domingo, 3 de maio de 2020

Ainda sobre o número 40 e a quarentena segundo a Torá e a Cabala



Por Kadu Santoro

Ainda sobre a quarentena, venho apresentar uma visão mais aprofundada sobre o número 40 de acordo com a tradição judaica e da Cabala.

O número 40 equivale ao valor numérico da letra Mem no alfabeto hebraico, possuindo muitas significações. Ele conota, entre outras coisas, o julgamento de Deus. Segundo as Escrituras, existem dois eventos que duraram 40 dias que foram bem pontuais. O primeiro, o Dilúvio – Mabul, e o segundo, quando o profeta Jonas vai à Nínive, e diz: “Mais quarenta dias e Nínive será destruída.” Jonas 3.4.

Nessas passagens da Bíblia entre outras relacionado com o julgamento divino, se estendem por quarenta dias, tendo como significado cabalístico, o período em que o homem atinge certa maturidade, aos 40 anos, idade suficiente para já ter passado por muitas provas e tribulações na vida, lembrando também que o dia da cólera divina dura 40 dias.

O número 40 também é considerado como um número de plenitude, pois ao quadragésimo dia, o feto no ventre da mãe se torna um embrião e começa a “viver” literalmente.

Da mesma maneira, os 40 dias nos quais Moshé ficara no Monte Sinai tem fortes relações com os 40 dias do Dilúvio. Existe uma semelhança entre o Dilúvio e o dom da Torá: Mabul – Dilúvio e Matan – dom (perceba que ambas palavras começam com a letra Mem). O Dilúvio consiste numa queda d`água, enquanto a Torá é comparada a água que possui fluidez para envolver tudo, de acordo com o profeta Habacuque: “Porque a terra se encherá do conhecimento de Deus, como as águas cobrem o mar.” Habacuque 2.14

Os 40 dias do Dilúvio (lembrando que isso não acontece todo dia) Deus prometera que isso só aconteceria uma vez. Do mesmo modo, o número 40 volta várias vezes no episódio do dom da Torá. Moshé esperou pelas Tábuas da Lei por 40 dias. Depois, mais 40 dias de expiação após o pecado da construção do Bezerro de Ouro. E ainda mais 40 dias para receber as segundas Tábuas da Lei. Em outras palavras, se os homens se tornam melhores, em vez do Dilúvio, é a Torá que eles recebem!

Assim como o Dilúvio permitiu a construção de um novo mundo, nós também podemos começar uma nova história a partir desse período de quarentena, caso contrário, seremos apagados de vez da história do planeta Terra como no passado. Portanto, o número quarenta representa plenitude, um número perfeito em relação ao conserto (Tikun).

Segundo o nosso calendário ocidental, 2020 = 4, o momento é esse para a realização da mudança da consciência planetária. Não podemos mais continuar vivendo a mesma vida egoísta e alienada da nossa verdadeira essência a partir dessa quarentena.

Mesmo que esse vírus tenha sido criado em laboratório e utilizado como arma bacteriológica de guerra, como tudo indica, mesmo assim, devemos observar todos os sinais, pois antes que o homem pense em fazer o mau, o Criador na sua onisciência já viu e permitiu para que o homem possa despertar do seu estado egoísta, ganancioso, vaidoso e medíocre de existência, saindo da sua zona de conforto e lembrando-se de sua fragilidade e finitude.

De acordo com o calendário judaico e a Torá, a humanidade possui um prazo de 6.000 anos para estabelecer o tikun HaOlam, a restauração da “queda”, e é preciso lembrarmos que já estamos no ano 5778, restando apenas 222 anos para o ciclo de 6.000 anos se encerrar, mas do jeito que estamos vivendo, dentro desse paradigma diabólico da competição, da intolerância, da falta de amor e solidariedade, de espiritualidade, da degradação do meio ambiente, da geração de consumo desenfreado, dos valores éticos e morais, do desperdício generalizado, da falência cultural, da mentira, da ganância, do egoísmo, da vaidade e da politicagem sórdida, corremos o sério risco de abreviarmos esse fim.

Paz Profunda.

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