quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Invocando o nome de Deus em favor da vida
Por Kadu Santoro
Infelizmente, essa realidade é minoria nos dias hoje. O uso do nome de Deus se tornou algo fácil e popular, afinal de contas, bater palmas para Jesus gritando que ele é a solução para os problemas é muito cômodo. Muitos saem dizendo por aí que ele é a solução até para a morte, como se fosse uma fórmula mágica, mas ao mesmo tempo eu faço uma pergunta: Como Ele pode entrar com solução em nossas vidas, se nós que somos o fermento, ficamos na maioria das vezes fora da massa? A nossa relação com Deus deve ser conjunta, ele espera pela nossa participação e decisão de agir em nome dele, porém, fazendo o que ele fez e o que ele faria se estivesse aqui entre nós, caso contrário, estamos ignorando a importância do engajamento em ações que ajudam a transformar as estruturas do pecado e da morte.
Infelizmente, hoje em dia em reuniões de muitas igrejas, se pronuncia o nome de Deus em demasia, principalmente quando se fala em demônios e guerras espirituais. De tanto verem demônios e espíritos malignos em pessoas debilitadas física e emocionalmente, aflitas, desequilibradas, necessitadas e sem esperanças, acabam perdendo a sensibilidade de discernir o que é material do que é espiritual, e a capacidade de ver a realidade diabólica em que vivemos, cheia de injustiça, maldade, vingança, ganância, egoísmo e desrespeito à vida (Os.4.2). A religião quando só fica nas palavras e não contribui para a promoção de mudanças na vida da comunidade, está apenas usando o nome de Deus em vão.
Jesus enfrentou os mestres da sinagoga que exigiam do povo uma religião legalista e não se preocupavam com as angústias dos sofredores. “Que é mais fácil dizer: os teus pecados são perdoados, ou: levanta-te e anda?” (Mt.9.5). Palavras religiosas apenas não bastam, é preciso agir sim, em nome de Deus ajudando os caídos e prostrados a se levantarem e retornarem ao caminho. Deus atua inspirando a ação das pessoas que nele crêem e o invocam através do seu nome.
Jesus alerta aos que querem segui-lo, que é necessário passar pela porta estreita (Lc.13.24), porém não passará por ela os que simplesmente proclamaram discursos religiosos impressionando os fiéis com curas, milagres e exorcismos (Mt.7.22,23). O principal é, segundo a afirmação de Jesus: “Eu estava com fome e sede, nu, doente, preso... e tu me socorreste” (Mt.25.35-46).
Usar o nome de Deus em vão não passa de discurso ou sentimentalismo religioso, sem consequência prática na vida. Isso era exatamente o que Jesus censurava nas autoridades instituídas do seu povo (fariseus e saduceus): “Falam e não praticam” (Mt.23.3). O apóstolo Tiago também fala a respeito da hipocrisia (Tg.1.22,26,27), escrevendo sua carta às comunidades.
Deus tem nos alertado para que sejamos cada vez menos religiosos e mais humanos. A fé não deve produzir primeiramente, imagens, discursos, instituições, hierarquias... mas uma conduta voltada para o amor, a solidariedade e a justiça, pois: “O Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder” (ICor.4.20), poder de ação e transformação em prol da vida. O apóstolo Paulo também explica aos romanos, que o culto espiritual que é agradável a Deus, é o culto que não “espiritualiza” a fé, mas que a encarne na realidade (Rm.12.1,2). O apóstolo João diz o mesmo: “Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não o irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (IJo.4.20).
Que a nossa invocação do nome de Deus não seja em vão, mas esteja na boca dos pobres e necessitados que nos dirigimos para estendermos a mão e ajudá-los: “Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mc.11.9).
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