Por Kadu Santoro
Essa é a conclusão assustadora que
cheguei. Depois de muitos anos estudando o comportamento humano, seus rumos e
perspectivas, percebo que chegamos a um ponto extremamente crítico, a
humanidade emburreceu consideravelmente em todos os sentidos, pioramos e continuamos
piorando a cada dia. Hoje o que vemos é um show de barbáries em todas as
esferas da sociedade, e o pior, é que a grande maioria das pessoas perderam
totalmente a sensibilidade e o poder de discernimento das coisas, encontram-se
alheios a tudo. Os preços aumentam abusivamente, o custo de vida está
insuportável, a violência generalizada em todos os níveis, a banalidade
cultural associada com a decadência do pensar, a corrupção desenfreada, a sexualidade
vulgarizada e o amor totalmente reduzido a uma mera conveniência. Poderia
passar muito tempo aqui relacionando coisas terríveis que estão diante de
nossos olhos e ninguém ao menos se sensibiliza com tal situação. É lastimável
ver como a vida perdeu o seu valor, se mata por qualquer coisa ou motivo, o egoísmo
e a ganância já não tem limites, o mundo se tornou pequeno para tanta coisa
ruim que vem acontecendo, é preciso despertarmos urgentemente e fazer uma
revisão radical de conceitos e valores.
Falar hoje em dia em ética,
compromisso, respeito, sustentabilidade, é muito comum e bonito de se escutar,
porém, fica apenas nas palavras, no campo teórico das idéias, isso quando essas
não são usadas como discurso de manipulação das massas. Até no campo religioso,
as palavras sábias e inspiradas foram substituídas por chavões e clichês
motivacionais que geram apenas emotividade e massageiam o ego. O advento da
tecnologia da informação veio como um grande aliado de todo esse processo de
alienação e distanciamento, as pessoas não conversam e interagem mais
pessoalmente, agora elas teclam, ninguém presta mais atenção a natureza, fica-se
vislumbrando e compartilhando fotos no Facebook de forma distante e fria como
escravos voyeristas da tecnologia da informação. Os valores do Ser estão
deturpados, as pessoas buscam autoafirmação através do consumo e da vaidade estética,
nunca estão satisfeitos consigo mesmo, procuram sempre algo exterior para
satisfazerem suas vontades, desejos e prazeres, esses que são os grandes
causadores de todo o nosso sofrimento. Sem falar da cultura, essa que se tornou
cara e escassa, foi substituída por um engodo televisivo e midiático, recheado
de futilidades e apelo sensual, uma verdadeira vulgarização cultural.
O quadro é caótico, vivemos a
política do “panis et circenses” característico
da época da dominação romana dos primeiros séculos de nossa era cristã, porém
hoje em dia, o pão e circo foram substituídos por futebol e bebedeira, consumo
e sexualidade desenfreada, nada além disso. Os entretenimentos de hoje são
pautados em futilidades e vulgaridades de forma coletiva como raves, chopadas,
boites extasiantes, bares lotados cheirando a cigarro e bebida, a palavra de
ordem é balada, típico de um país infantilizado e atrofiado culturalmente e
emocionalmente como o Brasil, um país que perdeu, ou melhor, talvez nunca tenha
tido profundidade e conteúdo, agora é uma coisa rasa, é só festa, sertanejo,
pagode e funk, todo mundo se matando para ficar com corpos sarados e as mentes
cada vez mais atrofiadas, enquanto isso milhares de pessoas passando fome e
vivendo abaixo da linha de pobreza, não há lugar para o amor sincero, o papo
saudável, a caridade o cuidado a cultura e amizade verdadeira sem interesses.
Isso foi substituído pelo egocentrismo, ou seja, a política do cada um por si e
(sei lá) Deus por todos, farinha
pouca, meu pirão primeiro, a lei de Gerson, onde todos querem apenas levar
vantagens custe o que custar.
As políticas públicas deitam e rolam
diante de tanta mediocridade, pois a população não está nem aí para nada, a
inflação se eleva de forma galopante, os salários cada vez mais baixos, o
mercado de trabalho vulgarizado, a escassez de mão de obra qualificada, a
deficiência e precariedade do serviço público, os roubos, nepotismo, armações e
fraudes por parte dos governantes em todas as esferas da política, etc. Estamos
domesticados, cada vez mais alienados diante de tantos problemas graves, por
isso que a “burrocracia” aumenta cada
vez mais e como diz o adágio popular: o povo tem o governo que merece. Até no
meio religioso só vemos enganos e mentiras, pregações vazias e apelativas,
somente batendo em cima de dízimos, ofertas e prosperidade, ninguém procura
mais entrar em comunhão autêntica e verdadeira com o Sagrado, agradecer ao
invés de pedir, é o que eu chamo de Evangelho
fast-food, uma forma interesseira e tosca de se comunicar com Deus.
Infelizmente é isso, viramos
marionetes da seleta elite global, como gados domesticados, prontos e
condicionados apenas para obedecerem sem questionar nada, totalmente
disciplinados em relação ao sistema capitalista, até porque as pessoas não se
ocupam em buscar conhecimento, ampliar o seu background cultural e muito menos
desenvolver um censo crítico a partir de si mesmo e em relação ao mundo que o
cerca. A situação é crítica e a tendência é piorar mais a cada dia. Vivemos em
meio a uma grande crise de sentidos e valores, estamos diante de um grande
abismo existencial, a instituição família está em decadência, para cada
matrimônio realizado, são dez divórcios, não há mais diálogo nos lares, cada um
vive sua vida, pais contra filhos e vice e versa, não há mais respeito, todos
em busca de “ter” egoisticamente, possuir e conquistar bens materiais, conforto
e prazer, nada além disso. Cada vez mais estamos nos alimentado pior, vivendo a
síndrome de falta de tempo, dormindo mau, vivendo uma vida superficial, precária
e vazia de sentido e espiritualidade, e mesmo assim, ninguém dá uma pausa para refletir
sobre essas coisas e tenta buscar alguma alternativa para sair desse círculo
vicioso.
Lamentavelmente, dou por encerrado
esse desabafo e espero que ele sirva de luz e incentivo para outras pessoas que
estão sofrendo e observando tais acontecimentos e possam fazer uma profunda
reflexão continuando em busca de não se tornar mais um alienado emburrecido diante
da mediocridade humana atual. Procure buscar conhecimento, ampliar seus
horizontes do “Ser”, pensar mais, aculturar-se, espiritualizar-se, amar e
permitir ser amado de forma pura e sincera, não acredite em tudo que se fala,
antes questione, avalie e por último critique se for necessário. Evite se expor
nas teias das redes sociais, ocupe mais seu tempo com coisas sublimes como
leitura, arte, cultura e lazer ligado a natureza, pratique a caridade,
desenvolva sua espiritualidade, preste mais atenção a sua família, dedique-se
mais aos seus filhos, esposas e maridos. Viva e seja você simplesmente, não
queira ser mais uma mera reprodução em série, pelo menos faça como disse o
filósofo Nietzsche: Eu não sei o que quero ser, mas sei muito bem o que não
quero me tornar. não se torne mais um zumbi domesticado.
Fale por você meu amigo. Eu não.
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