domingo, 7 de fevereiro de 2010

A ausência de desejo


A ausência de desejo se verifica, apenas, naquele que sabe o que o desejo é, e, sabendo-o, o destrua. A ausência de desejo, só a possui quem haja experimentado o desejo e tenha feito dele sua conquista.

Os frutos da ignorância devem ser colhidos da Árvore da Sabedoria antes que possa esta alimentar-se e fortificar-te.

A ausência de desejo...
Filho meu, lembra-te!
Faze a experiência do desejo e não fujas de seus laços; examina como atua a Grande Lei que dá a cada um de teus desejos o fruto correspondente. O desejo das coisas da Terra e dos bens terrenos te aprisiona e limita. E, a esse respeito, põe-te em guarda, ó ser imortal, revestido da roupagem de um só dia...

Não te ligues às pequenas coisas, a fim de que aumente teu poder para a conquista das coisas grandes.

Não penses que se fugires do mundo, há de encontrar o Meu Caminho: Meu Caminho está no mundo, onde andam todos os homens. Sem embargo, só aqueles que têm os pés desnudos, só aqueles cujo peito se oferece às feridas do sofrimento podem palmilhar o Caminho Interior.

Aquele que anda sólidamente calçado não descobrirá o Meu Caminho; o que se mantém todo envolto no seu manto não sentirá o sopro do Meu Espírito. O Espírito sopra em toda parte e se detém naquele que é pobre e desnudo. Pobre em desejos, sim, pobre e, não obstante, rico; desnudo, mas vestido de Luz. Tais são os que seguem Meu Caminho, os Filhos de Meu peito.

Se desejas verdadeiramente seguir a Minha senda, obedece em tudo às instruções que te dou:

Não pretendas ensinar aos outros antes de haveres, tu mesmo, recebido as Sagradas Lições, para que a teu irmão não ofereças fórmulas vãs. Mas se no âmago da instrução que te for dada descobrires, por ti mesmo, pérolas de Luz, reconhece, nisso, que já terás muito que dar e não receies ensinar por ti mesmo. Só o coração pode compreender; dirige-te, pois, a ele, passando por sobre a inteligência; só o coração pode obter o conhecimento; é nele que mora a Sabedoria.

Não pretendas dar, a menos que tuas mãos estejam cheias. Caminha silenciosamente, até que teu Mestre te enriqueça. Mais vale não dar coisa alguma que oferecer aos outros o fruto vazio de tua alma.

Não pretendas cantar, se não for a tua voz a de um cantor, pois, se áspero e inarmônico o teu canto, os ouvidos de alguns de teus irmãos podem cerrar-se, mas tarde, à sinfonia perfeita.

Não pretendas curar com as tuas mãos, a não ser que o possas realmente fazer; teme, antes, ferir de morte algum de teus irmãos.

Não pretendas dirigir quem quer que seja, para que não se apoiem em ti; caminha, ao invés, tão humildemente que por ti aprendam os outros a se conduzir. Sem embargo, se teu irmão de ti precisar, não receies levantar teu bastão de peregrino para lhe indicar a rota que deve seguir. Lembra-te de que o Instrutor e o discípulo são apenas Um, e que Um, são o guia e o que é guiado.

Quando, com a mesma alegria, guiares e fores guiado, ensinares e fores instruído, cantares ou te conservares mudo, então, a lição que tem por título “Ausência de Desejo” terá sido aprendida, e terás dado um pequeno passo ao longo da tua caminhada.


Testo extraído do livro O MESTRE FALA...
uma publicação da Fraternitas Rosicruciana Antiqua

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