Por Kadu
Santoro
Ainda sobre a
quarentena, venho apresentar uma visão mais aprofundada sobre o número 40 de
acordo com a tradição judaica e da Cabala.
O número 40 equivale
ao valor numérico da letra Mem no alfabeto hebraico, possuindo muitas
significações. Ele conota, entre outras coisas, o julgamento de Deus. Segundo as
Escrituras, existem dois eventos que duraram 40 dias que foram bem pontuais. O primeiro,
o Dilúvio – Mabul, e o segundo, quando o profeta Jonas vai à Nínive, e diz:
“Mais quarenta dias e Nínive será destruída.” Jonas 3.4.
Nessas
passagens da Bíblia entre outras relacionado com o julgamento divino, se
estendem por quarenta dias, tendo como significado cabalístico, o período em que
o homem atinge certa maturidade, aos 40 anos, idade suficiente para já ter
passado por muitas provas e tribulações na vida, lembrando também que o dia da
cólera divina dura 40 dias.
O número 40
também é considerado como um número de plenitude, pois ao quadragésimo dia, o
feto no ventre da mãe se torna um embrião e começa a “viver” literalmente.
Da mesma maneira,
os 40 dias nos quais Moshé ficara no Monte Sinai tem fortes relações com os 40
dias do Dilúvio. Existe uma semelhança entre o Dilúvio e o dom da Torá: Mabul
– Dilúvio e Matan – dom (perceba que ambas palavras começam com a
letra Mem). O Dilúvio consiste numa queda d`água, enquanto a Torá é comparada a
água que possui fluidez para envolver tudo, de acordo com o profeta Habacuque: “Porque
a terra se encherá do conhecimento de Deus, como as águas cobrem o mar.” Habacuque
2.14
Os 40 dias do
Dilúvio (lembrando que isso não acontece todo dia) Deus prometera que isso só
aconteceria uma vez. Do mesmo modo, o número 40 volta várias vezes no episódio
do dom da Torá. Moshé esperou pelas Tábuas da Lei por 40 dias. Depois, mais 40
dias de expiação após o pecado da construção do Bezerro de Ouro. E ainda mais
40 dias para receber as segundas Tábuas da Lei. Em outras palavras, se os
homens se tornam melhores, em vez do Dilúvio, é a Torá que eles recebem!
Assim como o
Dilúvio permitiu a construção de um novo mundo, nós também podemos começar uma
nova história a partir desse período de quarentena, caso contrário, seremos
apagados de vez da história do planeta Terra como no passado. Portanto, o
número quarenta representa plenitude, um número perfeito em relação ao conserto
(Tikun).
Segundo o
nosso calendário ocidental, 2020 = 4, o momento é esse para a realização da
mudança da consciência planetária. Não podemos mais continuar vivendo a mesma vida
egoísta e alienada da nossa verdadeira essência a partir dessa quarentena.
Mesmo que esse
vírus tenha sido criado em laboratório e utilizado como arma bacteriológica de
guerra, como tudo indica, mesmo assim, devemos observar todos os sinais, pois
antes que o homem pense em fazer o mau, o Criador na sua onisciência já viu e
permitiu para que o homem possa despertar do seu estado egoísta, ganancioso,
vaidoso e medíocre de existência, saindo da sua zona de conforto e lembrando-se
de sua fragilidade e finitude.
De acordo com
o calendário judaico e a Torá, a humanidade possui um prazo de 6.000 anos para
estabelecer o tikun HaOlam, a restauração da “queda”, e é preciso lembrarmos
que já estamos no ano 5778, restando apenas 222 anos para o ciclo de 6.000 anos
se encerrar, mas do jeito que estamos vivendo, dentro desse paradigma diabólico
da competição, da intolerância, da falta de amor e solidariedade, de
espiritualidade, da degradação do meio ambiente, da geração de consumo desenfreado,
dos valores éticos e morais, do desperdício generalizado, da falência cultural,
da mentira, da ganância, do egoísmo, da vaidade e da politicagem sórdida, corremos
o sério risco de abreviarmos esse fim.
Paz Profunda.
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