terça-feira, 2 de novembro de 2010

Breve síntese do período dos Juízes no Antigo Testamento


CONTEXTO HISTÓRICO:

Logo após a morte de Josué, em torno de 1200 AC.(?) ( Js. 24 ), as tribos ficaram sem uma liderança que pudesse unir as forças para se protejerem da ofensiva dos povos vizinhos como os filisteus, midianitas, amonitas, cananeus entre outros.

Em função da ocupação das terras em Canaã pelos hebreus, eles ainda conviveram muito tempo com esses povos vizinhos e começaram a serem influenciados culturalmente e religiosamente por estes. A partir desta convivência com estes povos vizinhos, os hebreus começaram a se afastar de YHWH, e começaram a entrar num ciclo chamado de ciclo do pecado, onde neste momento, YHWH começou a levantar e a estabelecer juízes. O período dos juízes, corresponde a mais ou menos dois séculos de história.

O CICLO DO PECADO ( O DECLÍNIO MORAL DE ISRAEL ):

O povo passou por mais de três séculos nos quais, “não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” ( Jz. 17.6; 21.25 ). Durante este período, o povo vivia da seguinte forma:

1º) o povo obedecia a YHWH durante um tempo;
2º) em seguida afastavam-se dele;
3º) por causa da desobediência, YHWH permitia a opressão pelos inimigos;
4º) o povo se arrependia e clamava pela libertação;
5º) Deus levantava juízes para livrar o povo das mãos do inimigo;
6º) O povo depois do livramento servia a YHWH;

Este ciclo do pecado, virá se repetindo ao longo da história desse povo, passando pelo período da monarquia, até culminar no exílio.

OS JUÍZES:

Os juízes eram homens e mulheres carismáticos, levantados e estabelecidos por YHWH para libertarem o povo da opressão e escravidão dos inimigos. Eram pessoas tementes a YHWH, marcadas por uma forte personalidade, capazes de se imporem moralmente perante as tribos. Eles também tinham a função de julgar. Foram ao total, doze juízes, sendo que eles eram classificados como:


1º) Juízes Maiores – Carismáticos ou salvadores:
Otoniel ( 3.7-11 ); Eúde ( 3.12-31 ); Débora e Barac ( 4.1-5,32 ); Gideão ( 6.11-8,35 ); Jefté ( 11.1-40 ); e Sansão ( 13.1-16, 31 ).

2º) Juizes Menores - Estatais:
Abimeleque ( 9 ); Tola ( 10.1-2 ); Jair ( 10.3-5 ); Ibsã ( 12.8-10 ); Elon ( 12.11-12 ); e Abdon ( 12.13-15 ).

OS TEMAS PRINCIPAIS:

O livro de juízes é rico em narrativas, vejamos alguns temas principais desenvolvidos ao longo da história dos juízes:

1º) A continuação da história da vida dos Hebreus na terra prometida;
2º) A apostasia dos Hebreus em relação à aliança com YHWH e a opressão resultante nas mãos dos inimigos;
3º) A idolatria praticada pelos Hebreus junto com os povos canaeus;
4º) YHWH mostra que ele é o único Deus verdadeiro e juiz;
5º) O declínio da condição espiritual dos juízes;
6º) O poder da fé e da oração ( Hb. 11.23,33 );
7º) A difícil relação entre as tribos, que irão resultar posteriormente na divisão em dois reinos no período da monarquia;

VALOR HISTÓRICO DO LIVRO DE JUÍZES:

O livro de juízes, é considerado como um “livro histórico” da bíblia, segundo o modo de se relatar a história naquele tempo. O livro nos fornece um precioso quadro geral do modo de vida das tribos de Israel após a sua instalação em Canaã, relatando sobre a vida política, social e religiosa daquele povo. O livro também nos revela o declínio espiritual e moral daquelas tribos, após se estabelecerem na terra prometida. Este registro deixa claro os infortúnios que sempre ocorriam ao povo Hebreu quando eles se esqueciam do seu concerto com YHWH e buscavam a outros deuses, praticando a idolatria e a devassidão.

VISÃO TEOLÓGICA:

O livro de juízes nos apresenta um olhar teológico de como Deus acompanha o seu povo ao longo da história concreta, mesmo no meio dos mais graves acontecimentos, como as guerras contra os povos inimigos. Em função da desobediência e da idolatria, vem o castigo, que aparece nas derrotas perante os povos estrangeiros; de depois a vitória, mediante os intermediários do Senhor, os juízes “salvadores”.

Resumindo, a idéia teológica que ressalta deste livro é, pois, a imagem que um povo livre tem de Deus, que o acompanha para o libertar após o seu arrependimento.


BIBLIOGRAFIA:
SCHULTZ, Samuel J. , A história de Israel no Antigo Testamento, Vida Nova, SP, 1995.
BRIGHT, John, História de Israel, Ed. Paulinas, SP, 1978.

Kadu Santoro

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