me com alguém e dizei-me com quem me assemelho."

Simão Pedro disse-lhe: "Tu és semelhante a um anjo justo."

Mateus lhe disse: "Tu te assemelhas a um filósofo sábio."

Tomé lhe disse: "Mestre, minha boca é inteiramente incapaz de dizer com quem te assemelhas."

Jesus disse: "Não sou teu Mestre. Porque bebeste na fonte borbulhante que fiz brotar, tornaste-te ébrio. (128) E, pegando-o, retirou-se e disse-lhe três coisas. Quando Tomé retornou a seus companheiros, eles lhe perguntaram: "O que te disse Jesus?"

Tomé respondeu: "Se eu vos disser uma só das coisas que ele me disse, apanhareis pedras e as atirareis em mim, e um fogo brotará das pedras e vos queimará."

(14) Jesus disse-lhes: "Se jejuardes, gerareis pecado para vós; se orardes, sereis condenados; se derdes esmolas, fareis mal a vossos espíritos. Quando entrardes em qualquer país e caminhardes por qualquer lugar, se fordes recebidos, comei o que vos for oferecido e curai os enfermos entre eles. Pois o que entrar em vossa boca não vos maculará, mas o que sair de vossa boca – é isso que vos maculará."

(15) Jesus disse: "Quando virdes aquele que não foi nascido de uma mulher, prostrai-vos com a face no chão e adorai-o: é ele o vosso Pai."

(16) Jesus disse: "Talvez os homens pensem que vim lançar a paz sobre o mundo. Não sabem que é a discórdia que vim espalhar sobre a Terra: fogo, espada e disputa. Com efeito, havendo cinco numa casa, três estarão contra dois e dois contra três: o pai contra o filho e o filho contra o pai. E eles permanecerão solitários."

(17) Jesus disse: "Eu vos darei o que os olhos não viram, o que os ouvidos não ouviram, o que as mão não tocaram e o que nunca ocorreu à mente do homem."

(18) Os discípulos disseram a Jesus: "Dize-nos como será o nosso fim."

Jesus disse: "Haveis, então, discernido o princípio, para que estejais procurando o fim? Pois onde estiver o princípio ali estará o fim. Feliz daquele que tomar seu lugar no princípio: ele conhecerá o fim e não provará a morte."

(19) Jesus disse: "Feliz o que já era antes de surgir. Se vos tornardes meus discípulos e ouvirdes minhas palavras, estas pedras estarão a vosso serviço. Com efeito, há cinco árvores para vós no Paraíso que permanecem inalteradas inverno e verão, e cujas folhas não caem. Aquele que as conhecer não provará a morte."

(20) Os discípulos disseram a Jesus: "Dize-nos a que se assemelha o reino do céu."

Ele lhes disse: "Ele se assemelha a uma semente de mostarda, a menor de todas as sementes. Mas, quando cai em terra cultivada, produz uma grande planta e torna-se um refúgio para as aves do céu."



(21) Maria disse a Jesus: "A quem se assemelham teus discípulos?"

Ele disse: "Eles se parecem com crianças que se instalaram num campo que não lhes pertence. Quando os donos do campo vierem, dirão: ‘Entregai nosso campo.’ Elas se despirão diante deles para que eles possam receber o campo de volta e para entregá-lo a eles. Por isso digo: se o dono da casa souber que virá um ladrão, velará antes que ele chegue e não deixará que ele penetre na casa de seu domínio para levar seus bens. Vós, portanto, permanecei atentos contra o mundo. Armai-vos com todo poder para que os ladrões não consigam encontrar um caminho para chegar a vós, pois a dificuldade que temeis certamente ocorrerá. Que possa haver entre vós um homem prudente. Quando a safra estiver madura, ele virá rapidamente com sua foice em mãos para colhe-la. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."

(22) Jesus viu crianças sendo amamentadas. Ele disse a seus discípulos: "Esses pequeninos que mamam são como aqueles que entram no Reino." Eles lhe disseram: Nós também, como crianças, entraremos no Reino?" Jesus lhes disse: "Quando fizerdes do dois um e quando fizerdes o interior como o exterior, o exterior como o interior, o acima como o embaixo e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho nem a fêmea seja mais fêmea, e quando formardes olhos em lugar de um olho, uma mão em lugar de uma mão, um pé em lugar de um pé e uma imagem em lugar de uma imagem, então, entrareis (no Reino).

(23) Jesus disse: Escolherei dentre vós, um entre mil e dois entre dez mil, e eles permanecerão como um só."

(24) Seus discípulos disseram-lhe: "Mostra-nos o lugar onde estás, pois precisamos procurá-lo."

Ele disse-lhes: "Aquele que tem ouvidos, ouça! Há luz no interior do homem de luz e ele ilumina o mundo inteiro. Se ele não brilha, ele é escuridão."

(25) Jesus disse: "Ama teu irmão como à tua alma, protege-o como a pupila de teus olhos."

(26) Jesus disse: "Tu vês o cisco no olho de teu irmão, mas não vês a trave em teu próprio olho. Quando retirares a trave de teu olho, então verás claramente e poderás retirar o cisco do olho de teu irmão."

(27) Jesus disse: "Se não jejuardes com relação ao mundo, não encontrareis o Reino. Se não observardes o sábado como um sábado, não vereis o Pai."

(28) Jesus disse: "Assumi meu lugar no mundo e revelei-me a eles na carne. Encontrei todos embriagados. Não encontrei nenhum sedento, e minha alma ficou aflita pelos filhos dos homens, porque estão cegos em seus corações e não têm visão. Pois vazios vieram ao mundo e vazios procuram deixar o mundo. Mas no momento eles estão embriagados. Quando superarem a embriaguez, então mudarão sua maneira de pensar."

(29) Jesus disse: "Seria uma maravilha se a carne tivesse surgido por causa do espírito. Mas seria a maior das maravilhas se o espírito tivesse surgido por causa do corpo. Estou realmente surpreso pela forma como essa grande riqueza fez morada nessa pobreza."

(30) Jesus disse: "Onde há três deuses, eles são deuses. Onde há dois ou um, estou com ele."

(31) Jesus disse: "Nenhum profeta é aceito em sua cidade; nenhum médico cura aqueles que o conhecem."

(32) Jesus disse: "Uma cidade construída e fortificada sobre uma montanha elevada não pode cair nem pode ser escondida."

(33) Jesus disse: "Proclamai sobre os telhados aquilo que ouvirdes com vosso próprio ouvido. Pois ninguém acende uma lâmpada e coloca-a debaixo de um cesto, tampouco coloca-a num lugar escondido, mas num candelabro, para que todos que venham a entrar e sair vejam sua luz."

(34) Jesus disse: "Se um cego guia outro cego, ambos cairão numa vala."

(35) Jesus disse: "Não é possível que alguém entre na casa de um homem forte e tome-a à força, a menos que lhe ate as mãos; então será capaz de saquear sua casa."

(36) Jesus disse: "Não vos preocupeis de manhã até a noite e de noite até a manhã com o que vestireis."

(37) Seus discípulos disseram: "Quando tu te revelarás a nós e quando te veremos?"

Jesus disse: "Quando vos despirdes sem vos envergonhardes e tomardes vossas vestes e, colocando-as sobre vossos pés, pisardes sobre elas como criancinhas, então (vereis) o filho daquele que vive e não tereis medo."

(38) Jesus disse: "Muitas vezes haveis desejado ouvir essas palavras que vos digo, e não tendes outro de quem ouvi-las. Pois virão dias em que me procurareis e não me encontrareis."

(39) Jesus disse: "Os fariseus e os escribas tomaram as chaves da gnosis. Eles não entraram nem deixaram entrar aqueles que queriam entrar. Vós, no entanto, sede sábios como as serpentes e mansos como as pombas."

(40) Jesus disse: "Uma parreira foi plantada fora do Pai, porém, não sendo saudável, ela será arrancada pela raiz e destruída."

(41) Jesus disse: "Quem tiver algo em sua mão receberá mais, e quem não tiver nada perderá até mesmo o pouco que tem."

(42) Jesus disse: "Tornai-vos passantes."

(43) Seus discípulos disseram-lhe: "Quem és tu para dizer-nos tais coisas?"

[Jesus disse-lhes:] "Não percebeis quem sou eu pelo que vos digo, mas vos tornastes como os judeus! Com efeito, eles amam a árvore e odeiam seus frutos ou amam os frutos, mas odeiam a árvore."

(44) Jesus disse: "Quem blasfemar contra o Pai será perdoado e quem blasfemar contra o Filho será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado nem na terra nem no céu."

(45) Jesus disse: "Não se colhe uvas dos espinheiros nem figos dos cardos, pois eles não dão frutos. O homem bom retira o bem do seu tesouro; o malvado retira o mal de seu tesouro malévolo, que está em seu coração, e diz maldade. Pois da abundância do coração ele retira coisas más."

(46) Jesus disse: "Dentre os que nasceram da mulher, desde Adão até João, o Batista, não há ninguém superior a João, para que não abaixe os olhos [diante dele]. Mas eu digo, aquele dentre vós que se tornar uma criança conhecerá o Reino e se tornará superior a João."

(47) Jesus disse: "É impossível para um homem montar dois cavalos ou retesar dois arcos. E é impossível que um servo sirva a dois senhores, pois ele honra um e ofende o outro. Ninguém bebe vinho velho e logo em seguida deseja beber vinho novo. E não se coloca vinho novo em odres velhos, para que não arrebentem; nem se coloca vinho velho em odres novos, para que não o estraguem. E não se cose pano velho em veste nova, porque ela está arriscada a rasgar."

(48) Jesus disse: "Se os dois fizerem as pazes nesta casa, eles dirão a montanha: ‘Move-te!’ e ela se moverá."

(49) Jesus disse: "Bem aventurados os solitários e os eleitos, pois encontrareis o Reino. Pois, viestes dele e para ele retornareis."

(50) Jesus disse: "Se vos perguntarem: ‘De onde vindes?’ respondei: ‘Viemos da luz, do lugar onde a luz nasceu dela mesma, estabeleceu-se e tornou-se manifesta por meio de suas imagens’. Se vos perguntarem: ‘Vós sois isto?’ digam: ‘Nós somos seus filhos e somos os eleitos do Pai vivo’. Se vos perguntarem: ‘Qual é o sinal de vosso Pai em vós?’, digam a eles: ‘É movimento e repouso’."

(51) Seus discípulos disseram-lhe: "Quando ocorrerá o repouso dos mortos e quando virá o novo mundo?"

Ele disse-lhes: "Aquilo que esperais já chegou, mas não o reconheceis."

(52) Seus discípulos disseram-lhe: "Vinte e quatro profetas falaram em Israel e todos falaram de ti."

Ele disse-lhes: "Omitistes aquele que vive em vossa presença e falastes dos mortos."

(53) Seus discípulos disseram-lhe: "A circuncisão é benéfica ou não?"

Ele disse-lhes: "Se ela fosse benéfica, os pais gerariam filhos já circuncisos de sua mãe. Mas a verdadeira circuncisão, a espiritual, tornou-se inteiramente proveitosa."

(54) Jesus disse: "Bem-aventurados os pobres, pois vosso é o Reino do céu."

(55) Jesus disse: "Aquele que não odiar (2) seu pai e sua mãe não poderá se tornar meu discípulo. E quem não odiar seus irmãos e irmãs e tomar sua cruz, como eu, não será digno de mim."

(56) Jesus disse: "Aquele que conseguiu compreender o mundo encontrou (somente) um cadáver, e quem encontrou um cadáver é superior ao mundo."

(57) Jesus disse: "O Reino do Pai é semelhante ao homem que tem [boa] semente. Seu inimigo veio durante a noite e semeou joio por cima da boa semente. O homem não deixou que arrancassem o joio, dizendo: ‘temo que acabeis arrancando o joio e também o trigo junto com ele. No dia da colheita as ervas daninhas estarão bem visíveis e serão, então, arrancadas e queimadas."

(58) Jesus disse: "Bem-aventurado o homem que sofreu e encontrou a vida."

(59) Jesus disse: "Prestai atenção àquele que vive enquanto estais vivos, para que, ao morrerdes, não fiqueis procurando vê-lo sem conseguir."

(60) Eles viram um samaritano carregando um cordeiro a caminho da Judéia. Ele disse a seus discípulos: "Por que o homem está carregando o cordeiro?"

Eles disseram-lhe: "Para matá-lo e comê-lo."

Ele disse-lhes: "Enquanto o cordeiro estiver vivo, ele não o comerá, mas somente depois que o tiver matado e que o cordeiro se tornar um cadáver."

Eles disseram-lhe: "Ele não poderia fazer de outro modo."

Ele disse-lhes: "Vós, também, buscai um lugar para vós no repouso, a fim de que não vos torneis um cadáver e sejais devorados."

(61) Jesus disse: "Dois repousarão sobre um leito: um morrerá, o outro viverá."

Salomé disse: "Quem és tu homem, e de quem és filho? Tu te acomodaste em meu banco e comeste à minha mesa?"

Jesus disse-lhe: "Eu sou aquele que existe a partir do indivisível. Recebi coisas de meu pai."

[ ... ] "Eu sou seu discípulo."

[ ... ] "Por isso digo que, se for destruído, ele estará pleno de luz, mas, se ele estiver dividido, estará pleno de trevas."

(62) Jesus disse: "Eu digo meus mistérios aos [que são dignos de meus] mistérios. Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita."

(63) Jesus disse: "Havia um rico que tinha muito dinheiro. Ele disse: ‘Empregarei meu dinheiro para semear, colher, plantar e encher meu celeiro com o fruto da colheita, para que não me venha a faltar nada’. Essas eram suas intenções, mas naquela mesma noite ele morreu. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça."

(64) Jesus disse: "Um homem tinha convidados. E quando a ceia estava pronta, mandou seu servo chamar os convidados. O servo foi ao primeiro e disse-lhe: ‘Meu mestre te convida’. O outro respondeu: ‘Tenho dinheiro aplicado com alguns comerciantes. Eles virão me procurar esta noite para que eu lhes dê minhas instruções. Apresento minhas desculpas por não ir à ceia. O servo foi até outro e disse: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Acabo de comprar uma casa e precisam de mim hoje. Não terei tempo’. O servo foi a outro e disse-lhe: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Um amigo vai se casar e coube-me preparar o banquete. Não poderei ir à ceia, peço ser desculpado. O servo foi a outro ainda e disse-lhe: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Acabo de comprar uma fazenda e estou saindo para buscar o rendimento. Não poderei ir, por isso me desculpo’. O servo retornou e disse a seu senhor: ‘Os que convidaste para a ceia mandam pedir desculpas’. (134) O senhor disse ao servo: ‘Vai lá fora pelos caminhos e traze os que encontrares para que possam ceiar. Os homens de negócios e mercadores não entrarão no recinto de meu Pai’."

(65) Ele disse: "Um homem de bem tinha uma vinha. Ele a alugou a camponeses para que cuidassem dela e pagassem-lhe com uma parte da produção. Ele enviou seu servo para que os arrendatários entregassem-lhe o fruto da vinha. Eles pegaram seu servo e o espancaram, deixando-o à beira da morte. O servo voltou e contou a seu senhor o ocorrido. O senhor disse: ‘Talvez não o tenham reconhecido’. Ele enviou outro servo. Os camponeses também o espancaram. Então o proprietário enviou seu filho e disse: ‘Talvez eles tenham respeito por meu filho’. Como os camponeses sabiam que aquele era o herdeiro da vinha, pegaram-no e mataram-no. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."

(66) Jesus disse: "Mostrai-me a pedra que os construtores rejeitaram; ela é a pedra angular."

(67) Jesus disse: "Se alguém que conhece o todo ainda sente uma deficiência pessoal, ele é completamente deficiente."

(68) Jesus disse: "Bem-aventurados os que são odiados e perseguidos. Mas os que vos perseguirem não encontrarão lugar."

(69) Jesus disse: "Bem-aventurados aqueles que foram perseguidos em seu interior. São eles que realmente conheceram o pai. Bem-aventurados os famintos, porque se encherá o ventre de quem tem desejo."

(70) Jesus disse: "Aquilo que tendes vos salvará se o manifestardes. Aquilo que não tendes em vosso interior vos matará se não o tiverdes dentro de vós."

(71) Jesus disse: "Destruirei esta casa e ninguém será capaz de reconstruí-la [...]"

(72) [Um homem disse-lhe]: "Dize a meus irmãos para que partilhem os bens de meu pai comigo."

Ele lhe disse: "Ó, homem, quem me institui partilhador?"

Voltando-se para seus discípulos, disse-lhes: "Eu não sou um partilhador, sou?"

(73) Jesus disse: "A colheita é grande mas os operários são poucos. Portanto, implorai ao senhor para que envie operários para a colheita."

(74) Ele disse: "Ó senhor, há muitas pessoas ao redor do bebedouro, mas não há nada na cisterna."

(75) Jesus disse: "Muitos estão aguardando à porta, mas são os solitários que entrarão na câmara nupcial."

(76) O Reino do pai é semelhante ao comerciante que tinha uma consignação de mercadorias e nelas descobriu uma pérola. Esse comerciante era astuto. Ele vendeu as mercadorias e adquiriu a pérola maravilhosa para si. Vós também deveis buscar esse tesouro indestrutível e duradouro, que nenhuma traça pode devorar nem o verme destruir."

(77) Jesus disse: "Eu sou a luz que está sobre todos eles. Eu sou o todo. De mim surgiu o todo e de mim o todo se estendeu. Rachai um pedaço de madeira, e eu estou lá. Levantai a pedra e me encontrareis lá."

(78) Jesus disse: "Por que viestes ao deserto? Para ver um caniço agitado pelo vento? E para ver um homem vestido com roupas finas como vosso rei e vossos homens importantes? Esses usam roupas finas, mas são incapazes de discernir a verdade."

(79) Uma mulher na multidão disse-lhe: "Bem-aventurado o ventre que te portou e os seios que te nutriram."

Ele disse-lhe: "Bem-aventurados os que ouviram a palavra do Pai e que realmente a guardaram. Pois virão dias em que direis: "Bem-aventurado o ventre que não concebeu, e os seios que não amamentaram."

(80) Jesus disse: "Aquele que reconheceu o mundo encontrou o corpo, mas aquele que encontrou o corpo é superior ao mundo."

(81) Quem enriqueceu, torne-se rei, mas quem tem poder que possa renunciar a ele."

(82) Jesus disse: "Aquele que está perto de mim está perto do fogo, e aquele que está longe de mim está longe do Reino."

(83) Jesus disse: "As imagens manifestam-se ao homem, mas a luz que está nelas permanece oculta na imagem da luz do Pai. Ele tornar-se-á manifesto, mas sua imagem permanecerá velada por sua luz."

(84) Jesus disse: "Quando vedes vossa semelhança, vós vos rejubilais. Mas, quando virdes vossas imagens que surgiram antes de vós, e que não morrem nem se manifestam, quanto tereis de suportar!"

(85) Jesus disse: "Adão surgiu de um grande poder e de uma grande riqueza, mas ele não se tornou digno de vós. Pois, se tivesse sido digno, não teria experimentado a morte."

(86) Jesus disse: "[As raposas têm suas tocas] e as aves têm seus ninhos, mas o filho do homem não tem nenhum lugar para pousar sua cabeça e descansar."

(87) Jesus disse: "Miserável do corpo que depende de um corpo e da alma que depende desses dois."

(88) Jesus disse: "Os anjos e os profetas virão a vós e darão aquelas coisas que já tendes. E dai vós também a eles as coisas que tendes e dizei a vós mesmos: ‘Quando virão tomar o que é deles?’"

(89) Jesus disse: "Por que lavais o exterior da taça? Não compreendeis que aquele que fez o interior é o mesmo que fez o exterior?"

(90) Jesus disse: "Vinde a mim, pois meu jugo é fácil e meu domínio é suave, e encontrareis repouso para vós."

(91) Eles disseram-lhe: "Dize-nos quem tu és, para que possamos crer em ti."

Ele disse-lhes: "Vós decifrastes a face to céu e da terra, mas não reconhecestes aquele que está diante de vós e não soubestes perceber este momento."

(92) Jesus disse: "Buscai e encontrareis. No entanto, aquilo que me perguntastes anteriormente e que não vos respondi então, agora desejo vos dizer mas vós não me perguntais sobre aquilo."

(93) [Jesus disse]: "Não deis aos cães o que é sagrado, para que eles não o joguem no lixo. Não atireis pérolas aos porcos, para que eles ..."

(94) Jesus [disse]: "Quem busca, encontrará, e [quem bate] terá permissão para entrar."

(95) [Jesus disse]: "Se tendes dinheiro, não o empresteis a juro, mas dai-o àquele de quem não o recebereis de volta."

(96) Jesus disse: "O Reino do Pai é como [uma certa] mulher. Ela tomou um pouco de fermento, [escondeu-o] na massa, e fez com ela grandes pães. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!"

(97) Jesus disse: "O Reino do Pai é como uma certa mulher que estava carregando um cântaro cheio de farinha. Enquanto estava caminhando pela estrada, ainda distante de casa, a alça do cântaro partiu-se e a farinha foi caindo pelo caminho atrás dela. Ela não se deu conta, pois não tinha percebido o acidente. Quando chegou em casa, colocou o cântaro no chão e percebeu que ele estava vazio."

(98) Jesus disse: "O Reino do Pai é como um certo homem que queria matar um homem poderoso. Em sua própria casa ele desembainhou a espada e enfiou-a na parede para saber se sua mão poderia realizar a tarefa. Então ele matou o homem poderoso."

(99) Os discípulos disseram-lhe: "Teus irmãos e tua mãe estão aguardando lá fora."

Ele disse-lhes: "Estes que estão aqui que fazem a vontade de meu Pai são meus irmãos e minha mãe. São eles que entrarão no Reino de meu Pai."

(100) Eles mostraram uma moeda de ouro a Jesus e disseram-lhe: "Os homens de César exigem-nos tributos."

Ele disse-lhes: "Dai a César o que é de César, dai a Deus o que é de Deus, e dai a mim o que é meu."

(101) [Jesus disse]: "Quem não odeia (3) seu [pai] e sua mãe como eu não pode se tornar meu [discípulo]. E quem não ama seu [pai e] sua mãe como eu não pode se tornar meu [discípulo]. Porque minha mãe [ ... ], mas [minha] verdadeira [mãe] deu-me a vida."

(102) Jesus disse: "Ai dos fariseus, porque eles são como um cachorro dormindo na manjedoura dos bois, pois eles não comem nem permitem que os bois comam."

(103) Jesus disse: "Feliz do homem que sabe por onde os ladrões vão entrar, porque dessa forma [ele] pode se levantar, passar em revista seu domínio e armar-se antes deles invadirem."

(104) Eles disseram a Jesus: "Vem, oremos e jejuemos hoje."

Jesus disse: "Qual foi o pecado que cometi ou em que fui vencido? Porém, quando o noivo deixar a câmara nupcial, então que eles jejuem e orem."

(105) Jesus disse: "Quem conhece o pai e a mãe será chamado filho de prostituta."

(106) Jesus disse: "Quando fizerdes de dois, um, vos tornareis filhos do homem, e quando disserdes: ‘Montanha, move-te!’, ela se moverá."

(107) Jesus disse: "O Reino é como um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas, a maior de todas, extraviou-se. Ele deixou as noventa e nove e foi procurá-la, até encontrá-la. Depois de ter passado por todo esse incômodo, ele disse à ovelha: ‘Eu me interesso por ti mais do que pelas noventa e nove’."

(108) Jesus disse: "Quem beber de minha boca tornar-se-á como eu. Eu mesmo me tornarei ele, e as coisas que estão ocultas ser-lhe-ão reveladas."

(109) Jesus disse: "O Reino é como o homem que tinha um tesouro [escondido] em seu campo sem saber. Após sua morte, deixou o campo para seu [filho]. O filho não sabia [a respeito do tesouro]. Ele herdou o campo e o vendeu. O comprador ao arar o campo encontrou o tesouro. Começou então a emprestar dinheiro a juros a quem queria."

(110) Jesus disse: "Quem encontrou o mundo e tornou-se rico, que renuncie ao mundo."

(111) Jesus disse: "Os céus e a terra se dobrarão diante de vós. E aquele que vive do Vivo não conhecerá a morte. Jesus não disse: ‘Quem se encontra é superior ao mundo?’"

(112) Jesus disse: "Ai da carne que depende da alma; ai da alma que depende da carne."

(113) Seus discípulos disseram-lhe: "Quando virá o Reino?"

[Jesus disse]: "Ele não virá porque é esperado. Não é uma questão de dizer: ‘eis que ele está aqui’ ou ‘eis que está ali’. Na verdade, o Reino do Pai está espalhado pela terra e os homens não o vêem."

(114) Simão Pedro disse-lhes: "Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da vida."

Jesus disse: "Eu mesmo vou guiá-la para torná-la macho, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vós machos. Porque toda mulher que se tornar macho entrará no Reino do Céu."

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Explicando as tragédias naturais por trás dos bastidores da Nova Ordem Mundial


Como se já não fosse suficiente tanta desigualdade social nesse planeta, além de todas as mazelas que vivemos, ainda assim, temos que conviver agora com as transformações da natureza provadas pelos próprios homens, onde eles já conseguiram através de uma vasta e potente tecnologia chamada HAARP, associada aos CHEMTRAILS, controlar os fenômenos da natureza, provocando assim, tsunamis, terremotos, tempestades devastadoras e coisas piores, aonde e na hora que eles querem.

Tudo isso que está acontecendo com o nosso clima e o meio ambiente, faz parte de uma grande conspiração, fomentada pela famigerada NOVA ORDEM MUNDIAL, que é definida por uma teoria conspiratória, na qual um grupo poderoso e secreto está planejando dominar o mundo através de um governo mundial único. A Nova Ordem Mundial seria um plano com o objetivo de derrubar governos e reinos do mundo, bem como erradicar em todo o mundo todas as religiões e crenças, para unificar a humanidade sob uma “nova ordem”, que seria baseada em uma ideologia extremamente uniforme, uma moeda única e uma religião universal.

Eles querem manipular tudo e todos. Nesta teoria, ocorrências significativas são ditas que são causadas por um grupo extremamente poderoso e secreto ou vários de grupos interligados. Acontecimentos históricos e atuais são vistos como passos de um curso planejado para governar o mundo principalmente através de uma combinação de políticas financeiras, corrupção política, engenharia social, controle mental, e o medo à base da propaganda (cultura do medo). Uma das variantes da moderna teoria conspiratória da Nova Ordem Mundial seria um plano concebido por Adam Weishaupt, fundador dos Illuminati ( foi um padre Jesuíta ), que segundo os teóricos ainda existe e continua a perseguir a implementação desta nova ordem. O chamado "processo de globalização" iniciado em finais do século XX a nível mundial, seria uma das muitas facetas do estabelecimento progressivo dessa nova ordem.

A partir desses conceitos sobre a NOVA ORDEM MUNDIAL, não podemos mais ficar parados e pensando que tudo isso que está acontencendo, procede de ira divina ou apenas dos desequilíbrios ecológicos, como é possível acontecer tantos terremotos, enchentes, cataclismas em tão pouco tempo? Nunca aconteceu isso antes de forma tão intensa, para os agentes da NOVA ORDEM MUNDIAL, eles alegam que o mundo está super populoso, e que é necessário eliminar boa parte da humanidade para que eles possam ganhar espaço e poder, para estabelecer os objetivos deles, controlarem o mundo totalmente, e aí, é mais fácil provocar o extermínio em massa usando a própria natureza, e aos poucos, eles vão estabelecendo seus objetivos, de dominação das massas, através de um sistema alienatório de manipulação mental, e controle total sobre a vida dos seres humanos. Eles que fomentam o terror das pandemias, como a gripe N1H1, AIDS o EBOLA e outras doenças letais, criadas em laboratório, para que por trás disso, eles possam alcançar lucros astronômicos com os cartéis dos laboratórios farmacêuticos mundiais, fomentam o individamento de alguns países mais pobres, para proporcionar maior riqueza aos banqueiros imperialistas, criam programas fúteis e vazios televisivos, para poder alienar cada vez mais as pessoas, dificultam o acesso a cultura, para que as pessoas não possam ter senso crítico e pensar.

Depois que foram inventados os cartões de crédito e os aparelhos celulares, ninguém mais fica oculto, somos constantemente avaliados e observados, basta perceber o quanto de malas diretas e telefonemas de vendas de serviços que recebemos diariamente, além do poderoso projeto ECHELON, que tudo que dialogamos pela grande rede mundial ( Internet ) é filtrada e arquivada em bases secretíssimas de informações, inclusive esse texto que acabei de publicar. Para ser estabelecida a NOVA ORDEM MUNDIAL, eles criaram o chamado ‘PLANO DAS SEIS ETAPAS PARA A MUDANÇA DO COMPORTAMENTO”, que são as seguintes:

Etapa 1. Alguma prática tão ofensiva que nem deveria ser discutida em público é defendida por um especialista RESPEITADO em um foro RESPEITÁVEL;

Etapa 2. A princípio, o público fica chocado, depois indignado;

Etapa 3. No entanto, o SIMLES FATO que tal coisa tenha sido debatida publicamente torna-se o ASSUNTO do debate;

Etapa 4. No processo, a repetição prolongada do assunto chocante em discussão gradualmente vai anulando seu efeito;

Etapa 5. As pessoas não ficam mais chocadas com o assunto;

Etapa 6. Não mais indignadas, as pessoas começam a debater posições para moderar o extremo, ou aceitam a premissa, procurando os modos de ATINGI-LA.

Meus caros leitores, esse artigo é apenas um alerta para algo muito maior que está para acontecer, por isso, recomendo que todos passem a pesquisar e a reparar em pequenos detalhes do dia a dia, e vão perceber quantas coisas estão sendo feitas para se estabelecer o controle único mundial.



Pense nisso,

Kadu Santoro


Fontes de pesquisa para o tema acima:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Ordem_Mundial_(teoria_conspirat%C3%B3ria)
http://www.espada.eti.br/n1055.asp
http://www.dominiosfantasticos.xpg.com.br/
http://novaordemundial.blogspot.com/
http://www.anovaordemmundial.com/

quinta-feira, 8 de abril de 2010

TAULER & JUNG, o caminho para o centro


ANÁLISE DO LIVRO: “TAULER & JUNG – O Caminho para o Centro”
Lepargneur, Hubert, 1925
Tauler e Jung: o caminho para o centro / Hubert Lepargneur, DoraFerreira da Silva – São Paulo – Paulus, 1997

O livro procura traçar um paralelo entre a mística e a psicologia profunda entre Johannes Tauler (1300-1361) e Carl Gustav Jung (1875-1961). Apesar de distantes no tempo e de atuarem em campos diferentes, o grande místico cristão da alta idade média e o grande psicólogo das profundezas chegam às mesmas conclusões no que tange à realidade da alma e do seu percurso para o centro, que Tauler chama de Deus e Jung chama de Si-mesmo. Isso demonstra que a psicologia profunda tem muito que compartilhar com a religião, e vice-versa, a religião só tem a ganhar num diálogo com a psicologia profunda de Jung. O que frisa esse livro é um relacionamento entre a história da espiritualidade, no seu momento Tauleriano, e a história da psicologia, no momento Junguiano.


Formulação sobre Deus proprosta por São Boaventura:
“Deus est figura geometrica cuius centrum ubique, circumferentia vero musquam”
“Deus é uma figura geométrica cujo centro está em toda parte, e cuja circunferência não se encontra em lugar nenhum”.

Conclusão: Deus é o centro fundamental de tudo o que existe, mas não possui nenhuma limitação. Deus é um centro que está em todo o lugar, ele é o centro e o todo ao mesmo tempo.

Muitas vezes a religião, ou as religiões, se contenta com a experiência indireta de Deus, através de doutrinas, rituais e códigos éticos já estabelecidos. A experiência direta de Deus é vista com séria suspeita, porque pode ameaçar e até mesmo destruir formas estabelecidas e fechadas à novidade que representa a própria experiência de Deus aqui e agora. Por outro lado, a ciência, muitas vezes ou quase sempre, se contenta com seus dogmas e paradoxalmente se fecha à novidade que a renovaria e faria progredir. Tanto a religião como a ciência podem enrijecer no dogmatismo, esclerosando-se e autocondenando-se à extinção. Para esse tipo de ciência e de religião os místicos e as pessoas individuais tornam-se “perigosos”. Pe. Ivo Storniolo

”Amados, desde agora somos filhos de Deus, embora ainda não se tenha tornado claro o que vamos ser”. I João 3.2

“O terceiro nascimento divino consiste em que Deus, todos os dias e a toda hora, em toda alma boa, renasce com sua graça e seu amor”. Johannes Tauler ( Místico Cristão do séc. XIII )

“abandonada a si mesma, a criatura não é nada, se considerada em si-mesma”. Tomás de Aquino referindo-se à precariedade e aleatoriedade da criatura.

“Nos meus sermões falo habitualmente: primeiro, do abandono e do dever que o homem tem de se desapegar de si mesmo e de tudo; segundo, que precisamos ser novamente criados à imagem do sumo bem, que é Deus...” Mestre Eckart

“o conhecimento de Deus aumenta à medida do autoconhecimento humano: quanto mais a alma se convence de seu nada, mais penetra nos mistérios divinos”. São João da Cruz

“é preciso que eu deixe, após mim, aos poucos, o caminho que me levou...” Johannes Tauler

“Este nada, segundo o consenso unânime, é chamado Deus”. Henrique Suso

No sermão Surge et illuminare Jerusalém, Tauler descarta a necessidade das obras na fase do remate da alma para as últimas etapas, a não ser para orientar mente e coração, de modo a atingir Deus no fundo da alma. As próprias observâncias religiosas não teriam outro fim.

“Ser nada, para estar no seu lugar certo na totalidade”. Simone Weil

”Deus é chamado ser e não-ser. Porque não é nada daquilo que são entes. É elevado de maneira desconhecida acima de tudo. Deus não é nada daquilo que é conhecido”.
São Máximo, o confessor

“Toda afirmação fica aquém da causa única e perfeita de toda coisa, e toda negação fica aquém da transcendência”. Teologia Mística do Monge Pseudo-Areopagita Dionísio

“Em relação à essência superessencial, inexiste palavra que a mente possa conceber ou a linguagem pronunciar: Inexiste compreensão nem participação sensível ou racional, nem representação alguma...”. Gregório Palamas ( séc. XIV )

“Os conceitos criam ídolos de Deus; apenas o pasmo pressente algo dele”. Gregório Nisseno

“entre o criador e as criaturas, não é possível definir uma semelhança sem pressupor uma dessemelhança ainda maior”. IV Concílio Lateranense (1215) sobre o distanciamento dialético entre Deus e o ser humano

Teólogos importantes da alta idade média e período Renascentista: Pedro Abelardo (1142), Alberto Magno (1280), João Duns Scoto (1308), Mestre Eckart (1327), Nicolau de Cusa (1407), Pico de la Mirândola (1486), V. Weigel (1588), Jakob Boehme (1575) e Angelus Silesius (1634).


Lógica exotérica:
- fundada sobre o princípio da não-contradição;
- trabalha sobre sinais;
- almeja a validade do discurso;
- utiliza o princípio da causalidade;

Lógica Esotérica:
- trabalha com símbolos;
- almeja a salvação do sujeito;
- utiliza o princípio da interpretação ( o hermetismo é uma hermenêutica );
- despreza o tempo;

A interpretação mística é sempre anagógica, o que significa etimologicamente “que leva para o alto” ( só que o alto pode ser mais profundo ).

O núcleo sacral da vivência religiosa faz derivar o sentido da transcendência divina da própria autoconsciência, à medida que o símbolo religioso aparece dentro da psique como reflexo de seu fundo inalcançável.

“O intelecto é mais nobre que a vontade que considera Deus sob o manto da bondade. O intelecto almeja Deus em sua nudez, despojado de bondade e de ser”.
Mestre Eckhart contestando a tese Franciscana segundo a qual a vontade é mais nobre que o intelecto.

Está fora de cogitação deduzir a estrutura trinitária a partir do criado, ainda que as analogias de Santo Agostinho tenham poder esclarecedor sobre a Revelação. Quem somos para julgar a consciência ou inconsciência da divindade, antes que o mundo fosse? Entretanto, todo conhecimento que temos, inclusive sobre nós mesmos ou sobre Deus, passa pelo conhecimento do mundo. Estamos no tempo e no mundo, dependendo do cosmo, da história, de nossos sentidos e das outras pessoas.

“Em última instância, não existe bem que não possa suscitar algum mau, nem mau que não possa gerar o bem”. C. G. Jung

“Só posso conhecer como verdadeiro aquilo que atua em mim. A necessidade religiosa reclama a totalidade...”. C. G. Jung
“Curar significa reunir aquilo que está alienado, dar um centro àquilo que está disperso, superar o abismo entre Deus e o homem, entre o homem e seu mundo, e do homem consigo mesmo”. Paul Tillich ( Teologia Sistemática, SP, Ed. Paulinas, 1984, p. 372 )

“Desde que não quero nada por amor-próprio, tudo me foi dado sem que eu o procure”.
São João da Cruz na subida do Monte Carmelo.

O processo místico é a busca da união imediata com a Presença, objeto da fé. O sentimento vivo da Presença, que se torna como uma evidência, é característica da mística. A Presença domina o sujeito que reestrutura sua vida à sua sombra, ou à sua luz. O Realitätsprinzip da vida mística é a adesão à Presença divina como realidade suprema e amorosa.

“O sofrimento no processo místico consiste no trânsito do Imaginário, normal, neurótico ou psicótico, em direção ao Primordial da Presença não mediatizada”.
Damian Sever

Na alquimia cristã, o filho de Deus serviu de paradigma da sublimação, da libertação da alma de seu destino natural tenebroso; não serviu de mediador da transferência. À mesma intuição respondeu a visão gnóstica da alma (noüs), prisioneira da natureza (physis). No espaço da alquimia, a Pedra Filosofal é símbolo da transubstanciação da vil criatura na Trindade.

“Podemos acusar o cristianismo de retrógrado a fim de desculpar nossas próprias falhas... Assim, pois, não me refiro a uma compreensão melhor e mais profunda do cristianismo, mas a uma superficialidade e a um equívoco evidente para todos nós. A exigência da “imitatio Christi”, isto é, a exigência de seguir seu modelo, tornando-nos semelhantes a ele, deveria conduzir o homem interior ao seu pleno desenvolvimento e exaltação. Mas o fiel de mentalidade superficial e formalística transforma esse modelo num objeto de culto; a veneração desse objeto impede ( o homem interior ) de atingir as profundezas da alma, a fim de transformá-la naquela totalidade que corresponde ao modelo”.
C. G. Jung

“Do ponto de vista alquímico, o cristianismo salvou o homem, não a natureza. O sonho do alquimista é salvar o mundo em sua totalidade: a Pedra Filosofal era concebida como filius macrocosmi, que salva o mundo, enquanto Cristo era o filius microcosmi, o salvador do homem. A meta última da opus alquímica é a apokatastasis, a salvação cósmica”.
Mircea Eliade


“a consciência é incapaz de abarcar a totalidade, mas é muito provável que esta esteja insconscientemente presente no eu ( similitude )”. Isso corresponderia a um estado da mais alta perfeição ou integralidade.
C. G. Jung em seu livro “Aion”.


“Jesus diz a São Pedro: Duc in altum ( Conduze a barca ao alto-mar ). É desta barca que falaremos. Ela é o querer radical ( Gemüt ) do homem interior e suas aflições. Essa barca voga sobre o mar perigoso, desmantelada pelo mundo terível que incessantemente agita e sacode o homem, ora pelo prazer, ora pelo sofrimento... Persevera nesta prova, sem nenhuma ansiedade: depois das trevas virá a claridade do dia, o brilho do sol... Na verdade, se agüentares ( sem fugir ), o nascimento está próximo e é em ti que se produzirá. Acredita no que te digo, nenhuma angústia pertubará o homem sem que Deus prepare um novo nascimento nessa criatura...

Quando o que há de inominado, de sem nome na alma se volta plenamente para Deus, tudo o que tem um nome no homem segue esse fundo inominado da alma e nele se converte...

Trata-se desses homens que São Dionísio Areopagita chama de deiformes. É nesses homens que São Paulo devia pensar ao dizer: “Deveis ser fundados no amor a fim de conceberdes com todos os santos qual é a altura, o comprimento, a largura e a profundidade de Deus”... Isso ultrapassa todo sentimento, é um abismo... Da mesma forma que nosso Senhor ensinava o povo sentado na barca, Deus repousa nessas pessoas e por elas governa e dirige o mundo inteiro e todas as criaturas.
Johannes Tauler (Segundo Sermão para o quinto domingo após a Trindade )

“A alma é uma realidade situada entre o tempo e a eternidade” Johannes Tauler

Na Patrística Grega, fala-se na theosis, isto é, na divinização do ser humano. Assim como Deus tornou-se homem, deu a este a possibilidade de transformar-se nele. Mas entendamos corretamente o que isso significa. Não se trata de uma hybris ou inflação de desejar igualar-se a Deus pelo poder. Cabe aqui o dístico maravilhoso de Ângelus Silesius, que elucida o ponto da similitude: “Amar é mais árduo do que podes supor: Não basta amar; como Deus, deves ser Amor”.

Zoroastro, Maniqueus e gnósticos se fixaram no dualismo radical do bem e do mau, de Deus e do Diabo.

Heráclito: Idéia da unidade que não opera com os opostos, reconciliando-os, mas que ela mesma vive e se realiza no próprio conflito.
Parmênides: Anulação de todos os opostos, inclusive toda diversidade e multiplicidade, estabelecendo a unidade impertubável do Ser, redondo e sem divisões.

Platão: Conversão da ilusão em aparência, a qual apenas deixa transparecer e ressoar o verdadeiro Ser, que é a idéia. As formas eternas iluminam o fundo de nossa existência, mas desfiguradas, entenebrecidas pela dimensão sensível, sujeitas à mudança e à morte. Platão não consegue fugir ao dualismo.

Aristóteles: Dualismo metafísico. Todo o real é a mistura de matéria e forma, cuja oposição é radical. Uma não se reduz à outra, e só onde ambas interferem o real aparece. Aristóteles apresenta um universo harmônico dentro da idéia dualista.

Anaximandro: Separação dos opostos no âmbito do indeterminado, sem limites, e que neste já se encontravam, embora ocultos.

Alberto Magno e Tomás de Aquino afirmavam que nada é comum a Deus e às criaturas. Pela graça, estas podem participar do ser, nada mais, pois a diferença que media entre Ser e criatura é absoluta. João Duns Scoto, após Scotus Erigena, expôs que o conceito do ser é válido tanto para Deus como para o mundo, por encontrar-se acima das oposições. À diferença do Tomismo formula o início de uma concepção que atribui estatuto de ciência ao aqui e agora, em consonância com a tradição inglesa, evidenciada em Roger Bacon, da valorização da experiência.

“O ser dado às coisas por Deus, na criação, é o mesmo que o seu próprio ser ( de Deus ). Assim, o que Deus cria, o cria em si mesmo, abarcando seu próprio ser as coisas”.
Mestre Eckhart

Algumas reflexões sobre as idéias eckhartianas:

1º) É nescessário que o não desapareça, mas que seja preservada a riqueza e a abundância da multiplicidade;

2º) A criatura, atingindo o fundo do seu ser, digamos, seu “centro”, mergulha no ser da divindade;

3º) Na unidade divina, em sua mais íntima interioridade há uma largura sem largura;

4º) A unidade divina, é “mais larga do que a largura, é uma largura incompreendida como um abraço”. “A plenitude do tempo” acha-se no eterno presente dessa unidade, eterno reflorescer em que nada “se cansa nem envelhece”, nem passa.


Kadu Santoro

terça-feira, 6 de abril de 2010

Gloria Dei, vivens homo


O ateísmo é um fenômeno da modernidade. Foi a partir do Iluminismo que se fez a distinção entre fé e ciência, o que resultou no surgimento dos campos religioso e secular. A modernidade exclui Deus como hipótese para explicar o universo e normatizar a vida social. Enquanto a religião explica o mundo com afirmações metafísicas sustentadas pela fé, a secularização se vale do método científico que demonstra os fatos: contra fatos não há argumentos. O que a ciência não pode provar não pode ser imposto como paradigma para a vida em sociedade, é objeto de fé individual e privativa.

Copérnico e Galileu iniciaram o processo de desmanche das explicações teológicas do mundo da física. Karl Marx condenou a religião como ópio do povo e instrumento de alienação social. Friedrich Nietzsche denunciou a fé em Deus como impedimento para o desenvolvimento de uma humanidade autêntica. Sigmund Freud afirmou a busca de deus como manifestação de uma recusa à maturidade, uma opção pela infantilidade que insiste em se manter sob os cuidados de um Deus que mais se parece com um pai super-protetor.

Todos eles tinham em comum a preocupação de emancipar o ser humano da ignorância científica, a opressão social, a covardia existencial, e a infantilidade psicológica. Suas palavras negaram a Deus, mas sua intenção afirmou Deus com todas as letras. Como Queruga esclarece, o ateísmo da modernidade pode ser compreendido, não como negação do divino, mas afirmação do humano.

O tiro moderno saiu pela culatra. A "morte de Deus" matou o homem e esvaziou o universo de sentido: direção e significado. E então surgiu a modernidade líquida (Bauman), quando já se sabe que o humano não se basta, a ciência e a tecnologia não são suficientes, as ideologias carecem de suplemento de alma e a razão não abarca a totalidade da realidade: "á mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia" decretou Shakespeare.

Eis a oportunidade de resgate da religião, ou melhor do Cristianismo - o grande condenado no banco dos réus da modernidade. Agora é hora de mostrar que o sonho da modernidade se realiza no Cristianismo adulto. Somente a partir da fé e de relação com a transcendência, além dos limites da razão, o ser humano desenvolve sua plena humanidade. O Cristianismo também quer o surgimento do homem novo, ou como disse Santo Irineu de Lião, no segundo século: Gloria Dei, vivens homo - a glória de Deus é o homem na plenitude de sua vida.



publicado por Ed René Kivitz


MUITO BOM, vamos refletir!

Kadu Santoro

Qual é a Felicidade Possível


A felicidade é um dos bens mais ansiados pelo ser humano. Mas não pode ser comprada nem no mercado, nem bolsa, nem nos bancos. Apesar disso, ao redor dela se criou toda uma indústria que vem sob o nome de auto-ajuda.


Com cacos de ciência e de psicologia se procura oferecer uma fórmula infalível para alcançar “a vida que você sempre sonhou”. Confrontada, entretanto, com o curso irrefragável das coisas, ela se mostra insustentável e falaciosa. Curiosamente, a maioria dos que buscam a felicidade intui que não pode encontra-la na ciência pura ou nalgum centro tecnológico.


Vai a um pai ou mãe de santo ou a um centro espírita ou freqüenta um grupo carismático, consulta um guru ou lê o horóscopo ou estuda o I-Ching da felicidade. Tem consciência de que a produção da felicidade não está na razão analítica e calculatória mas na razão sensível e na inteligência emocional e cordial. Isso porque a felicidade deve vir de dentro, do coração e da sensibilidade. Para dizer logo, sem outras mediações, não se pode ir direto à felicidade.


Quem o faz, é quase sempre infeliz. A felicidade resulta de algo anterior: da essência do ser humano e de um sentido de justa medida em tudo. A essência do ser humano reside na capacidade de relações. Ele é um nó de relações, uma espécie de rizoma, cujas raízes apontam para todas as direções. Só se realiza quando ativa continuamente sua panrelacionalidade, com o universo, com a natureza, com a sociedade, com as pessoas, com o seu próprio coração e com Deus.


Essa relação com o diferente lhe permite a troca, o enriquecimento e a transformação. Deste jogo de relações, nasce a felicidade ou a infelicidade na proporção da qualidade destes relacionamentos. Fora da relação não há felicidade possível. Mas isso não basta. Importa viver um sentido profundo de justa medida no quadro da concreta condição humana.


Esta é feita de realizações e de frustrações, de violência e de carinho, de monotonia do cotidiano e de emergências surpreeendentes, de saúde, de doença e, por fim, de morte. Ser feliz é encontrar a justa medida em relação a estas polarizações. Dai nasce um equilíbrio criativo: sem ser pessimista demais porque vê as sombras, nem otimista demais porque percebe as luzes. Ser concretamente realista, assumindo criativamente a incompletude da vida humana, tentando, dia a dia, escrever direito por linhas tortas.


A felicidade depende desta atitude, especialmente quando nos confrontamos com os limites incontornáveis, como, por exemplo, as frustrações e a morte. De nada adianta ser revoltado ou resignado, Mas tudo muda se formos criativos: fazer dos limites fontes de energia e de crescimento. É o que chamamos de resiliência: a arte de tirar vantagens das dificuldades e dos fracassos.


Aqui tem seu lugar um sentido espiritual da vida, sem o qual a felicidade não se sustenta a médio e a longo prazo. Então aparece que a morte não é inimiga da vida, mas um salto rumo a uma outra ordem mais alta. Se nos sentimos na palma das mãos de Deus, serenamos.


Morrer é mergulhar na Fonte. Desta forma, como diz Pedro Demo, um pensador que no Brasil melhor estudou a “Dialética da Felicidade”(em três volumes, pela Vozes): ”Se não dá para trazer o céu para terra, pelo menos podemos aproximar o céu da terra”. Eis a singela e possível felicidade que podemos penosamente conquistar como filhos e filhas de Adão e Eva decaídos.


Leonardo Boff

domingo, 4 de abril de 2010

Você, o maior milagre.


Infelizmente, no mundo agitado e pragmático em que vivemos, não temos tempo e as vezes nem queremos parar um minuto para fazermos uma reflexão sobre nossa vida, passamos a maior parte do nosso tempo, voltados a resolver os problemas do dia a dia e cumprir nossas rotinas diárias, até mesmo quando paramos ou tiramos algum tempo para praticar nossa espiritualidade, mesmo assim, voltamos nossas preces e orações para clamar e pedir apenas, seja lá qual for nossas necessidades, e em nenhum momento, paramos diante deste espaço de oração e reflexão e percebemos o grande milagre que é a nossa própria vida.

Precisamos ao invés de pedir à Deus em nossos momentos de reflexões e orações, agradecer muito mais, pelo que somos e não pelo que temos, pois não existe milagre e mistério maior neste mundo, que a própria vida. Se pararmos e refletirmos, sobre a perfeição que é o nosso organismo, com todas suas maravilhosas complexidades físicas e químicas, vamos ficar impressionados, pois tudo funciona perfeitamente e em plena harmonia. O nosso deitar e levantar, a capacidade de sicatrização de uma ferida, o alcançe e o poder dos nossos cinco sentidos, a força dos nossos membros, o processo de crescimento com todas suas mutações orgânicas, nossa capacidade intelectual, embora muitas vezes, usamos ela muito abaixo da média, tudo isso faz parte do grande milagre da vida.

Só o fato biológico de disputarmos com milhões de espermatozóides, em busca da vida, já somos mais do que vencedores nesta jornada, a nossa gestação, também é um grande milagre de interação e partilha, onde mãe e filho, são nutridos por um único sistema. Perceber tudo isso, já nos faz mais evoluidos tanto intelectualmente quanto espiritualmente.

O homem, em sua forma plena, representa um microcosmo, ou seja, um modelo reduzido do universo perfeito e harmônico, segundo a tradição bíblica, nós fomos formados a imagem e semelhança de Deus ( Imago Dei ), logo, Deus se revelou na unidade ( raça humana ) e na diversidade ( todas as etnias e culturas ), todos nós somos parte de uma unidade perfeita, assim como o cosmos, que possui ordem e equilíbrio. Outro grande milagre manifesto em nossas vidas, é a capacidade dada ao homem de se comunicar e interagir uns com os outros através da linguagem, esse grande instrumento de poder, que tem a capacidade de edificar, como de destruir. Quando refletimos sobre a importância de cada ser, e percebemos que todos nós estamos aqui nesta vida com uma missão e um propósito, então passamos a usar a linguagem de forma construtiva e altruísta, passamos a construir pontes ao invés de muros, começamos a identificar o milagre manifesto no nosso próximo, aí, o milagre que até então era pessoal, se tornará coletivo.

Viva e ame a vida intensamente, pois tu és um dos maiores milagres no mundo, procure brilhar cada vez mais, sem que ofusques o seu próximo, faça a experiência com o seu próximo, veja o milagre na vida dele também. Uma das mais belas expressões dessa experiência no oriente, é a saudação chamada Namastê, A palavra Namaste (pronuncia-se Namastê) é composta de duas palavras sânscritas: Nama (reverência, saudação) e Te, que significa você. Em síntese é saúdo a você, de coração, ao que deve ser retribuído com o mesmo cumprimento. Pelos meios esotéricos acabou ganhando o significado floreado de "O Deus que habita em mim saúda o Deus que há em você".


Um forte abraço,

Kadu Santoro

sábado, 3 de abril de 2010

A Escolástica Pós-Tomista


O Século XIII: O Triunfo de Aristóteles

A atividade filosófica da escolástica pré-tomista foi essencialmente lógico-dialética e, logo, formal. Esta atividade formal, intensa e penetrante, esperava um conteúdo adequado, racional, filosófico. E tal conteúdo lhe foi proporcionado pela descoberta do sistema aristotélico integral, que representa o ápice do pensamento helênico. O mundo latino-cristão, escolástico, depois de conhecido Aristóteles através da cultura árabe, apaixonou-se pela filosofia aristotélica, que estudou intensamente. Este movimento cultural e filosófico se desenvolveu especialmente no âmbito das universidades, então surgidas e organizadas eficientemente, graças aos pensadores pertencentes às ordens religiosas, os quais a tudo renunciaram, salvo à ciência e à caridade.

A atitude do mundo latino-cristão perante Aristóteles foi tríplice: uma decidida aversão à filosofia que queria constituir-se unicamente com meios racionais, e um retorno ao agostianismo (São Boaventura); um culto idolátrico para com o Estagirita, que foi identificado com a própria razão humana e preferido, no fundo, à revelação cristã, quando não concordava com a razão (averroísmo latino); uma aceitação e valorização do sistema aristotélico, mas crítica e racional, pelo qual se chegou à construção de uma filosofia distinta e autônoma, mas em harmonia hierárquica com a fé (Tomás de Aquino).

Como dissemos, foram os árabes - e secundariamente os hebreus - que levaram ao conhecimento do mundo latino-cristão a filosofia de Aristóteles. Os árabes, após terem conquistado o oriente helenista, entraram em contato com a cultura grega, especialmente na Síria. Em seguida, estendendo suas conquistas até o ocidente europeu, trouxeram-lhe a própria cultura impregnada de aristotelismo. Os árabes foram admiradores de Aristóteles e da sua filosofia, que salvaram das invasões bárbaras durante as trevas medievais do Ocidente latino. E assim, originariamente bárbaros eles mesmos, os árabes, por sua vez, foram civilizados pelo pensamento grego, aristotélico. Os maiores filósofos árabes conhecedores de Aristóteles e que influíram profundamente sobre o Ocidente latino-cristão, foram Avicena e Averroés. Avicena tentou harmonizar a filosofia aristotélica com a religião islâmica. Averroés , - o famoso comentador de Aristóteles - afirmava ao invés a subordinação da religião a filosofia quando as argumentações delas fossem contrastantes, e considerava a religião como uma filosofia simbólica para o vulgo.

Era preciso traduzir do árabe para o latim as obras de Aristóteles e os comentários árabes. Foi o que fez, nos meados do século XII, uma sociedade de homens cultos surgida em Toledo, na Espanha. Mais tarde sentiu-se a necessidade de traduzir diretamente do grego as obras de Aristóteles, e, por conselho de Tomás de Aquino, Guilherme de Maerbeke (falecido em 1286) fez essa tradução, que proporcionou aos latinos o conhecimento do genuíno pensamento do Estagirita.

Ao mesmo tempo se desenvolveram as universidades , as grandes universidades medievais, surgidas geralmente das escolas episcopais; famosas mais que todas as outras, foram as universidades de Paris e de Oxford. A universidade de Paris, a mais ilustre universidade da Idade Média, desenvolveu especialmente a filosofia e a teologia, inspirando-se na mentalidade aristotélica, ao passo que a universidade de Oxford dedicou-se especialmente às ciências naturais, inspirando-se na mentalidade agostiniana. O conjunto dos professores e dos alunos da universidade de Paris, em princípios do século XII, constituiu um corpo único, uma universitas única, e obteve das autoridades civis e religiosas reconhecimento jurídico e grandes privilégios. Especialmente os papas protegeram a universidade de Paris, devido à importância que tinha naquele estabelecimento do ensino superior universitário a teologia. Desta sorte, tal universidade se tornou como que a cidadela cultural da ortodoxia católica , o seminário dos filósofos e dos teólogos de todo mundo.

Nessas universidades recém-organizadas, bem cedo, contra a vontade dos leigos e por desejo dos papas, entraram e tiveram preponderância professores pertencentes as duas ordens religiosas surgidas no século XIII: os Dominicanos , fundados por São Domingos de Gusmão, espanhol, e os Franciscanos , fundados por São Francisco de Assis, italiano. A característica nova e comum destas duas ordens religiosas foi a pobreza individual e coletiva, donde o nome de mendicantes a elas atribuído, e também certa liberdade a respeito das obrigações conventuais, para melhor facultar o cultivo do estudo e a pregação apostólica entre o povo. Os dominicanos dedicaram-se mais ao estudo, à ciência, inspirando-se no pensamento aristotélico, exercendo, destarte, sua maior influência entre as classes sociais elevadas; os franciscanos, ao contrário, propuseram-se como finalidade principal a caridade ativa e tiveram uma enorme influência sobre o povo, inspirando-se na mentalidade agostiniana.

Os Filósofos Franciscanos

Os filósofos franciscanos julgaram fosse mister dar uma forma teórica à atitude prática, afetiva, sentimental do Pobrezinho de Assis que entrevia Deus e Jesus Cristo em todas as coisas. E julgaram os filósofos franciscanos que, para tanto, se prestasse o agostinianismo, com o seu misticismo e voluntarismo - julgando inapto para esse fim o racionalismo, o empirismo e o intelectualismo aristotélicos.

O maior representante do agostinianismo antiaristotélico foi São Boaventura (1221-1274); nasceu na Itália, estudou em Paris e, mais tarde, foi geral da sua ordem e depois cardeal de Albano. Suas obras principais são: os Comentários a Pedro Lombardo, o Itinerário da Mente para Deus, sobre a Redução das Artes à Teologia .

Segundo São Boaventura, a tarefa da filosofia não é teórica e racional, mas prática e religiosa, isto é, a filosofia deve levar a Deus, que se atinge imediatamente em todas as coisas e se possui pela união mística, como ele descreve no Itinerário . A gnosiologia de Boaventura inspira-se no iluminismo agostiniano, que lhe sugeriu a prova intuitiva da existência de Deus, enquanto ele é imediatamente presente ao espírito humano. A metafísica de Boaventura, pois, afirma três princípios diretamente opostos ao aristotelismo tomista: a existência de uma matéria geral sem as formas específicas; a pluralidade das formas em um mesmo ser, tantas quantas são as suas propriedades essenciais; a universalidade da matéria fora de Deus, porque todos os seres são compostos de matéria e de forma, inclusive as essências angélicas e as almas humanas. A psicologia de Boaventura, pois, sustenta que a alma humana é uma substância completa independentemente do corpo, composta de forma e matéria, auto-suficiente.

Diametralmente oposto a este aristotelismo agostiniano, é o aristotelismo exagerado averroísta, que aceita o sistema aristotélico sem crítica nenhuma, e, por conseqüência, será inteiramente infecundo. Esta orientação filosófica é chamada averroísta, porquanto admite - como admitia Averroés - que haja teses filosóficas em contraste com o teísmo da religião, ainda que pareça limitar-se a sustentar a existência de duas verdades paralelas e contrastantes, e não chegar até subordinar a religião à filosofia. O maior representante do averroísmo latino é Siger de Brabante (falecido pelo ano de 1284), professor na universidade parisiense, condenado mais tarde pela Igreja. A sua obra principal é Da Alma Intelectiva . As teses mais notáveis de Siger em contraste com o cristianismo são: a negação da providência divina; a afirmação da eternidade do mundo; a afirmação da unidade do intelecto na espécie humana e a conseqüente negação da imortalidade pessoal do homem. Entre estas duas posições extremadas - de idolatria ou de irredutível hostilidade - a respeito de Aristóteles, medeia Tomás de Aquino, que realizará a justificação da filosofia e da teologia.

A Escolástica Pós-Tomista

O tomismo era, talvez, um movimento excessivamente novo e arrojado, para poder súbita e definitivamente impor-se no âmbito do pensamento cristão medieval. Houve, portanto, no mesmo século XIII, logo depois de uma reação violenta contra o tomismo, um retorno especulativo ao agostinianismo, que julgou encobrir o seu anacronismo, tentando uma superação do racionalismo tomista. Entretanto esse movimento terminará nas posições fideístas do pré-tomismo, acentuadas e tornadas piores após a poderosa construção crítica e racional do Aquinate; e terminará, consequentemente, na ruína da metafísica, da filosofia, da ciência. A escolástica pós-tomista, contudo, sentiu profundamente o problema da concretidade e da experiência, indubitavelmente negligenciado pela escolástica clássica, donde surgirão a história e a ciência modernas - com suas técnicas - que constituem o valor do pensamento moderno.

O centro desta escolástica pós-tomista é a universidade de Oxford, na Inglaterra, cujas características tendências empiristas, experimentais, positivas, práticas, são conhecidas.

Rogério Bacon

Rogério Bacon (1210-1294), nascido na Inglaterra, entrou na ordem franciscana e estudou nas universidades de Oxford e de Paris. Após Ter lecionado algum tempo em Oxford, foi obrigado a deixar a cátedra. Estabeleceu-se então em Paris, onde levou uma vida agitada e foi condenado à prisão pelos próprios superiores da sua ordem. Crítico agressivo das maiores autoridades da sua época, foi um temperamento genial e original, enciclopédico e místico, cientista e supersticioso. A sua obra mais importante é a chamada Obra Maior ; publicou ainda a Obra Menor e a Terceira Obra .

Segundo Bacon, três são as fontes do saber: a autoridade, a razão, a experiência. A autoridade dá-nos a crença, a fé não porém a ciência, porquanto não nos fornece a compreensão das coisas que formam o objeto da crença. A razão proporciona essa compreensão, quer dizer, a ciência; no entanto, não consegue distinguir o sofisma da demonstração verdadeira, se não achar fundamento e confirmação na experiência. A ciência experimental constitui a fonte mais sólida da certeza. Conforme Bacon, todavia, deve-se entender por experiência não apenas a que se alcança pelos sentidos externos e nos oferece o mundo corpóreo, mas também a experiência proporcionada pela iluminação interior de Deus. É, como se vê, um vestígio do agostinianismo tradicional. Do agostinianismo, Bacon aceita também a unidade entre filosofia e teologia, que Tomás tinha distinguido.

João Duns Scoto

O maior expoente da escolástica pós-tomista é, sem dúvida, João Duns Scoto, o doutor sutil. Também ele, inglês e franciscano, foi aluno e professor nas universidades de Oxford e de Paris. Faleceu em 1308. Suas obras principais são: a Obra Oxoniense , isto é, o tradicional comentário das sentenças de Pedro Lombardo; os Teoremas Sutilíssimos , as Questões Várias , a Obra Parisiense . Nestas obras revela-se um crítico e um pensador de muito superior a São Boaventura.

O agostinianismo de Scoto manifesta-se, antes de tudo, no conceito de filosofia, entendida como instrumento para entender a fé e não como obra autônoma do espírito, como julga Tomás de Aquino. E, por sua vez, a teologia não é - segundo Scoto - disciplina essencialmente especulativa - como julga Aquinate - mas unicamente prática, em conformidade com o espírito do voluntarismo agostiniano.

A gnosiologia iluminista-intuicionista agostiniana firma-se no escotismo não tanto como participação da inteligência humana na luz divina, quanto como sendo a espontaneidade e a independência do intelecto com respeito ao sentido. Em todo caso, está contra o chamado empirismo aristotélico-tomista, conforme o qual o nosso conhecimento começa pela sensibilidade. Scoto concede, em linha de fato, o empirismo do nosso conhecimento; não o admite em linha de direito, como exige o tomismo. E isso seria devido - segundo o doutor sutil - à escravidão da alma com respeito ao corpo, decorrente do pecado. Pelo contrário, deveria a alma, por sua natureza, conhecer diretamente as essências, não só as materiais mas também as espirituais.

Na teodicéia, Scoto (contra a corrente agostiniana e em harmonia com o tomismo) ensina que Deus não é conhecido por intuição; a existência de Deus é demonstrável apenas com argumentos a posteriori , embora procure também combinar esta demonstração com o argumento ontológico, a priori . Quanto à natureza divina, o atributo essencial de Deus seria a infinidade.

Na psicologia escotista aparece ainda uma doutrina inspirada no agostinianismo. É a doutrina do conhecimento intuitivo da essência da alma, princípio de todos os demais conhecimentos. E também inspira-se no agostinianismo a doutrina de certa independência da alma com respeito ao corpo; seria a alma, por natureza, uma substância completa.

Com efeito, segundo Scoto, todos os seres, mesmos os espirituais, são compostos de matéria e de forma. A matéria não é mera potência, inexistente sem a forma, mas tem uma realidade sua própria; a forma não é única, mas há multiplicidade de formas em cada indivíduo. A individuação não depende da matéria (pelo que o indivíduo fica incognoscível intelectualmente), mas de um elemento formal individual, chamado haecceitas (que se sobrepõe à matéria por si subsistente e à hierarquia das formas); destarte, o indivíduo se tornaria intelectualmente cognoscível.

Contra o intelectualismo tomista, Scoto sustenta a primazia da vontade: a vontade não depende do intelecto, mas o intelecto depende da vontade. A tarefa do homem é conhecer para querer e amar; na vida eterna, Deus seria atingido, na visão beatífica, pela vontade, pelo amor e não pelo intelecto. Scoto põe também em Deus esse primado de vontade sobre o intelecto. Desse modo, as coisas criadas por Deus não dependem fundamentalmente da razão divina, e sim da vontade divina. E a própria ordem ética não é intrinsecamente boa por motivo racional, mas unicamente porquanto é querida por Deus, que poderia impor uma ordem moral oposta, em que, por exemplo, a mentira, o adultério, o furto, o homicídio, etc., seriam ações morais, e imorais as ações opostas.

Guilherme de Occam

Guilherme de Occam é, ao mesmo tempo, um opositor e um discípulo de Scoto: discípulo, no sentido de que desenvolve o individualismo de haecceitas escotista no nominalismo, que ele fez reviver no ambiente experimental da universidade de Oxford, depois do realismo imanente aristotélico-tomista. Guilherme nasceu em Occam na Inglaterra pouco antes do ano de 1300; fez-se franciscano, estudou e lecionou na Universidade de Oxford. Processado por heresia pela Santa Sé, refugiou-se junto do Imperador, então em luta contra o Papa, e escreveu várias obras para defender o imperador contra a Santa Sé. Faleceu pelo ano 1350. Suas obras especulativas são, além do Comentário às Sentenças de Pedro Lombardo: Sete Várias Questões , Suma de Toda a Lógica , Centilóquio Teológico .

Segundo Occam, o conhecimento sensível é superior ao conhecimento intelectual, porquanto o primeiro é intuitivo, ao passo que o segundo é abstrato; o primeiro dá-nos a realidade, concreta e individual, ao passo que o segundo nos dá apenas as semelhanças entre seres reais (as idéias gerais), e, por conseguinte, um conhecimento vago e confuso deles, que não nos permite distingui-los um do outro. O conhecimento sensível dá-nos as relações reais entre as coisas reais (o nexo causal, que se conhece só pela experiência), ao passo que o conhecimento intelectual nos proporciona conhecer as relações lógicas entre conceitos abstratos, sem nada nos dizer em torno da realidade das coisas. Em conclusão, a sensação é o sinal de um objeto na alma; o conceito é sinal de mais objetos percebidos como semelhantes. O conceito, pois, é um sinal natural, representado pelo nome que é, porém, um sinal artificial, variável segundo as diversas línguas.

Estamos na linha do experimentalismo inglês da Universidade de Oxford; desse experimentalismo deriva o empirismo, e deste deriva logicamente a ruína do conceito e, conseqüentemente, da ciência, da filosofia, da moral, etc. E deriva também a ruína das próprias noções de substância e causa, indispensáveis à própria ciência natural, porquanto essas noções de substância e causa não são experimentáveis. Pelo fato de a alma e Deus não serem sensíveis, segue-se que não são cognoscíveis. Deus não se pode provar a posteriori mediante o princípio de causalidade, válido empiricamente; e também não se pode provar - pela via de causalidade - a alma, de que é impossível demonstrar cientificamente a imortalidade.

Dado que em torno de Deus nada conhecemos filosoficamente, e dado outrossim o voluntarismo divino escotista, a vontade de Deus é absolutamente livre para criar uma moral mesmo oposta à presente, e para estabelecer uma outra ordem sobrenatural (por exemplo, se Deus quisesse, o Verbo poderia Ter-se encarnado num burro). Destarte, a ciência humana reduz-se à física, que nos faz conhecer os seres materiais, sensíveis, a lógica que nos ilustra as relações entre os conceitos. Portanto, nenhuma metafísica: o conhecimento de Deus, da alma, da moral, etc., é abandonado inteiramente à Revelação, à fé (fideísmo). Esta absoluta divisão entre a razão e a fé, coloca o ocamismo em uma posição afim à do averroísmo da dupla verdade. Com o diminuir da fé medieval e com o firmar-se do humanismo moderno, bem cedo a razão se porá contra a fé e a substituirá. O ocamismo tem um êxito vasto e imediato nos séculos XIV e XV; mas logo declina, degenerando num formalismo lógico. Com ele declina e, historicamente, termina a escolástica medieval.

A Escolástica Pré-Tomista


A Escolástica representa o último período do pensamento cristão, que vai do começo do século IX até o fim do século XVI, isto é, da constituição do sacro romano império bárbaro, ao fim da Idade Média, que se assinala geralmente com a descoberta da América (1492). Este período do pensamento cristão se designa com o nome de escolástica , porquanto era a filosofia ensinada nas escolas da época , pelos mestres, chamados, por isso, escolásticos . As matérias ensinadas nas escolas medievais eram representadas pelas chamadas artes liberais, divididas em trívio - gramática, retórica, dialética - e quadrívio - aritmética, geometria, astronomia, música. A escolástica surge, historicamente, do especial desenvolvimento da dialética.
A falta dessa distinção - específica do pensamento agostiniano - manifesta-se não apenas na corrente chamada mística , mas também na orientação denominada dialética do pensamento medieval pré-tomista. Misticismo e dialeticismo, todavia, se diferenciam profundamente entre si. O segundo, com efeito, embora parta da revelação e do sobrenatural, toma-os como dados e pretende penetrá-los mediante a filosofia, até procurar as razões necessárias dos mistérios, finalizando uma espécie de racionalismo (Anselmo de Aosta e Pedro Abelardo). É, porém, um racionalismo inconsciente, proveniente da ignorância da verdadeira natureza e dos verdadeiros limites da razão. E, mesmo que os resultados lógicos pudessem ser os mesmos do racionalismo verdadeiro e próprio, o escopo não era reduzir a religião aos limites da razão humana, mas levantar esta à compreensão do supra-inteligível, a uma espécie de intuição mística.
A tendência mística, pelo contrário, (São Pedro Damião e São Bernardo de Claraval) põe, acima e contra a razão e o intelecto, uma outra forma de conhecimento, de experiência do Divino: o sentimento, a fé, a vontade, o amor, culminando na união mística, no êxtase.
Depois destas premissas, podemos dividir a escolástica em três períodos, colocando o período central da escolástica a figura soberana de Tomás de Aquino. Teremos, assim, um período pré-tomista em que persiste a tendência teológica-agostiniana. Este primeiro período da escolástica vai do começo do século IX (Carlos Magno) até à metade do século XIII (Tomás de Aquino), e pode ser assim dividido: séculos IX e X (Scoto Erígena e a questão dos universais ); séculos XI e XII (místicos e dialéticos); século XIII (o triunfo do aristotelismo).
O segundo período da escolástica é dominado pela figura soberana de Tomás de Aquino, o Aristóteles do pensamento filosófico cristão; este período coincide com a Segunda metade do século XIII.
Depois de Tomás de Aquino, a escolástica declina como metafísica (séculos XIV e XV), devido a um anacrônico e ilógico retorno ao agostinianismo. Afirmam-se, entretanto, ao mesmo tempo, tendências novas para a experiência e a concretidade, representando como que o prelúdio do pensamento moderno. Tal desenvolvimento da escolástica no sentido da experiência e da concretidade, é devido em especial aos franciscanos ingleses de Osford - Rogério Bacon, Duns Scoto, Guilherme de Occam -, em conformidade com as tendências positivas e práticas do espírito anglo-saxônio.

Educação e Cultura na Idade Média

Carlos Magno pretendia dar uma unidade interior, espiritual, ao seu vasto e vário império e, portanto, educar intelectual, moral e religiosamente os povos bárbaros que o constituíam. Deste modo restauraria a civilização e a religião, a cultura clássica e o catolicismo e lhes daria incremento. Para tanto, o meio natural eram as escolas, e o clero se apresentava como o mais apto e preparado docente, quer pelo seu imanente caráter de mestre do povo, quer pela cultura de que era dotado. Na intenção de Carlos Magno, complexo devia ser o papel das escolas, que ele ia fundando e desenvolvendo: formar, antes de tudo, mestres adequados para as escolas, isto é, um clero culto; educar, em seguida, a massa popular, seu escopo final; preparar uma classe dirigente em geral e, em especial, os funcionários do império.
Havia nos mosteiros beneditinos escolas monásticas, surgidas da própria exigência de uma observância adequada da Regra de São Bento. Paulatinamente espalharam-se também as escolas episcopais, imitações atualizadas das escolas catequéticas do cristianismo primitivo. As escolas monásticas dos mosteiros visavam, antes de tudo, a formação dos monges futuros (escolas internas), e, depois, a formação dos leigos cultos (escolas externas), proporcionando, ao mesmo tempo, o ensino religioso e os rudimentos das ciências profanas. O programa de ensino era, inicialmente, bastante elementar: leitura, aprender a escrever, canto orfeônico e um tanto de aritmética. As escolas episcopais - que surgem nas cidades, ao passo que as escolas monásticas surgem nos mosteiros afastados das cidades - visavam, em especial, a formação do clero secular e também de leigos instruídos, para a vida civil. Presidia a estas escolas um eclesiástico chamado scholasticus , dependente diretamente do bispo, donde o nome de escolástica à doutrina e, por conseguinte, à filosofia ensinadas. Os docentes eram também eclesiásticos e denominados também scholastici . Carlos Magno dará muito incremento a ambas as escolas e, ademais, fundará junto da corte imperial a assim chamada escola palatina , que pode ser considerada como a primeira universidade medieval. Mencionamos também como, com o correr do tempo, no âmbito das paróquias, as escolas paroquiais, destinadas a ensinar ao povo os primeiros elementos do saber.
Para elaborar o seu vasto plano de política escolar, Carlos Magno chamou à corte Alcuíno (735-804, mais ou menos), que veio da Inglaterra, o viveiro da cultura naquela época. E sob a sua inspiração, a partir do ano 787, foram emanados os decretos capitulares para a organização das escolas, enquanto o douto inglês ditava-lhes o programa relativo, que se espalhou pelo vasto império e perdurou invariado, podemos dizer, durante toda a Idade Média.
O programa de Alcuíno abraçava as sete artes liberais, de que acima falamos, repartidas no trívio e no quadrívio. O trívio abraçava as disciplinas formais: gramática, retórica, dialética, esta última desenvolvendo-se, mais tarde, na filosofia; o quadrívio abraçava as disciplinas reais: aritmética, geometria, astronomia, música, e, mais tarde, a medicina.
Sob a direção de Alcuíno, foi constituída junto da corte de Carlos Magno a famosa escola palatina . Nela ensinaram os homens mais famosos da época, como, por exemplo, o historiador Paulo Diácono, o gramático Pedro de Pisa, o teólogo Paulino de Aquiléia. Freqüentavam esta escolas o próprio imperador, os príncipes e os jovens da nobreza. Outras escolas surgiram, em seguida, especialmente na França, modeladas na escola palatina.
Ao lado desta instrução e educação eclesiásticas, ministradas por eclesiásticos e, sobretudo, a eclesiásticos, temos na Idade Média uma educação militar, ministrada por militares e a militares; a Igreja, bem cedo, imprimiu também a esta educação uma orientação ética, religiosa, católica. Como é sabido, o feudalismo é uma organização social, política, econômica, militar, inicialmente baseada na força, segundo o espírito dos bárbaros dominadores.

A Escolástica Pré-Tomista
Os Séculos IX e X:
Scoto Erígena e o Problema dos Universais


A história da filosofia escolástica começa propriamente com o nome de Scoto Erígena. João Scoto Erígena nasceu na Irlanda, dita Scotia maior , Eriu em língua céltica, donde o nome de Scoto Erígena. Pelo ano de 874 é chamado à corte culta e brilhante de Carlos o Calvo, para presidir e lecionar na escola palatina. Parece Ter falecido em França pelo ano 877. A sua obra principal é Da Divisão da Natureza (847), em cinco livros; é um diálogo entre mestre e discípulo e se inspira no neoplatonismo do pseudo Dionísio Areopagita, que Erígena traduziu do grego para o latim. Foi condenada pela Igreja (1225), e pode-se dizer que representa a falência definitiva das tentativas de síntese entre neoplatonismo emanatista e criacionismo cristão.
Erígena parte da revelação divina para, depois, penetrar os mistérios mediante a razão iluminada por Deus. Tal pretensão de penetrar racionalmente os mistérios revelados devia acabar logicamente no racionalismo e, por conseqüência, na supressão do sobrenatural, por mais ortodoxa que fosse a intenção do autor.
Eminentemente neoplatônico é o esquema especulativo de Da Divisão da Natureza : a descida da Unidade à multiplicidade, e retorno da multiplicidade à Unidade. De Deus desce-se às idéias supremas, aos gêneros, às espécies, aos indivíduos, e vice-versa. Deste modo, a divisão da natureza, da realidade, fica assim configurada:
1°. - A natureza que não é criada e cria (Deus Padre);
2°. - A natureza que é criada e cria (o Verbo de Deus, em que são contidas as idéias eternas, exemplares e causas das coisas);
3°. - A natureza que é criada e não cria (as coisas, realizadas mediante o Espírito de Deus);
4°. - A natureza que não é criada e não cria (isto é, Deus, concebido, porém, como ômega , termo, fim da realidade, e não como alfa , princípio). Como se vê, as fases primeira e Quarta coincidem (Deus = não criado), bem como coincidem as fases Segunda e terceira (mundo = criado).
O problema dos universais , isto é, do valor dos conceitos, das idéias, problema que tão cedo e tão longamente interessou a escolástica, teve uma solução radical no pensamento escotista. Que valor têm os conceitos, que são universais, em relação e enquanto representativos das coisas, que são, ao contrário, particulares? O problema tem uma importância fundamental filosófica, não apenas lógica e dialética, mas também gnosiológica e metafísica.
As soluções desse problema oferecidas pela escolástica são substancialmente, três: a solução chamada do realismo transcendente (platônica); a solução do realismo moderado, imanente (aristotélica); a solução nominalista.
Segundo a solução do realismo transcendente , o universal, a idéia de uma realidade em si, não existe apenas fora da mente, mas também fora do objeto (universal ante rem ): - é a solução platônica, geralmente adotada pela escolástica incipiente. Segundo a solução do realismo moderado , imanente, o universal tem em si uma realidade objetiva, fora da mente, mas é imanente nos objetos singulares de que é essência, forma, princípio ativo (universal in re ): - corresponde à posição aristotélica, com a doutrina da forma que determina a matéria. A solução conceptualista-nominalista sustenta que o universal não tem nenhuma existência objetiva, mas apenas mental (universal post rem ), ou até puramente nominal (nominalismo) - no mundo clássico esta posição é defendida pelos sofistas, estóicos, epicuristas, céticos, isto é, pelas gnosiologias empirista e sensitista.

Os Séculos XI e XII:
Místicos e Dialéticos


Depois da decadência cultural que se seguiu à renascença carolíngia, começa e se manifesta nos séculos XI e XII um renascimento especulativo. E isto não obstante a luta dos teólogos, dos místicos, contra a ciência (a filosofia) por eles considerada um resíduo pagão, uma distração mundana, vaidade e orgulho; e, portanto, contra os filósofos, e os dialéticos que a cultivavam. Os maiores representantes da corrente mística são: São Pedro Damião no século XI, São Bernardo de Claraval no século XII; da corrente dialética os maiores expoentes são: Santo Anselmo de Aosta no século XI e Pedro Abelardo no século XII.
São Pedro Damião, cardeal e arcebispo ostiense, conselheiro do monge Hildebrando, mais tarde Papa Gregório VII, escreveu Da Divina Onipotência . Nesta obra enaltece a onipotência de Deus, até colocá-la acima de toda lei racional, inclusive o princípio de contradição; daí a vaidade da ciência, da filosofia para entender Deus e as suas obras. São Bernardo de Claraval rejeita, asceticamente, o saber profano como um perigo e um luxo. A verdadeira sabedoria consiste no conhecimento da própria miséria, na compaixão para com a miséria do próximo, na contemplação de Deus, dos divinos mistérios, de Cristo crucificado, e culmina no êxtase. O caminho da sabedoria é a humildade.
Santo Anselmo (1033-1109) nasceu em Aosta; foi monge prior e abade do mosteiro beneditino de Bec na Normandia e, depois, arcebispo de Canterbury na Inglaterra. As suas obras principais são: O Monologium , onde se propõe demonstrar a existência de Deus com um argumento simples e evidente, capaz de convencer imediatamente o ateu. Anselmo de Aosta é o primeiro grande filósofo medieval, após Scoto Erígena. Também ele é um platônico-agostiniano. O seu lema é: creio para compreender , o que significa partir da revelação divina, da fé e não da razão; mas é preciso penetrar depois a fé mediante a razão.
O nome de Anselmo de Aosta é ligado ao famoso argumento ontológico , a priori , para demonstrar a existência de Deus; este argumento é contido no Proslogium . Pretende ele demonstrar a existência de Deus, partindo do mero conceito de Deus. O conceito que temos de Deus é o de um ser perfeitíssimo e, logo, Deus deve também existir realmente, do contrário não mais seria perfeitíssimo, faltando-lhe a existência. Em realidade, o argumento ontológico não vale: porquanto não podemos, no nosso conhecimento, passar da ordem lógica para a ordem ontológica, das idéias aos fatos, mas deve-se passar das coisas às idéias, da ordem real à ordem ideal.
Pedro Abelardo (1097-1142), natural de Bretanha, estudante e, mais tarde, professor famoso em Paris, centro cultural do mundo católico, tornou-se religioso e foi peregrinando por muitos mosteiros e cátedras, após uma aventura amorosa com Heloísa, que lhe acarretou trágicas conseqüências. Acusado de heresia, foi condenado por dois concílios. Abelardo é uma das mais originais figuras do mundo medieval, mesmo faltando-lhe a profundidade e a capacidade sistemática de Santo Anselmo. Em conclusão, Abelardo é, ao mesmo tempo, filósofo e teólogo, grego e cristão, cético e sistemático, com um grande pendor para a crítica e a dialética.
Escreveu as obras seguintes: História das Calamidades , conto biográfico da sua aventura com Heloísa; Dialética ; Conhece-te a ti mesmo ; Sic et non . No ensaio ético Conhece-te a ti mesmo valoriza, na vida moral, o elemento subjetivo, intencional, - elemento descurado na Idade Média - em confronto com o elemento objetivo, legal. Reconhecendo embora que são necessários os dois elementos, a fim de que haja ação plenamente moral, Abelardo sustenta ser mais moral um ato executado com reta intenção, ainda que objetivamente mau, do que um ato executado conforme a lei, mas com intenção má. Também interessante é a sua posição crítica na pesquisa filosófica: a dúvida nos leva para a investigação, a investigação nos leva à ciência. Na obra Sic et non - coleção de sentenças contrastantes dos padres sobre assuntos da Escritura e da teologia - Abelardo se integra nas fileiras dos sentenciários , isto é, dos autores dos libri sententiarum entre os quais o mais famoso é Pedro Lombardo, (século XII), chamado precisamente magister sententiarum . Os livros das sentenças eram coleções sistemáticas - mais ou menos críticas - das doutrinas das Padres, ordenadas segundo o esquema: Deus, criação, queda, redenção, meios de salvação. Preparam as grandes sumas medievais, especialmente as tomistas, que são construções sistemáticas elaboradas criticamente.
Encerra-se assim o século XII e está nos albores o século XIII, o século de ouro da escolástica e do pensamento filosófico cristão.