domingo, 27 de fevereiro de 2011

A síntese do mistério da cruz - Análise alegórica do texto de João (Jo.14.6).


“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.”

Essa é a síntese do grande mistério da cruz, onde o eixo vertical até o encontro do eixo horizontal, representam o caminho, a direção a ser seguida para o alto (Cl. 3.1). Do eixo horizontal pra cima, onde fica o topo da cruz, representa a verdade, o campo espiritual, a morada do eterno, o Reino de Deus (Jo.18.36). A vida é representada pela parte horizontal, onde tudo tem um começo e um fim, é o eixo da temporalidade, das coisas passageiras, da vida terrena (Ec. 3.1-8).

Seguindo esse raciocínio, completando o versículo, onde Jesus nos diz que ninguém vai ao Pai, senão por Ele, ele nos revela profundamente o caminho a seguir, e em outro versículo, ele nos diz: que no mundo teremos aflições, mas devemos ter bom ânimo (Jo.16.33). Esse mundo, que Jesus venceu, só foi possível, carregando sua cruz, para que assim se cumprisse a verdadeira e legítima vontade do Eterno conforme as escrituras (Is.53.1-12). Ele precisou carregar a cruz (Fp.2.7,8), pois é nela que ele estabeleceu não só a salvação para a humanidade, mas a vida eterna, pois quando ele falou que está tudo consumado (Tetelestai Jo.19.30), naquele momento, as três dimensões do caminho da verdade e da vida, se fundiram, e a revelação de Deus se manifestou, e assim, o milagre da ressurreição aconteceu, para que todos pudessem entender o grande mistério da cruz.

Queridos, não queiram jamais aliviar o peso da sua cruz, e muito menos, encurtar ela, pois Deus não dá o peso maior do que nós podemos suportar. Muitas vezes a cruz parece mais pesada por causa dos nossos próprios pecados e ansiedades, porém, quando nos arrependemos e nos quebrantamos diante de Deus, ela passa a ficar mais leve (Mt.11.29). Devemos lembrar que a cruz não é uma punição de Deus, e sim um preço que pagamos pela nossa origem pecaminosa, fruto da queda do homem, pela consciência que passamos a ter do bem e do mau, isso nos trouxe o livre arbítrio, porém, passamos a ser responsáveis por todos os nossos atos, nos tornando assim mortais, nossos próprios julgadores, tendo apenas Jesus como nosso legítimo e único advogado (I Jo.2.1).


Kadu Santoro

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

As nove visões da Profecia Celestina


Mundialmente conhecido pelos seus escritos sobre a vida espiritual e as relações entre a experiência do dia-a-dia e a dimensão sagrada do Universo, James Redfield escreveu mais de dez livros mas ficou célebre com A Profecia Celestina, que se tornou rapidamente um livro de culto para muitos dos que se interessam pelas questões metafísicas. Nascido no Alabama em 1950 e licenciado em Sociologia pela Universidade de Auburn, Redfield publicou A Profecia Celestina quando tinha 43 anos, numa edição de autor, depois de ter trabalhado durante quinze anos como terapeuta com adolescentes psicologicamente fragilizados e com as suas famílias. A partir de 1994, o ano em que a Warner Books comprou os direitos e publicou A Profecia Celestina, este livro foi um dos mais vendidos em todo o mundo, tendo sido traduzido em quase todas as línguas. O fenómeno manteve-se ao longo da década de 90 e durante três anos consecutivos o livro esteve na lista de best-sellers do conceituado New York Times. James Redfield escreveu algumas sequelas desta novela, mas sem o mesmo sucesso alcançado pela Profecia. Por tudo o que fica dito sobre o livro e o autor, A Profecia Celestina é uma obra a não perder."


1º MASSA CRÍTICA

A Primeira Revelação alerta para as ditas “coincidências” que acontecem na nossa vida e às quais, muitas vezes, não ligamos. Ou, pelo menos, não prestamos a devida atenção. James Redfield deixa-nos suspensos no mistério, cheios de curiosidade mas com a noção exacta de que não existem acasos. O primeiro passo para a descoberta espiritual, diz ele, passa por tomar consciência de que grande parte dos mistérios do Universo se manifestam no nosso quotidiano. Redfield dá a conhecer outras possibilidades de ler o mundo e fá-lo através de aventura, da descoberta individual dos personagens que se cruzam no enredo da sua Profecia Celestina.

"A Primeira Visão é a visão do despertar. Contemplamos nossa vida e percebemos que existem mais coisas acontecendo do que imaginávamos. Além das nossas rotinas e desafios do dia-a-dia, podemos detectar a influência do elemento divino: "coincidências significativas" que parecem estar nos enviando mensagens e nos conduzindo a uma direcção particular.

No início apenas vislumbramos essas coincidências enquanto passamos rapidamente por elas, praticamente sem notá-las. Finalmente, porém, começamos a diminuir a velocidade e examinar mais de perto esses eventos. Receptivos e alertas, somos mais capazes de detectar o evento sincronístico seguinte. As coincidências parecem fluir e refluir, algumas vezes avançando rapidamente numa rápida sucessão, outras nos deixando quietos. Contudo, sabemos que descobrimos o processo da alma que guia nossa vida para a frente. As Visões remanescentes mostram como aumentar a frequência dessa misteriosa sincronicidade e descobrir o destino final em direcção ao qual estamos sendo levados."

2º O AGORA MAIS LONGO

Segunda Revelação contextualiza a nossa consciência no seu período histórico, fazendo com que a nossa visão sobre o Homem, Deus e o Universo se insira num continuum, num todo. Redfield ajuda-nos a perceber que o nosso olhar sobre o futuro tem de partir da compreensão do passado e presente. Parece evidente mas, por vezes, são os detalhes mais óbvios que nos passam despercebidos. Daí, também, a importância do discurso de James Redfield.

"A Segunda Visão é a consciência de que nossa percepção das misteriosas coincidências da vida é uma ocorrência histórica significativa. Depois do colapso da visão de mundo medieval, perdemos a segurança oriunda da maneira como a Igreja explicava o universo. Por conseguinte, há quinhentos anos atrás, decidimos colectivamente concentrarmo-nos em dominar a natureza, em usar nossa ciência e tecnologia para nos acomodarmos no mundo. Pusemo-nos então a criar uma segurança secular destinada a substituir a certeza espiritual que perdêramos. Para nos sentirmos mais seguros, sistematicamente afastamos e negamos os aspectos misteriosos de vida no planeta. Fabricamos a ilusão de que vivíamos num universo totalmente explicável e previsível, no qual eventos acidentais não tinham nenhum significado. Para manter a ilusão, tendemos a negar qualquer indício do contrário, a restringir a pesquisa científica dos eventos paranormais, e a adoptar uma atitude de absoluto cepticismo. Explorar as dimensões místicas tornou-se quase um tabu. Aos poucos, contudo, um despertar teve início. Nosso despertar não é nada menos do que nos libertarmos da preocupação secular da era moderna, e abrirmos nossa mente para uma visão nova e mais verdadeira do mundo."

3º UMA QUESTÃO DE ENERGIA

Ampliar a beleza e partir dela para perceber que tudo é energia no Universo é a substância da Terceira Revelação do manuscrito peruano que inspira toda a aventura espiritual da Profecia Celestina. Redfield explica que todo o Universo tem por base um campo de energia que emana de todas as coisas e seres, incluindo naturalmente o Homem. A compreensão desta Revelação passa pela visão desse mesmo campo de energia e essa capacidade começa por desenvolver uma sensibilidade acrescida à beleza. Posto assim, parece um discurso demasiado cifrado mas explicar o que está em questão pode desvirtuar a leitura do livro e retirar-lhe, até, algum do seu suspense. Alimentar a energia é essencial para fortalecer a nossa relação com os outros e connosco próprios.

"A Terceira Visão descreve nossa visão do universo como energia dinâmica. Ao contemplarmos o mundo que nos cerca, não mais podemos pensar que tudo é composto de substância material. A partir das inúmeras descobertas da física moderna e da crescente síntese com a sabedoria do oriente, estamos começando a perceber o universo como um vasto campo de energia, um mundo quântico no qual todos os fenómenos estão interligados e respondem uns aos outros. A partir da sabedoria do pensamento oriental, sabemos que temos acesso a essa energia universal. Podemos projectá-la para fora com nossos pensamentos e intenções, influenciando nossa realidade e a realidade dos outros."

4º A LUTA PELO PODER

Por isso, a Quarta Revelação decorre da Terceira: o Universo é alimentado por uma imensa fonte de energia, da qual, no entanto, os homens e mulheres se foram desligando, caindo num estado de carência e fraqueza. Dado que essa energia se tornou um bem escasso, os seres humanos são obrigados a competir uns com os outros para a recuperar. A acreditar em Redfield, esta competição, mais ou menos inconsciente, está na base de quase todos os conflitos humanos. Procurar alternativas é o que nos resta quando tomamos consciência de que as relações humanas estão enfraquecidas pelas lutas de poder e pelas ligações ‘vampirizadas’, tão frequentes nos dias que correm.

"A Quarta Visão é a consciência de que os seres humanos com frequência rompem sua ligação interior com essa energia mística. Em decorrência disso, temos tido a tendência de nos sentirmos fracos e inseguros, e com frequência procuramos nos reerguer sugando a energia de outros seres humanos. Fazemos isso tentando manipular ou dominar a atenção dos outros. Quando conseguimos conquistar à força a atenção de uma pessoa, somos impulsionados pela energia dela, o que nos torna mais fortes mas enfraquece a outra pessoa. Com frequência os outros se rebelam contra essa usurpação da sua força, gerando uma luta pelo poder. Todos os conflitos do mundo têm origem nessa luta pela energia humana."

5º A MENSAGEM DOS MÍSTICOS

A Quinta Revelação responde a esta questão mostrando que existe, de facto, uma fonte de energia alternativa. Para terem acesso a esta fonte superior, os homens e mulheres têm de abandonar os padrões de competição e controlo dos outros que até aqui utilizavam. Parece demasiado simplista mas, no contexto do livro, faz sentido.

"A Quinta Visão é a experiência da ligação interior com a energia divina. Ao explorar e seguir nossa divindade interior, podemos estabelecer um contacto pessoal com um tipo de experiência chamada mística. Em nossa busca deste estado alterado, distinguimos entre a descrição intelectual desta consciência e a consciência em si. Sob este aspecto, aplicamos certas medidas experimentais que indicam que estamos em conexão com esta energia espiritual. Por exemplo, sentimos o corpo leve? Sentimos uma leveza nos pés? Experimentamos uma intensificação da percepção como cores, aromas, sabores, sons e um senso de beleza mais vívidos? Experimentamos um senso de unidade, uma total segurança? E acima de tudo, vivenciamos o estado de consciência que chamamos de amor? Não em relação a alguém ou a alguma coisa, mas como uma constante sensação que sustenta nossa vida. Não queremos mais apenas falar a respeito da consciência mística. Temos a coragem de pôr em prática essas medidas para realmente buscar esta união com o divino. É esta conexão com a energia total que resolve todos os conflitos. Não mais precisamos da energia dos outros."

6º ESCLARECENDO O PASSADO

A Sexta Revelação desvenda o papel da experiência mística no processo de descoberta espiritual. Redfield explica que temos que abandonar os nossos comportamentos de controle de poder e resistir à tentação de sugar a energia dos outros. Chegou a altura de despertar para quem realmente somos, de alinhar com a nossa verdadeira natureza, de encontrar o nosso lugar no mundo para podermos, finalmente, ter acesso a esse estado especial da mente, que é, afinal, a experiência de nos deixarmos orientar na vida por coincidências significativas. Entender o conceito de experiência mística é essencial, portanto. Observar e conhecer a nossa própria mente é uma aprendizagem.

"Quanto mais permanecemos ligados, mais tomamos consciência dos momentos em que perdemos a ligação, geralmente quando estamos sob tensão. Nestes momentos, podemos perceber nossa maneira particular de roubar energia dos outros. Tão logo nos tornamos conscientes das nossas manipulações, nossa ligação torna-se mais constante e podemos então descobrir nosso caminho de crescimento na vida, bem como nossa missão espiritual, o modo pessoal pelo qual podemos contribuir para o mundo."

7º ENTRANDO NA CORRENTE

A Sétima Revelação ensina a fazê-lo em busca de novas ideias e pensamentos que devemos questionar, enquadrar e tentar compreender no contexto da nossa existência. Esta Revelação coloca-nos no fluxo da evolução, integrando todas as revelações numa única forma de estar.

"A Sétima Visão é a consciencialização de que as coincidências têm nos conduzido o tempo todo à realização da nossa missão e à busca da nossa questão vital básica. Dia a dia, contudo, nosso crescimento se dá através do entendimento e do acompanhamento das questões menos importantes que se originam nas nossas metas mais amplas. Tão logo formulamos correctamente às perguntas, as respostas sempre aparecem através de misteriosas oportunidades. Cada sincronicidade, por mais que conduza ao crescimento, sempre nos deixa com uma outra questão fundamental, de modo que nossa vida avança através de um processo de pergunta, resposta, uma nova pergunta, à medida que evoluímos ao longo do nosso caminho espiritual. As respostas sincronísticas são oriundas de muitas fontes: dos sonhos, devaneios, pensamentos intuitivos, e, com maior frequência, de outras pessoas que se sentem inspiradas a nos trazer uma mensagem."

8º CONSCIÊNCIA

A Oitava Revelação do manuscrito peruano que é o ponto de partida para toda esta aventura da Profecia Celestina, mostra que as relações amorosas são muitas vezes manifestações de co-dependência, porque criam a ilusão de que se pode ser uma pessoa completa “a meias”, isto é, enquanto casal. Processo de evolução. James Redfield empenha-se particularmente em mostrar como podemos quebrar os padrões de conduta que nos impedem de evoluir e declara que a grande aposta passa por melhorar a circulação da energia entre nós.

A Oitava Visão é a consciência de que a maior parte das sincronicidades têm lugar através das mensagens que nos são trazidas por outras pessoas e que uma nova ética espiritual em relação aos outros estimula essa sincronicidade. Se não competirmos energeticamente com as outras pessoas, e permanecermos ligados a energia mística interior, podemos elevar a vibração dos outros com a nossa energia, focalizando a beleza em cada rosto, enxergando o génio superior de cada indivíduo com quem entramos em contacto. A energia que transmitimos ao eu superior conduz a outra pessoa a uma consciência mais plena de quem ela é e do que está fazendo, aumentando a possibilidade de que uma mensagem sincronística possa ser comunicada. Elevar as vibrações dos outros é especialmente importantes quando interagirmos com um grupo, uma vez que toda a energia do grupo penetra naqueles que se vejam intuitivamente estimulados a falar. Também é importante usar esta ética ao cuidarmos das crianças e interagirmos com elas. Para elevar as vibrações das crianças, precisamos nos dirigir a sabedoria do seu eu e tratá-las com integridade. Precisamos tomar cuidado nos relacionamentos românticos para que a ligação eufórica do amor não substitua nossa ligação com a energia mística interior. Esta euforia amorosa sempre degenera numa luta pelo poder pois as duas pessoas fica viciadas uma na outra pela obtenção de energia.

9º A CULTURA EMERGENTE

Nona Revelação explica que o Homem vai passar por um processo de evolução consciente no próximo milénio e vai querer viver num planeta sustentável, a um ritmo mais compatível e menos acelerado e com um maior grau de atenção ao que é verdadeiramente essencial. Optimista e consolador, este livro serve de ponto de partida para entender algumas das questões que se prendem com a procura do sentido da vida. Mesmo que, à chegada, os leitores possam descobrir que o seu caminho é outro.

A Nona Visão é a consciência de como a evolução se dará se vivermos as outras oito visões. À medida que a sincronicidade aumenta, somos elevados a níveis cada vez mais altos de vibração de energia. Alem disso, à medida que formos conduzindo à nossa verdadeira missão, mudaremos de profissão, vocação ou criaremos nosso próprio negócio para podermos trabalhar no campo que mais nos inspirar. Para muitos, este trabalho será automatizar a produção de bens e serviços básicos: alimentos (além de produzirmos a nível individual), abrigo, vestuário, meio de transporte, acesso aos meios de comunicação e recreação. Esta automação será sancionada porque a maioria de nós não mais concentrará na indústria nossa vida de trabalho. Não haverá abuso no acesso desses bens porque todos estaremos sincronisticamente seguindo nosso caminho de crescimento e consumiremos apenas o necessário. A prática do dízimo, de dar aos outros o que nos proporcionam insight espiritual, suplementará a renda e nos libertará de cenários rígidos de trabalho. Finalmente, a necessidade de uma moeda corrente desaparecerá totalmente quando fontes gratuitas de energia e bens duráveis permitirem que a automação seja total. À medida que a evolução prosseguir, o crescimento sincronístico elevará nossas vibrações ao ponto em que penetraremos dimensão da vida após a morte, fundindo essa dimensão com a nossa e encerrando o ciclo de nascimento / morte.


Kadu Santoro


Texto extraído do site: http://www.monicacamacho.com/blog/blog.php?bid=206&print=1

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Angelus Silesius (1624-1676) - O Peregrino Querubínico


Angelus Silesius, era o pseudônimo de Johannes Scheffer, que nasceu em 1624, em em Breslau, na Polônia. Nascido em uma família luterana de posses recebeu uma fomação clássica, partiu em 1643 para estudar medicina em Strasbourg, Leyde e Pádua. Doutor em filosofia e medicina, tornou-se médico do príncipe de Öls, frequentando círculos místicos e ligando-se a Abraham von Franckenberg, díscipulo de Jacob Boehme. Foi luterano fervoroso até os 29 anos. Um ano após a morte de seu mestre, Scheffler converteu-se ao catolicismo em 1653, tomando o nome de Angelus Silesius. Passou a viver em retiro e silêncio durante três anos, e publicando vários poemas. Ordenou-se padre em 1661, com 37 anos, e escreveu panfletos contra os protestantes, continuando com sua obra poética.

Silesius foi um grande místico; procurou continuamente Deus dentro de si mesmo. Silesius foi um apaixonado por Cristo.

Foi místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista. Escreveu o livro "O Peregrino Querubínico", livro que reúne dísticos alexandrinos rimados. Silesius foi também um grande expoente da poesia barroca alemã.

Herdeiro da grande tradição de Eckhart e Tauler, mas também de Boehme, Angelus Silesius lhes deu uma expressão poética ímpar, além de qualquer formulação cofessional. Deus é indefinível, ao mesmo tempo Tudo e Nada, Ser e Nada. Diante de seu Criador, o homem não é nada e no entanto nele somente, que é "à imagem de Deus", este pode se contemplar. O homem deve assim abandonar-se totalmente, esvaziar-se de si-mesmo, para tornar-se aquilo que verdadeiramente é, um reflexo divino e deste modo eterno. O Peregrino Querubínico influenciou muitos filósofos alemães, sendo reconhecido como uma das formulações mais notáveis de um misticismo que supera toda e qualquer convenção.

Angelus Silesius faleceu em 1676, na cidade de Breslau, 52 anos.

PENSAMENTOS DE ANGELUS SILESIUS

"De tal modo Deus tudo ultrapassa, que nada se pode dizer: por isso melhor rezas a ele quando ficas em silêncio"

"Pára, aonde corres? O céu está em ti! Se procuras Deus noutro lugar, sempre mais o perdes"

"A mais nobre oração é quando o orante se transforma no íntimo naquele ao qual se ajoelha"

"Homem, se não sabes pedir graça a Deus com palavras, fica mudo diante dele: serás ouvido da mesma forma"

"Sem íntima comunhão com a divindade de Deus, como posso ser seu filho e ele meu pai?"

"Meu amor e meu tudo! - é o eco de Deus quando me ouve invocar: meu Deus e meu tudo!"

"O pássaro vive no ar, a pedra no chão, na água o peixe, e meu espírito na mão de Deus"

"Se de Deus nasceste, Deus floresce em ti, e sua divindade é tua seiva e ornamento"

"Sou vasto como Deus: não há no mundo inteiro quem me mantenha (oh, maravilha!) fechado em mim"

"Quando me perco em Deus chego de novo lá onde antes de mim eu era desde a eternidade"

"Quando pensas em Deus, em ti o ouvirás: se te calas e aquietas, ele sempre te falará"

"Deus me ama tanto quanto tudo sobre a terra: se não se tivesse encarnado, o faria agora por mim"

"Pode-se chamar o Altíssimo com todos os nomes; mas também, ao contrário, não lhe dar nome nenhum"

"Quem diz que algo no mundo é doce e amável ainda não conhece a beleza de Deus"

"Esvazia para Deus teu coração: ele não entra em ti se não vê o teu coração saído do teu coração"

"Tenho em mim a imagem de Deus: se ele quer ver-se, pode fazê-lo apenas em mim e em quem é como eu"

"O sábio jamais perdeu sequer um centavo: nunca teve nada, e nada lhe foi tirado"

"Eu próprio sou eternidade, quando abandono o tempo e me recolho em Deus e Deus em mim"

"Quanto mais te abandonas em Deus, mais ele nasce em ti; nem menos nem mais ele te ajuda em tuas fadigas"

"Sei que sem mim Deus não pode um momento viver: se eu nada me tornar, ele deve por certo morrer"

"Deus é fogo em mim e eu nele sou a luz: não estamos, juntos, profundamente unidos?"

"Nunca o homem bendisse mais altamente a Deus do que quando lhe concedeu gerá-lo como Filho"

"Se minha lâmpada deve espalhar luz e raios, o óleo, meu amado Jesus, deve jorrar de ti"

"Apenas Deus me ama: tanto se inquieta por mim que morre de temor que eu não o siga"

"Meu coração é um altar e minha vontade a vítima, minha alma é o sacerdote e o amor chama e brasa"

"Sou grande como Deus, e ele pequeno como eu; ele não pode estar acima de mim, nem eu abaixo dele".

"Puro como o mais fino ouro, firme como uma rocha, completamente límpido como o cristal: assim deve ser teu coração"

"Eu não sei o que eu sou, eu não sou o que eu sei:Uma coisa, e por tanto coisa nenhuma, um pequeno ponto e um círculo"

"Também sou filho de Deus, estou sentado a Sua direita: Seu Espírito, Sua carne e Seu sangue são em mim conhecidos"

"Deus não se dá a ninguém; se oferece a todos, para ser todo teu se tu O queres"


Kadu Santoro

extraído do site: http://coracaomistico.blogspot.com

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

As sete Leis Herméticas ou Leis Imutáveis do universo segundo Hermes Trismegistos


As sete leis herméticas

As sete principais leis herméticas se baseiam nos princípios incluídos no livro Caibalion que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. A palavra Caibalion, na língua hebraica significa tradição ou preceito manifestado por um ente de cima. Esta palavra tem a mesma raiz da palavra Kabbalah, que em hebraico, significa recepção.

Lei do Mentalismo
"O Todo é Mente; o Universo é mental."


O universo funciona como um grande pensamento divino. É a mente de um Ser Superior que 'pensa' e assim é tudo que existe. É o todo. Toda a criação principiou como uma ideia da mente divina que continuaria a viver, a mover-se e a ter seu ser na divina consciência.
A matéria são como os neurônios de uma grande mente, um universo consciente e que 'pensa'. Todo o conhecimento flui e reflui de nossa mente, já que estamos ligados a uma mente divina que contém todo o conhecimento.

Lei da Correspondência
"O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima"

A perspectiva muda de acordo com o referencial. A perspectiva da Terra normalmente nos impede de enxergar outros domínios acima e abaixo de nós. A nossa atenção está tão concentrada no microcosmo que não nos percebemos o imenso macrocosmo à nossa volta.
O principio de correspondência diz-nos que o que é verdadeiro no macrocosmo é também verdadeiro no microcosmo e vice-versa. Portanto podemos aprender as grandes verdades do cosmo observando como elas se manifestam em nossas próprias vidas.

Lei da Vibração
"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra"

No universo todo movimento é vibratório. O todo se manifesta por esse princípio. Todas as coisas se movimentam e vibram com seu próprio regime de vibração. Nada está em repouso. Das galáxias às partículas sub-atômicas, tudo é movimento.
Todos os objetos materiais são feitos de átomos e a enorme variedade de estruturas moleculares não é rígida ou imóvel, mas oscila de acordo com as temperaturas e com harmonia. A matéria não é passiva ou inerte, como nos pode parecer a nível material, mas cheia de movimento.

Lei da Polaridade
"Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados "

A polaridade revela a dualidade, os opostos representando a chave de poder no sistema hermético. Mais do que isso, os opostos são apenas extremos da mesma coisa. Tudo se torna idêntico em natureza. O pólo positivo + e o negativo - da corrente elétrica são uma mera convenção.
O claro e o escuro também são manifestações da luz. A escala musical do som, o duro versus o flexível, o doce versus o salgado. Amor e o ódio são simplesmente manifestações de uma mesma coisa, diferentes graus de um sentimento.

Lei do Ritmo
"Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação"

Pode se dizer que o princípio é manifestado pela criação e pela destruição. É o ritmo da ascensão e da queda, da conversão energia cinética para potencial e da potencial para cinética. Os opostos se movem em círculos.
É a expansão até chegar o ponto máximo, e depois que atingir sua maior força, se torna massa inerte, recomeçando novamente um novo ciclo, dessa vez no sentido inverso. A lei do ritmo assegura que cada ciclo busque sua complementação.

Lei do Gênero
"O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero se manifesta em todos os planos da criação"

Os princípios de atração e repulsão não existem por si só, mas somente um dependendo do outro. Tudo tem um componente masculino e um feminino independente do gênero físico. Nada é 100% masculino ou feminino, mas sim um balanceamento desses gêneros.
Existe uma energia receptiva feminina e uma energia projetiva masculina, a que os chineses chamavam de yin yang. Nenhum dos dois pólos é capaz de criar sem o outro. É a manifestação do desejo materno com o desejo paterno.

Lei de Causa e Efeito
"Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei"

Nada acontece por acaso, pois não existe o acaso, já que acaso é simplesmente um termo dado a um fenômeno existente e do qual não conhecemos e a origem, ou seja, não reconhecemos nele a Lei à qual se aplica.
Esse princípio é um dos mais polêmicos, pois também implica no fato de sermos responsáveis por todos os nossos atos. No entanto, esse princípio é aceito por todas as filosofias de pensamento, desde a antiguidade. Também é conhecido como karma.
Da Energia Latente no Ser Humano
Ser Humano (Ser) é Energia. Essa Energia é força de maior intensidade, de menor intensidade e de zero intensidade. O Ser ativo, participativo, solidário, ético, optativo e decisivo é um Ser de Energia de intensidade alta, grande, maior. Um Ser inativo, egoísta, passivo, corruptor, inoptativo e indeciso é um Ser de Energia de intensidade baixa, rasa, sofrível. Um Ser doente, em fase terminal, é um Ser de intensidade de Energia igual a zero. Um Ser que faz o mal, vive para o mal, pratica o mal, venera o mal, participa para o mal, tem o pensamento voltado para o mal, ludibria a vontade alheia em proveito próprio, tem uma Energia de intensidade sofrível. Um Ser que é benevolente, que pratica boas ações, que venera o bem, faz o bem sem olhar a quem, ajuda ao próximo, tem o pensamento voltado para a prática do bem, é altruísta, provoca a paz entre os homens, tem uma Energia de intensidade maior. Um esquema para melhor entender esse homem de Energia sofrível: A Elipse é aberta em ordenadas e abscissas negativas.

Um esquema para melhor entender esse homem de Energia maior: A Elipse é fechada em ordenadas e abscissas positivas.

Um esquema para melhor entender esse homem de Energia zero: A Elipse tem abscissas e ordenadas iguais.


Kadu Santoro

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

As relações entre os filhos dos Deuses e as filhas dos homens nos relatos do Antigo Testamento


Quando os homens começaram a se multiplicar sobre a face da tera e lhes nasceram filhas, os FILHOS DE DEUS * viram que as filhas dos homens eram formosas e tomaram como mulher todas as que lhes agradaram. E então disse o Senhor, "Meu espírito não terá força indefinidamente sobre o homem, pois este na verdade é só carne. E os seus dias serão cento e vinte anos." Ora, naqueles tempos, os Nefilim habitavam sobre a terra, e também depois, quando os Filhos de Deus se uniam às filhas dos homens e estas lhes davam filhos : estes forma os heróis dos tempos antigos, os homens de renome.

GÊNESIS 6, 1-4

Há milênios essa história tem escandalizado os leitores da Bíblia, e não sem motivo, ela parece ir contra a natureza do nosso entendimento tradicional da religião bíblica.
Se alguém lhe pedisse para identificar a origem de uma história sobre deuses que tomam esposas humanas e dão origem a uma raça de heróis semidivinos, você provavelmente diria que seria um mito grego, escandinavo, ou indiano, mas jamais pensaria se tratar de uma história BÍBLICA!
Ma a história existe, e talvez seja a nossa compreensão tradicional que esteja errada.
No passado muitos estudiosos rejeitaram a história como sendo uma espécie de aberração bíblica.
Se alguém lhe pedisse para identificar a origem de uma história sobre DEUSES que tomam esposas HUMANAS e dão origem a uma RAÇA DE HERÓIS SEMIDIVINOS , sua respotas poderia ser, é um mito grego, ou , talvez, uma lenda nórdica, ou , então, um conto popular africano ou indiano. Sem duvida esta história não poderia vir das escrituras sagradas do judaismo e do cristianismo. ... MAS... é mesmo esta a fonte de tal história.

No passado muitos estudiosos bíblicos simplesmente rejeitaram a história como uma espécie de aberração bíblica. Os primitivos comentaristas judeus e cristãos também se mostraram perplexos com esta passagem. E como ela já estava estabelecida no texto sagrado , a unica forma de evitar as desagradaveis implicações de deuses e humanos se unindo e tendo filhos seria arranjar uma interpretação que a tornasse mais aceitável. Assim os antigos rabinos entendiam que a expressão BENE HA'ELOHIM não se referia aos "filhos de deuses", mas a "homens honrados". Os padres da igreja por sua vez a interpretavam como uma referencia a SETE, que nasceu de Adão e Eva DEPOIS que Caim matou Abel ( " tornou adão a conhecer sua mulher e ela deu a luz um filho a que deu o nome de SETH, porque disse ela , deus me concedu outro descendente em lugar de abel, genesis 4,25 )
Desta forma tanto os antigos interpretes judeus como os cristão evitavam o problema das implicações POLITEISTAS sugeridas na passagem biblica.
Porém nenhuma destas interpretações antigas tem qualquer prova a apoia-las . Elas simplesmente mostram como os antigos EXEGETAS tentavam suavizar o trecho problemático.
E nós hoje em dia? como devemos entender a história ?
Deuses amorosos
belas mulheres
sexo
maldições
e fama
eis aqui todos os elementos de uma novela de sucesso, com motivos míticos incluidos como moderação.
Estudemos a questão :
1- vamos estabelecer a identidade dos "FILHOS DE DEUS " ( em hebraico BENE HA'ELOHIM) são conhecidos de vários textos da biblia hebraica, em Jó 1,6 e 2,1, os filhos de deus se apresentam a jeová na divina assembleia celestial, mais adiante, em jó 38,7, vemos que --os filhos de deus estiveram ao lado de jeova na CRIAÇÃO DO MUNDO, quando veem a obra de deus "rejubilavam os filhos de deus ".
Eles aparecem também na forma hebraica BENE 'ELIM na assembleia divina de jeova no salmo 89,7, onde se proclama "sua incomparabilidade entre os deuses ", e no salmo 29,1 onde os filhos de deus (bene 'elim) tributam gloria ao senhor.
E a mais curios referencia se faz no famoso cantico de moises, no deuteronomio 32, justamente antes de ele subir ao monte nebo para morrer sem ter entrado na terra prometida.
O deuteronomio 32,8 contém o que aparentemente é uma velha referencia mitológica a primitiva história da humanidade. O texto hebraico tradicional diz : " Quando o altissimo partilhava as nações, quando separava os filhos dos homens uns dos outros, ele fixou as fronteiras dos povos segundo o numero dos FILHOS DE ISRAEL "
O sentido desta frase é razoavelmente claro até chegar a ultima expressão. Como se poderia estabelecer as fronteiras dos povos ( incluindo as nações não israelitas) segundo o numero dos "filhos de israel" ? Já existia então Israel? Ainda não, de acordo com o sentido do texto. Há algo errado nessa passagem, o final está em contradição com o inicio.
A contradição não aparece em todas as Bilbias, contod na RSV - versão revisada padrão - por exemplo, o deuteronomio 32,8 diz que as fronteiras dos filho dos povos são fixadas não conforme o numero dos filhos de israel, mas ism conforme os numeros dos FILHOS DE DEUS.
Essa redação se baseia na SEPTUAGINTA GREGA, uma tradução da bilia feita no seculo III ANTES de cristo para os judeus de Alexandria que não sabiam ler o hebraico. Os modernos tradutores da RSV concluiram que , neste caso a septuaginta, e não o texto hebraico aceito ( o texto MASSORÉTICO), preservou a redação ORIGINAL. já nas traduções da biblia fieis ao texto hebraico aceito aparece --filhos de israel-- em lugar de --filhos de deus--.
Pois bem, descobriu-se recentemente que um texto fragmentário entre os manuscritos do mar morto continha o deuternomio 32,8 composto com escrita do final do periodo herodiano (fim do século I a.c. ao inicio do seculo I d.c.) esse fragmento é hoje o -- mais antigo texto HEBRAICO do deuteronomio 32,8 conhecido -- nesse fragmento as ultimas palavras dos versiculo são claramente --OS FILHOS DE DEUS-- e não filhos de israel.
Esta redação preservada em grego na septuaginta, mas não no texto hebraico consagrado, é então obviamente a REDAÇAO ORIGINAL AUTENTICA.
De acordo com este estudo aprofundado constatamos que os FILHOS DE DEUS, não apenas estavam presentes no inicio do mundo, mas também figuram de forma importante na divisão das nações.

----De acordo com oversiculo subsequente, jeova escolheu israel como sua propria porção, dando a entender que cada uma das outras divindades, os FILHOS DE DEUS, também receberam uma nação para governar !---
Desta forma a divisão de cada nação conforme os filhos de deus, faz sentido, podemos ver nessa passagem uma indicação de que houve um tempo em que os filhos de deus tiveram um papel bem mais importante na primitiva história da humanidade do que em geral ficou preservado nas tradições biblicas.
Se quisermos um relato ainda mais antigo sobre os filhos de deus, devemos procurar fora da biblia hebraica. Como acontece com muitos outros elementos das tradiçoes religiosas de israel, a origem do conceito de filhos de deus pode ser buscada nas tradições CANAANITAS do século XIV a.c. ( já a 1500 anos antes de cristo) gravados em escrita cuneiforme em placas de argila. descobertos em 1928 na antiga cidade de UGARIT, no litoral sirio , esses textos proporcionam uma riqueza de informações sobre a sociedade, a religiao e as tradições narrativas de canna no periodo anterior ao nascimento de israel.
Nos mitos, epopéias e textos rituais de Ugarit, a expressão -os filhos de deus-- ( banu ili ou banu ili-mi) ocorre com frequencia. No panteao canaanita, o deus principal é EL, cujo nome significa literalmente --DEUS--. Ele e sua mulher ACHERÁ, são O PAI e a MÃE dos DEUSES .
A expressão -os filhos de deus- pode ser traduzida literalmente como -- os filhos (ou descendentes ) de EL.
Os bene1elim são encontrados não somente nos textos de ugarit, mas também em inscrições fenicias dos século VIII a VII a.c. e numa inscrição AMONITA do século IX a.c., recentemente descoberta em amã, jordania.
Assim, o conceito de filhos de deus está presente nas tradições acanaanitas durete um periodo bastante extenso.

O uso da expressão pelos israelitas tem sua origem no acervo do conhecimento tradicional herdadeo os canaanitas. Na tradição israelita, os filhos de deus são as divindades menores que acompanham JEOVA na sua assembleia celestial.
Sua esfera de atividade é restrita, em comparação com seus antepassados canaanitas, e isto se deve ao fato de JEOVA, no CULTO ISRAELITA ter reunido as funçoes essencias dos OUTROS deuses.
Conclui-se indubitavelmente que JEOVÁ é UM DOS FILHOS DE DEUS, mas que depois foi elevado por um povo especifico ao cargo de DEUS SUPREMO .... ( e unico) ....
Apenas em alguma passagens se da destaque as atividades dos FILHOS DE DEUS, e estas passagens refletem tradiçoes bastante antigas.
Na verdade elas se enquadram perfeitamente nos textos mitológicos de UGARIT com a unica diferença de que o DEUS PRINCIPAL é JEOVÁ e não EL !!!

Agora vamos passar para os filhos de deus e sua descendencia, resultante de sua união com as filhas dos homens, como descreve o genesis 6,1-4.
Note como está claro que estes DESCENDENTES descritos no genesis, são mencionados como NEFILIM, que são descritos como -- HERÓIS DOS TEMPOS ANTIGOS -- homens de renome. Mas quem são os nefilim?
Nefilim, literalmente significa , OS CAÍDOS, sendo um eufemismo comum para - OS MORTOS - , em jeremisas 6,15 "eles cairão entre os que caem" , em ezequiel 32,27 temos os nefilim como guerrreiros que cairam :
" eles jazem com os guerreiros
os nefilim dos tempos antigos,
que desceram ao xeol ( sepulcro)
com suas armas de guerra

Em outras partes da tradição biblica , os nefilim são descritos como GIGANTES, que eram os habitantes nativos de CANAÃ
No deuteronomio 2,11 os gigatnes ENACIM descendentes dos NEFILIM também são chamados de RAFAIM, um termo mais geral paraq os habitantes nativos de canaã de elevada estatura.
Dois dos mais conhecidos entre os rafaim são o rei OG, cujo imenso leito de ferro ainda podia ser visto em rabá, do povo de amo, e o gigante GOLIAS descrito como descendente de rará em gate....
os NEFILIM portanto parecem ter sido uma RAÇA DE HEROIS que viveu antes do diluvio e também em canaa , quando os sraleitas ainda não haviam conquistado a terra prometida.
Por este tempo os nefilim acabam , como o nome sugere, como os MORTOS.
Diz-se que os refaim e enacim foram exterminados por josue , moises e caleb, embora restassem alguns desgarrados que seriam mortos por davi e seus homens....
josue nos diz em 11, 22 que -- nenhum dos enacim sobrevieu na terra de israel, somente em gaza, em gate e em asdode alguns sobreviveram.
A função dos nefilim-rafaim-enacim , os GIGANTES SEMIDEUSES , é constante em todas essas tradições. Eles existem para serem aniquilados, pelo diluvio, por moises, por davi e outros, na tradição israelita, os nefilim tem uma funçado de MORRER .
como o significado real de nefilim é os caidos, a conexao entre a morte e os nefilim parece ser fundamental para varias formas da tradição.

O que se nota é que, além de JEOVA ter sido UM dos FILHOS DE DEUS, tornou-se O PROPRIO DEUS para a TRADIÇÃO CRIADA PELOS ISRAELITAS, os OUTROS FILHOS DE DEUS, se tornaram secundarios, menores, e certamente a tradição israelita dona do SEU deus , chamado jeova, tratou de EXTERMINAR com estes DEUSES MENORES, ou agora SEMI-DEUSES, ou semi-divinos, ou sobre-humanos....
assim o heroi DAVI mata o TITÃ GOLIAS....
no final das contas começamos a vislumbrar sempre aquelas raizes MITOLOGICAS semelhantes a todos os povos, com um PANTEÃO de DEUSES, e podemos notar o fenomeno bem humano que ocorre quando todos os deuses são suprimidos, mas um dos já existentes é mantido até se tornar o DEUS ÚNICO.
Parece que na versão original da história do acasalamento em genesis 6,1-4, os nefilim foram destruidos pelo diluvio, mais exatamente foram a sua causa !
Vejamos a lenda mesopotamica do diluvio que tem muita relação com a historia do diluvio registrado na biblia.
Na lenda mesopotamica, o motivo dso deuses para o diluvio, é um desequilibrio cosmico entre o mundo humano e o mundo divino , o primeiro esta superpovoado e os deuses naão conseguem dormir por causa do barulho.

... as pessoas se multiplicavam , a terra berrava como um touro.
os deuses ficaram irritados com a gritaria,
enlil ouviu o barulho da terra.
ele se dirigiu aos grandes deuses :
- o barulho da humanidade é demais para mim, seu vozerio não me deixa dormir....

Naqueles tempos primevos, segundo acreditavam os babilonicos , os humanos viviam eternamente, o que provocou superpopulação, as pessoas podiam morrer me virtude de violencia ou fome, mas a morte natural ainda não havia. ( note que a biblia também relata este tipo de crença, em pessoas que viviam centenas de anos) Enlil determina o diluvio, que eliminara todos os humanos e resolvera o problema do barulho, a solução final de Enlil.
No entanto , o ardiloso adversario de Enlil, o deus ENKI, tenta frustrar o seu plano e alerta um homem " extremamente sábio" chamado ATRÁXIS para construir uma arca para si e sua familia, juntamente com um grupo de animais , para se salvar da inundação.
Quando as aguas bsaixam, tendo atraxis e sua familia sobrevivido, os deuses enlil e enki procuram um entendimento e finalmente chagam a uma solução conciliatória, sugerida por enki, qual seja, o controle do crescimento da população humana, a partir de então as pessoas morreriam de morte natural.
A morte passa a ser o DESTINO da humanidade.

Na história do genesis 6,1-4 , a resposta divina ao desequilibro cosmico representado pelo acasalamento dos filhos de deus com as filhas dos homens, da mesma forma , é a limitação do tempo da vida humana : " meu espirito, não terá força indefinidamente sobre o homem , diz, jeová em genesis 6,3 , pois este na verdade é só carne. e os seus dias serão 120 anos."
Comparando os mitos e toda as informações, temos a impressão que na primitiva tradição israelita, o motivo para o diluvio foi a destruição dos nefilim, pois o fato de que os filhos de deus se uniram as filhas dos homens gerou um desequilibrio cosmico com os SEMI-DIVINOS que apareceram. A conclusão natural do genesis 6,1-4, de acordo com a lógica do mito é o DILUVIO , o desaparecimento da humanidade e a simultanea aniquilação da desordem...
Após o diluvio surge uma nova ordem.
No genesis que chegou até nós , todavia, a conclusão do antigo mito foi alterada. O diluvio não é mais provocado pela união dos filhos de deus com as filhas dos homens, a conclusão domito foi SEPARADA da narrativa do diluvio, EMBORA ela venha imediatamente a seguir, começando em genesis 6,5-8, e um novo motivo é colocado no relato biblico. O motivo em genesis 6, 5-8 é o CRESCIMENTO da maldade do homem sobre a tera, e não o crescimento da população ( como no mito babilonico) ou a união dos deuses e mortais ( como no mito preservado em parte em genesis 6,1-4).
Note o paralelo que ocorre no inico do mito do genesis 6,1-4 : -- quando os homens começaram a se MULTIPLICAR sobre a face da terra ( genesis 6,1) e no diluvio : -- viu o senhor que a maldade dos homens se MULTIPLICAVA sobre a terra .....

A terminação original da história do genesis 6,1-4 esta truncada na sua sequencia lógica --o diluvio que viria para eliminar o desequilibro cosmico de deuses se unindo com os humanos -- transformou a historia dos filhos de deus tomando esposas entre as filhas dos homens simplesmente num exemplo de inclinação do homem para o mal.

O que se percebe é uma rede de novas histórias criadas como resultado de uma transição entre um estado primitivo de coisas para uma situação MODERNA.
Esse ciclo de histórias se introduz nas histórias dos patriarcas e na narração da aliança entre JEOVÁ e ISRAEL.
O ciclo primevo no genesis se caracteriza por uma série de transgressões mitológicas dos limites, que provocam um conjunto de respostas divinas. Aos poucos, essas respostas vão construindo uma nova ordenação do cosmos.
A mistura de deuses e mortais no genesis 6,1-4 é refletida na mistura do divino e humano na história do jardim do éden, na qual os humanos desejam -ser como deuses, conhecedores do bem e do mal-, que é um outro desequilibro cosmico.
em consequencia adao e eva são expulsos do paraiso.
Da mesma forma a torre de babel , onde os humanos querem construir uma torre que chegue ao topo dos céus e são punidos por deus com a confusão de linguas, os limites entre o divino e o humano também são rompidos e o resultado é a decretação dos laços da vida humana em cento e vinte anos.
O padrão básico persiste.
As histórias continuam numa forma dialética, gerando oposições e resolvendo-as , esboçando o tempo todo a transição de uma NATUREZA MITICA para uma CULTURA HUMANA, de uma era em que os humanos vivem nus e são imortais para uma era de roupas, mortalidade, trabalho pesado e nações - a era do mundo atual.

O genesis 6,1-4 se ajusta perfeitamente a esse contexto - a repetição de transgressões mitológicas dos limites e a lenta construção da limitação do mundo humano.


Artigo extraído do site: http://www.cientifica.50megs.com/arqueologiahtm/marmorto13.htm

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O POLÊMICO MÍSTICO DIONÍSIO AREOPAGITA, OU PSEUDO-DIONÍSIO


Teólogo e filósofo neoplatônico cristão de expressão grega, mas de origem desconhecida, dito também Pseudo-Dionísio por ter assumido o nome daquele Dionísio Areopagita, ao qual o Apóstolo Paulo converteu ao cristianismo pelos anos 50 de nossa era, por efeito de seu discurso no Areópago de Atenas. Dionísio Areopagita se apresenta como discípulo de São Paulo de Atos 17,34. Dele possuímos as seguintes obras: Sobre a Hierarquia Celeste; Sobre a Hierarquia Eclesiástica; Sobre os Nomes Divinos; Cartas e a obra Sobre a Mística Teologia. Não existe nenhuma citação patrística, sobre Dionísio, a não ser em 532 quando ele vem citado num encontro entre Católicos, que aderiram ao Concílio de Calcedônia, e Monofisitistas Severianos. Neste encontro entre Monofisitistas e Calcedonenses, em Constantinopla, o Bispo Hipázio de Éfeso, negava a autenticidade deste "corpus" enquanto os monofisitistas baseavam sua "ortodoxia" chamando Dionísio em testemunho.

Muitos estudiosos esforçaram-se em datar e identificar nosso autor: ou atribuindo a Dionísio ser o discípulo de Paulo; ou conforme a Escola Francesa que procura identificá-lo como o primeiro Bispo de Paris, São Dionísio; ou com Pedro Ibério; ou com Pedro Fulão, Severo de Antioquia, etc.
Os estudiosos não conseguiram definir a data dos escritos dionisianos a partir da questão histórica. Koch e Stigmayr conseguiram aproximar uma datação a partir do estudo interno das obras recavando elementos que poderiam indicar sinais de nosso autor na história.

O primeiro elemento relevante encontramos no capítulo IV do tratado Sobre os Nomes Divinos. Este tratado dependia do De Malorum Subsistentia de Proclo que morrera em 485. Este elemento forçava a datação mais próxima para a metade do século V e início do século VI. Devemos destacar que não se trata somente de um estilo de aproximação entre eles, mas que Dionísio cita frases inteiras de Proclo.

Stigmayr tentou então fazer uma cronologia destacando os seguintes pontos:
1. O Concílio de Calcedônia (451) tinha condenado a doutrina Eutiquiana da mistura de Cristo. No "corpus dionysiacum" encontramos também esta preocupação. Nesta hipótese podemos datar o "corpus" depois de 451.
2. No livro que nos fala Sobre a Hierarquia Eclesiástica III,2 encontramos a referência ao Credo como parte integrante da Eucaristia, e por isso, o "corpus" deve ser posterior a 476, visto que o monofisitista Pedro Fulão foi quem introduziu na Eucaristia o Credo em Antioquia.
3. Também o decreto Henótikon do Imperador Zenão. Ele procurou conciliar os Calcedonianos e Monofisitistas condenando o uso de "uma natureza" e "duas naturezas" que também vêm evitadas na obra de Dionísio.
4. No comentário de André de Cesaréia, ao Apocalipse de São João, Dionísio é chamado em testemunho. Também Severo de Antioquia escrevendo ao Abade João cita Dionísio.

Todas estas evidências fazem datar nosso autor em fins do século V e início do século VI.

A autoridade de Dionísio vem confirmada com Máximo o Confessor, e a partir de então, Dionísio entra como citação na Igreja Oriental. Papas e Imperadores foram quem abriram no Ocidente as portas para Dionísio. Ele foi citado pelo Papa Gregório Magno (+604) bem como Papa Agatão (680) Adriano I (787). O Papa Paulo I (758) presenteou a Pepino, o Breve, com os escritos de Dionísio. Foi Ludovico Pio quem encomendou ao abade Hilduino fazer a primeira tradução do "corpus dionysiacum" para o latim. Mais tarde Escoto Eriúgena (810-877), a pedido de Carlos II, o Calvo, fez uma nova tradução que será muito superior àquela de Hilduíno.

Gozou de grande autoridade no decorrer de toda a Idade Média, porque se supunha contemporâneo dos primeiros cristãos. Mais precisamente, o autor pode ter vivido na Síria, talvez um bispo por causa da maneira respeitosa de se referir às autoridades da Igreja. As
suas obras proporcionaram uma importante contribuição ao estudo da filosofia da religião, também no Ocidente, onde circularam em versão latina. Foi de um nível de pensamento superior entre os cristãos. Sua orientação é neoplatônica e reproduziu textos de Proclo (480-485), sem todavia mencioná-lo pelo nome. A sua obra teve grande influxo para a espiritualidade Ocidental: Scoto Eriúgena, Alberto Magno, Boaventura, Tomás de Aquino, Dante Alighieri, São João da Cruz, etc.

O esquema de Dionísio tornou-se básico para a espiritualidade ocidental, esquema de ascensão à divindade. Dionísio é um dos pais da teologia apofática ou teologia negativa; para ele Deus é incognoscível e inatingível. Particularmente estabeleceu a plena espiritualidade dos anjos, contrariando ao agostinianismo e aos platônicos cristãos em geral, os quais supunham haver uma matéria sutil em todas as criaturas.

PENSAMENTOS DE DIONÍSIO AREOPAGITA

"Dizemos, portanto que a causa de todas as coisas e que está além de todas as coisas não é absolutamente razão, nem inteligência. Entretanto não é absolutamente um corpo, nem uma figura, nem uma forma e não tem quantidade ou qualidade ou peso; não está em algum lugar, não vê, não tem um tato sensível, não sente, nem cai debaixo da sensibilidade; não conhece desordem e perturbação para ser agitado pelas paixões naturais ... Portanto, começando a subir, dizemos que não é alma nem inteligência; não possui imaginação ou opinião ou razão ou pensamento; não é Palavra nem pensamento; não se pode exprimir nem pensar; não é número nem ordem; nem grandeza nem pequenez ... e está acima de toda a negação a excelência de quem é livre absolutamente de tudo e que está acima do universo".

"A escuridão é a inacessível claridade...".

"Exercite-se sem parar as contemplações místicas, abandone as sensações, renuncie às operações intelectuais, rejeite tudo que pertence ao sensível e ao inteligível, despoje-se totalmente do não-ser e do ser, e eleve-se assim, tanto quanto lhe seja possível, até unir-se, na ignorância, com Aquele que está além de toda essência e de todo saber. Pois é em saindo de tudo e de você mesmo, de modo irresistível e perfeito, que você se elevará numpuro êxtase até o raio nas trevas da divina Superessência, tendo tudo abandonado e estando despojado de tudo".

"A Causa boa (Deus) de todas as coisas pode ser expressa com muitas e com poucas palavras, mas também com a ausência absoluta de palavras. Com efeito, não há palavra nem inteligência para expressa-la, porque ela está colocada supra-substancialmente além de todas as coisas, e só se revela verdadeirmente e sem qualquer véu para aqueles que transcendem todas as coisas impuras e puras, superam toda a subida de todos os cumes sagrados, abandonam todas as luzes divinas e os sons e discursos celestes e penetram na escuridão onde verdadeiramente reside, como diz a Escritura, aquele que está além de tudo".

"Se acontece que, vendo a Deus, compreende-se o que se vê, é que não se viu ao próprio Deus, mas algumas dessas coisas cognoscíveis que a ele devem a existência. Isso porque em si mesmo ele ultrapassa toda inteligência e toda essência. Ele não existe, de maneira puperessencia, e não é conhecido, para além de toda intelecção, senão na medida em que é totalmente desconhecido e que não existe. E é este perfeito desconhecimento, tomado no melhor sentido da palavra, que constitui o verdadeiro conhecimento dAquele que ultrapassa todo conhecimento".

"... conhecer para além da inteligência pelo não conhecer nada".

"Não é sem razão que falamos de Deus e que o celebramos a partir de todos os seres... Mas a maneira de conhecer a Deus que é a mais digna dele é a de conhecê-lo à maneira de desconhecimento, numa união que ultrapassa toda inteligência, quando a inteligência, desprendida de antemão de todos os seres, sai em seguida de si mesma, une-se aos raios mais luminosos que a própria luz e, graças a esses raios, resplente na insondável profundeza da Sabedoria".

"Trindade superessencial e mais que divinal e mais que boa, tu que presides a divina sabedoria cristã, conduze-nos não somente para além de toda luz, mas para além do desconhecimento, até o mais alto cimo das Escrituras místicas, onde os mistérios simples, absolutos e incorruptíveis da divindade se revelam nas Trevas mais que luminosas do Silêncio. É no silêncio, com efeito, que se aprendem os segredos destas Trevas... que brilha com luz mais luminosa no seio da mais negra obscuridade e que, embora permaneça ela própria perfeitamente intangível e perfeitamente invisível, enche de esplendores mais belos que a beleza das inteligências que sabem fechar os olhos... ".

"Ousamos negar tudo a respeito de Deus para chegarmos a esse sublime desconhecimento que nos é encoberto por aquilo que conhecemos sobre o restante dos seres, para contemplar essa escuridão sobrenatural que está oculta ao nosso olhar pela luz perceptível nos outros seres".


Texto extraído do site:
http://coracaomistico.blogspot.com