A Árvore da vida é o espelho da criação. É o sistema
operacional do Universo, com suas forças atuando nas esferas visíveis e
invisíveis, trazendo ao nosso mundo todas as potencialidades do Criador. O
Livro Sepher
Yetzirah nos demonstra como as várias combinações revelam as
combinações do microcosmos, macrocosmos e do homem. Já o Zohar e
seu complexo estudo sobre o livro de Moisés, a Torah, os Anjos, a natureza e os homens nos revelam o esplendor da
Luz Divina.
A Cabala nos disponibiliza as ferramentas necessárias para o
autodesenvolvimento do Ser através do autoconhecimento, ou seja, conhecer a nós
mesmos corresponde a conhecer toda a dinâmica e práxis do universo, como estava
escrito no Oráculo de Delphos: “Conhece-te a ti mesmo.”
Por séculos, chegando até os nossos dias, a Cabala continua
sendo divulgada através de dois níveis distintos. O primeiro é no nível popular
(Cabala popular), considerado como o círculo exterior (ex-otérico), onde apenas
se busca benefícios temporários como prosperidade, portas abertas,
oportunidades de vitórias e conquistas através de práticas “religiosas” juntas
com magias e sortilégios, alimentando apenas o ego daqueles seres desejosos
ainda pouco ou não despertos, que simpatizam com o ambiente de mistério e
espiritualidade mas não mergulham a fundo. O segundo nível corresponde ao
círculo interior (Es-otérico), onde é apresentada a Cabala em seu nível mais
profundo, primordial, trabalhando com os arquétipos fundantes do universo e do
Ser, voltada para aqueles que se encontram despertos, conscientes de que tudo
aqui nesse mundo denso nada mais é do que ilusão (maya) e é tudo transitório e
passageiro.
A representação na Torah desses dois níveis da Cabala é bem
explícita na passagem de Esaú e Jacó, onde Esaú, diante da fome (desejos
temporários movidos pelo ego), abre mão de sua primogenitura (essência
espiritual imortal), ou seja, Jacó preferiu a melhor parte (Cabala Es-otérica
primordial), lembrando da Água Viva que Jesus diz, que quem bebe dela não terá
mais sede, ao contrário de Esaú, que foi movido apenas pelos desejos
instintivos (Nefesh) abrindo mão do autoconhecimento, ficando escravizado pelos
seus instintos sem evoluir, querendo apenas receber, enquanto a Cabala profunda
fala o contrário, que devemos inverter as polaridades do desejo egoísta para o
desejo de compartilhar, ou seja, o Cabalista maduro já não se compraz em buscar
bênçãos, oportunidades e prosperidade para si, e sim, alcançado essas através
do compartilhar altruísta, lembrando que nada nos pertence em definitivo,
estamos aqui de passagem rumo a Luz e todo o resto é apenas por empréstimo para
podermos cumprir o propósito maior que é nos tornarmos Um com o Criador.
Em síntese, os dois caminhos percorridos pela Cabala, tanto a
popular quanto a primordial, fazem parte do processo, porém, para a Cabala, não
podemos viver eternamente como crianças cheias de caprichos e vontades,
precisamos despertar, fazer a metamorfose, deixar de ser uma lagarta desejosa e
cheia de caprichos e tomar coragem para ganhar as asas da liberdade simbolizada
pela borboleta e assim alcançar vôos mais elevados rumo a Luz.
O propósito do meu trabalho, fruto de profunda pesquisa por
quase trinta anos sobre o universo cabalístico, se resume em auxiliar as
pessoas a despertarem dentro de si o discernimento sobre essas duas realidades,
levando-lhes ao segundo nível da Cabala Profunda através do autoconhecimento
promovendo uma transformação e uma reforma íntima genuína de forma a não ser
mais apenas um na multidão dos que dormem e são guiados mecanicamente pelo ego.
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