quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O POLÊMICO MÍSTICO DIONÍSIO AREOPAGITA, OU PSEUDO-DIONÍSIO


Teólogo e filósofo neoplatônico cristão de expressão grega, mas de origem desconhecida, dito também Pseudo-Dionísio por ter assumido o nome daquele Dionísio Areopagita, ao qual o Apóstolo Paulo converteu ao cristianismo pelos anos 50 de nossa era, por efeito de seu discurso no Areópago de Atenas. Dionísio Areopagita se apresenta como discípulo de São Paulo de Atos 17,34. Dele possuímos as seguintes obras: Sobre a Hierarquia Celeste; Sobre a Hierarquia Eclesiástica; Sobre os Nomes Divinos; Cartas e a obra Sobre a Mística Teologia. Não existe nenhuma citação patrística, sobre Dionísio, a não ser em 532 quando ele vem citado num encontro entre Católicos, que aderiram ao Concílio de Calcedônia, e Monofisitistas Severianos. Neste encontro entre Monofisitistas e Calcedonenses, em Constantinopla, o Bispo Hipázio de Éfeso, negava a autenticidade deste "corpus" enquanto os monofisitistas baseavam sua "ortodoxia" chamando Dionísio em testemunho.

Muitos estudiosos esforçaram-se em datar e identificar nosso autor: ou atribuindo a Dionísio ser o discípulo de Paulo; ou conforme a Escola Francesa que procura identificá-lo como o primeiro Bispo de Paris, São Dionísio; ou com Pedro Ibério; ou com Pedro Fulão, Severo de Antioquia, etc.
Os estudiosos não conseguiram definir a data dos escritos dionisianos a partir da questão histórica. Koch e Stigmayr conseguiram aproximar uma datação a partir do estudo interno das obras recavando elementos que poderiam indicar sinais de nosso autor na história.

O primeiro elemento relevante encontramos no capítulo IV do tratado Sobre os Nomes Divinos. Este tratado dependia do De Malorum Subsistentia de Proclo que morrera em 485. Este elemento forçava a datação mais próxima para a metade do século V e início do século VI. Devemos destacar que não se trata somente de um estilo de aproximação entre eles, mas que Dionísio cita frases inteiras de Proclo.

Stigmayr tentou então fazer uma cronologia destacando os seguintes pontos:
1. O Concílio de Calcedônia (451) tinha condenado a doutrina Eutiquiana da mistura de Cristo. No "corpus dionysiacum" encontramos também esta preocupação. Nesta hipótese podemos datar o "corpus" depois de 451.
2. No livro que nos fala Sobre a Hierarquia Eclesiástica III,2 encontramos a referência ao Credo como parte integrante da Eucaristia, e por isso, o "corpus" deve ser posterior a 476, visto que o monofisitista Pedro Fulão foi quem introduziu na Eucaristia o Credo em Antioquia.
3. Também o decreto Henótikon do Imperador Zenão. Ele procurou conciliar os Calcedonianos e Monofisitistas condenando o uso de "uma natureza" e "duas naturezas" que também vêm evitadas na obra de Dionísio.
4. No comentário de André de Cesaréia, ao Apocalipse de São João, Dionísio é chamado em testemunho. Também Severo de Antioquia escrevendo ao Abade João cita Dionísio.

Todas estas evidências fazem datar nosso autor em fins do século V e início do século VI.

A autoridade de Dionísio vem confirmada com Máximo o Confessor, e a partir de então, Dionísio entra como citação na Igreja Oriental. Papas e Imperadores foram quem abriram no Ocidente as portas para Dionísio. Ele foi citado pelo Papa Gregório Magno (+604) bem como Papa Agatão (680) Adriano I (787). O Papa Paulo I (758) presenteou a Pepino, o Breve, com os escritos de Dionísio. Foi Ludovico Pio quem encomendou ao abade Hilduino fazer a primeira tradução do "corpus dionysiacum" para o latim. Mais tarde Escoto Eriúgena (810-877), a pedido de Carlos II, o Calvo, fez uma nova tradução que será muito superior àquela de Hilduíno.

Gozou de grande autoridade no decorrer de toda a Idade Média, porque se supunha contemporâneo dos primeiros cristãos. Mais precisamente, o autor pode ter vivido na Síria, talvez um bispo por causa da maneira respeitosa de se referir às autoridades da Igreja. As
suas obras proporcionaram uma importante contribuição ao estudo da filosofia da religião, também no Ocidente, onde circularam em versão latina. Foi de um nível de pensamento superior entre os cristãos. Sua orientação é neoplatônica e reproduziu textos de Proclo (480-485), sem todavia mencioná-lo pelo nome. A sua obra teve grande influxo para a espiritualidade Ocidental: Scoto Eriúgena, Alberto Magno, Boaventura, Tomás de Aquino, Dante Alighieri, São João da Cruz, etc.

O esquema de Dionísio tornou-se básico para a espiritualidade ocidental, esquema de ascensão à divindade. Dionísio é um dos pais da teologia apofática ou teologia negativa; para ele Deus é incognoscível e inatingível. Particularmente estabeleceu a plena espiritualidade dos anjos, contrariando ao agostinianismo e aos platônicos cristãos em geral, os quais supunham haver uma matéria sutil em todas as criaturas.

PENSAMENTOS DE DIONÍSIO AREOPAGITA

"Dizemos, portanto que a causa de todas as coisas e que está além de todas as coisas não é absolutamente razão, nem inteligência. Entretanto não é absolutamente um corpo, nem uma figura, nem uma forma e não tem quantidade ou qualidade ou peso; não está em algum lugar, não vê, não tem um tato sensível, não sente, nem cai debaixo da sensibilidade; não conhece desordem e perturbação para ser agitado pelas paixões naturais ... Portanto, começando a subir, dizemos que não é alma nem inteligência; não possui imaginação ou opinião ou razão ou pensamento; não é Palavra nem pensamento; não se pode exprimir nem pensar; não é número nem ordem; nem grandeza nem pequenez ... e está acima de toda a negação a excelência de quem é livre absolutamente de tudo e que está acima do universo".

"A escuridão é a inacessível claridade...".

"Exercite-se sem parar as contemplações místicas, abandone as sensações, renuncie às operações intelectuais, rejeite tudo que pertence ao sensível e ao inteligível, despoje-se totalmente do não-ser e do ser, e eleve-se assim, tanto quanto lhe seja possível, até unir-se, na ignorância, com Aquele que está além de toda essência e de todo saber. Pois é em saindo de tudo e de você mesmo, de modo irresistível e perfeito, que você se elevará numpuro êxtase até o raio nas trevas da divina Superessência, tendo tudo abandonado e estando despojado de tudo".

"A Causa boa (Deus) de todas as coisas pode ser expressa com muitas e com poucas palavras, mas também com a ausência absoluta de palavras. Com efeito, não há palavra nem inteligência para expressa-la, porque ela está colocada supra-substancialmente além de todas as coisas, e só se revela verdadeirmente e sem qualquer véu para aqueles que transcendem todas as coisas impuras e puras, superam toda a subida de todos os cumes sagrados, abandonam todas as luzes divinas e os sons e discursos celestes e penetram na escuridão onde verdadeiramente reside, como diz a Escritura, aquele que está além de tudo".

"Se acontece que, vendo a Deus, compreende-se o que se vê, é que não se viu ao próprio Deus, mas algumas dessas coisas cognoscíveis que a ele devem a existência. Isso porque em si mesmo ele ultrapassa toda inteligência e toda essência. Ele não existe, de maneira puperessencia, e não é conhecido, para além de toda intelecção, senão na medida em que é totalmente desconhecido e que não existe. E é este perfeito desconhecimento, tomado no melhor sentido da palavra, que constitui o verdadeiro conhecimento dAquele que ultrapassa todo conhecimento".

"... conhecer para além da inteligência pelo não conhecer nada".

"Não é sem razão que falamos de Deus e que o celebramos a partir de todos os seres... Mas a maneira de conhecer a Deus que é a mais digna dele é a de conhecê-lo à maneira de desconhecimento, numa união que ultrapassa toda inteligência, quando a inteligência, desprendida de antemão de todos os seres, sai em seguida de si mesma, une-se aos raios mais luminosos que a própria luz e, graças a esses raios, resplente na insondável profundeza da Sabedoria".

"Trindade superessencial e mais que divinal e mais que boa, tu que presides a divina sabedoria cristã, conduze-nos não somente para além de toda luz, mas para além do desconhecimento, até o mais alto cimo das Escrituras místicas, onde os mistérios simples, absolutos e incorruptíveis da divindade se revelam nas Trevas mais que luminosas do Silêncio. É no silêncio, com efeito, que se aprendem os segredos destas Trevas... que brilha com luz mais luminosa no seio da mais negra obscuridade e que, embora permaneça ela própria perfeitamente intangível e perfeitamente invisível, enche de esplendores mais belos que a beleza das inteligências que sabem fechar os olhos... ".

"Ousamos negar tudo a respeito de Deus para chegarmos a esse sublime desconhecimento que nos é encoberto por aquilo que conhecemos sobre o restante dos seres, para contemplar essa escuridão sobrenatural que está oculta ao nosso olhar pela luz perceptível nos outros seres".


Texto extraído do site:
http://coracaomistico.blogspot.com

5 comentários:

  1. está nas testemunhas oculares e nos livros de patrística e história que Mar-cellus foi consagrado Bispo por Dionísio, o Areo-pagite em Áries, e foi enviado para Toledo. Agora existem os registros de Dexter que mostra que Dionísio dedicou os livros dos Nomes Divinos para ele, uc 851, AD 98.
    ////////////////
    POLÍCRATES FOI UM BISPO DE ÉFESO NASCIDO NO ANO 125 DA ERA CRISTÃ E MORTO EM 196 AOS 71 ANOS

    diz que Timóteo, bispo de Éfeso, para quem as obras de Dionísio foram originalmente dedicada, foi martirizado durante o reinado de Nerva, AD 96-97.
    Agora vamos encontrá-lo chamando o amigo Marcelo, Timóteo, e apresentar os livros dos "Nomes Divinos" para ele, AD 98, a fim de que ele pode ainda ter uma Timothy na terra, ---- "em vivis" ---- embora sua primeira Timóteo, "migravit ad Christum," AD 97.
    Este é toque da natureza, que está preservada em uma crônica, escrito há mais de 1.400 anos atrás, por um estadista ilustre, por isso existem milhares de prova de que a obra "Divina Nomes "foram escritos anterior a 98 dC.
    ///////

    ResponderExcluir
  2. E está registrado na história e na patrística dos padres da igreja de que Pantaenus encontrou uma cópia do hebraico do Evangelho de São Mateus, na Índia. Agora, pelo extrato, contida no Scholia de Maximus, do Scholia de Dionísio de Alexandria morto no ano 265 da era cristã que possuem os nomes divinos da obra de São Dionísio de areopagita morto no ano 96 da era cristã.
    /////////////////
    E MAIS

    É também pelo extracto de uma carta do mesmo Dionísio, descobertos recentemente no Museu Britânico 6 (n º s . 12.151-2),em que sabemos que os escritos de Dionísio, o Areopagita eram conhecidos e apreciados em Alexandria alguns anos após a morte de Pantaenus no ano 200 da era cristã. Então podemos razoavelmente duvidar de que Pantaenus levou os escritos de Dionísio, e as obras mais abstratas de Hierotheus, para a Índia?

    ResponderExcluir
  3. AGORA VAMOS A ALGUMAS FONTES

    Prefácio à "nomes divinos". XV

    Bivarius diz que ele era da casa e família de
    César, sendo tio do Imperador Adriano. Mar-
    cellus foi consagrado Bispo por Dionísio, o Areo-
    pagite em Áries, e enviado para Toledo. Os registros de Dexter mostram que Dionísio dedicou o livros dos Nomes Divinos para ele, UC 851, AD 98.

    //
    Polícrates, bispo de Éfeso, diz
    que Timóteo, bispo de Éfeso, a quem as
    obras de Dionísio foram originalmente dedicado, foi
    martirizado durante o reinado de Nerva, AD 96-97.

    //

    Agora a partir de Patmos, vamos encontrá-lo chamando
    seu amigo Marcelo, Timóteo, e apresentar o
    livros dos "Nomes Divinos" para ele, AD 98,
    "ad migravit
    Christum, "AD 97.

    ResponderExcluir
  4. O Hieromártir Hierotheus, Foi primeiro Bispo de Atenas, era um membro dos Areópago ateniense e foi convertido a Cristo pelo apóstolo Paulo, juntamente com São Dionísio, o Areopagita

    /////////

    Existem três passagens importantes na obra "De divinis nominibus", onde Dionísio fala de Hierotheus como seu mestre e guia,

    //////////////
    E MAIS... Os escritos de Hierotheus são quase tão autoritário como os livros inspirados da Bíblia. Duas de suas obras ostenta o título (bastante estranho à Era Apostólica) "Esboços de Teologia" ( Theologikai stoicheioseis ) e "Hinos de Amor" (erotikoi umnoi ). É um trecho de vinte e sete linhas do trabalho anterior.

    E MAIS...

    São Lucas registra a conversão em Atenas

    de certos homens ilustres, e escolhe um deles pelo nome -

    Dionísio, o Areopagita. Assim, ele marca Dionísio como pré-

    eminentemente distinguidos.

    Agora Hierotheus foi, provavelmente, um dos homens ilustres. Ele era um Areopagita, como Dionísio. E como

    Dionísio foi enviado para a Gália, Hierotheus foi enviado para a Espanha. Ele se estabeleceu definitivamente em Segovia, ad 69.

    1 E ^ c. Hier., Cv, s. 5, c. vi., Mysterion. ^ Eclesiastes. Hier., C vii, Mysterion.

    <Episcopus aplica-se a ^ Hierarches govemamentais externos à administração espiritual.

    <Halloix Life of Hierotheus.

    ResponderExcluir
  5. Dionísio acrescenta três breves citações da segunda obra da Hierotheus. Eles tratam da definição do amor e das gradações dos poderes do amor (erotes) e sua redução a um princípio supremo do amor.

    Idéias neo-platônicas, tomadas, por exemplo, a partir de Proclus (Cousin ed. de 1864; cf "Instit theol..", Passim;. "Eu Aleib.", P 325;. "... Theol Plat", p 132) e outros, aparecem ao longo e fundir-se com outros pensamentos desenvolvidos pelo próprio Dionísio.

    Há, portanto, uma forte suspeita de que os referidos dois trabalhos não existem, e que o seu suposto autor, Hierotheus, é idêntica à Dionísio.

    ///////////

    OUTRAS REFERÊNCIAS

    Existe um episódio marcante da vida de Hierotheus, que está relacionado em "De div. Nom.", Iii, 2 que nos mostra Hierotheus, com os Apóstolos Pedro e Tiago e "muitos irmãos abençoados", reunidos em torno do corpo sagrado da Mãe de Deus.
    /////////
    E MAIS...

    Há, no Vaticano, uma carta em latim de Dionísio a São Paulo, no qual ele fala da beleza da bem-aventurada Virgem, sem dúvida, como pode ser visto na morte.

    ////////////

    E MAIS... Há uma outra na Bibliothèque Nationale, Paris, onde existe uma autobiografia em Sírio, na qual é afirmado que quando St. Paul descreveu a crucificação em seu discurso em Atenas, Dionísio enviado para buscar suas notas, é feito no Egito, a qual foi lida publicamente e encontra-se de acordo com St Paulo, tanto quanto a dia e hora. Ele diz, a visita de São Paulo a Atenas foi 14 anos depois da escuridão no Egito, o que colocaria a conversão de Dionísio em AD 44.

    ResponderExcluir