sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Verdade como Caminho, segundo o Novo Testamento.


Dentro de toda discussão teológica sistemática atual, essa é sem dúvida, uma das questões mais importantes e polêmicas dentro do contexto do Novo Testamento. O princípio do entendimento do que é a “verdade”, segundo o Novo Testamento, se dá num processo radical de conversão, atingindo assim, todas as formas metafóricas dos nossos pensamentos e do nosso agir ao longo da vida, e são confrontadas com o conceito metafórico desse caminho, como “espaço” onde reside a verdade. A partir dessa metáfora, entendemos que a verdade não é um resultado que já atingimos, e está em nossas mãos, ela consiste em algo que está diante de nós, e que nos leva através do caminho numa jornada contínua e progressiva. A verdade nesse contexto, é um processo e não um ponto de partida ou um resultado final.

Os primeiros cristãos eram chamados de “os do caminho” (At. 9.2), como também, o próprio evangelho era chamado por eles de “o caminho” (At. 19.9,23; 24.22). Em Hebreus 12.1-2 encontramos novamente a metáfora do caminho, e o que está descrito é a caminhada da fé, aquela antes definida pelo autor como “a certeza do que se espera, a convicção do que não se vê” (Hb. 11.1). O centro, o alvo desta caminhada é descrito como “o autor e consumador da fé, Jesus”. É ele próprio que se encontra no início da caminhada da fé, e também ele mesmo é o próprio alvo, logo a sua presença e a sua relação com ela ( a fé) é vão determinar a trajetória do caminho.

Também podemos citar a passagem paulina que diz: “a partir dele, por meio dele e para ele são todas as coisas” (Rm. 11.36), significa que a fé é dada por ele próprio, é mediada também por ele e finalmente se dirige a ele mesmo. Encontramos nesse texto, as mesmas qualificações do texto anterior, onde Jesus é o ponto de partida, o final e a mediação ao longo do caminho, logo então nesse entendimento, ele mesmo é “o caminho”.

No evangelho de João, o próprio Jesus diz: “Eu sou o caminho”, em seguida ele diz também: “Eu sou a verdade”, e finaliza o versículo dizendo: “Eu sou a vida”. Analisando esse versículo, fazendo um paralelo com o pensamento hebraico, percebemos que estes três termos devem ser vistos um à luz do outro, remetendo todos à mesma realidade, ou seja, a verdade, então é o próprio caminho, e também é a vida. Fazendo o paralelismo, “vida” aqui é o caminho que é a verdade. Então podemos definir da seguinte forma essa questão, a verdade se encontra no processo de vida, entendido como caminho.

Chegamos a conclusão, de que, a verdade segundo a visão do Novo Testamento só se faz e só se deixa aprender no próprio caminho, não em conceitos sobre o mesmo e muito menos em práticas que mostram que estamos no caminho de forma sistemática.


Kadu Santoro

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