quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Rabi Moshé Ben Maimon - Maimônides, vida e obra do grande pensador judeu
Rabi Moshé Ben Maimon, mais conhecido como Maimônides, ou como Rambam, nasceu em uma família de judeus estudiosos da Torá na Espanha, na cidade de Córdoba em 1135, bem no período de ocupação dos Mouros. Aos treze anos de idade no ano de 1148, presenciou o ataque a sua cidade pelos fanáticos Almoâdas, uma seita que pregava a restauração da fé pura islâmica, obrigando as pessoas a se converterem ou então eram expulsas da cidade. Maimônides e sua família decidiram fugir para o norte da África ao invés de converterem-se a outra fé que não fosse a deles. As perseguições religiosas duraram um período de onze anos, Maimônides e sua família se estabeleceram em Fez, capital do Marrocos, local onde os judeus influentes como seu pai, podiam professar sua fé e culto em público.
Durante a sua permanência em Fez, além de ter começado seus primeiros tratados e comentários sobre o Talmud, também estudou medicina e se aprofundou mais ainda na Torá, com o objetivo de que todos os judeus tivessem acesso a esses estudos, tanto da Torá, quanto do Talmud da Guemará etc. Ele buscou simplificar os textos e fazer com se tornassem acessíveis a todos os judeus dispersos de suas tradições. Ainda em Fez, começo a compilar seu trabalho para o comentário da Mishná, ele escrevia em árabe, para que todos pudessem entender. Neste período, ele publicou seus famosos “treze princípios de fé”.
Após esse período, foi para Fostat (antiga capital do Egito) em 1168. Seu irmão Davi, comerciante, mantinha economicamente a família, e Maimônides dedicava-se aos estudos. Após o trágico naufrágio que matou o seu irmão, passou a exercer medicina para sustentar a família. Já era então um importante membro da comunidade judaica local. Em 1177 era reconhecido como líder, e entre suas ocupações somavam-se a de juiz e administrador. Tornou-se médico e conselheiro do vizir al-Fadil, a quem Saladino deixou a cargo quando conquistou o Egito, tendo sua reputação ganho reconhecimento internacional. Comunidades judaicas de várias partes do mundo lhe escreviam em busca de sua sabedoria na lei judaica.
Maimônides escreveu dez trabalhos de medicina em árabe e vários trabalhos de teor religioso, onde reflete sua visão filosófica sobre o judaísmo. É o codificador dos treze princípios fundamentais do judaísmo. Sua grande popularidade lhe rendeu a frase elogiosa que diz: "De Moshê (o Legislador) até Moshê (ben Maimon) não há outro como Moshê". Além dos seus treze princípios de fé, as suas duas obras mais importantes são: a Mishnê Torá ou Yad Hazaká (Mão Forte), composta por quatorze livros contendo 982 capítulos e milhares de leis, e o Guia dos Perplexos, uma obra filosófica com base aristotélica fundamentada nos princípios da Torá, além de muitas outras obras.
Maimônides foi um filósofo racionalista religioso. Condenava interpretações literais da Torá como “o dedo de Deus” e prescrevia seu livro O Guia dos Perplexos para estas pessoas. Maimônides via muitas coisas na Torá como metáforas. Os anjos, por exemplo, ele identificou com as leis da natureza, pois, dizia Maimônides, Deus nunca viola as leis da natureza. Mesmo que um evento seja considerado um milagre, não é uma alteração da ordem do mundo.
Este pensamento levou Maimônides a sustentar um ponto de vista um tanto complexo. Maimônides tinha uma posição muito peculiar em relação à ressurreição dos mortos quando da vinda de Messias. Maimônides considerava oOlam Haba (mundo vindouro) puramente espiritual, não físico, com pessoas andando e vivendo normalmente. Mas ele mesmo afirma que os mortos ressuscitarão (mas não especifica quando). Agora, se Deus não viola as leis da natureza, como pode alguém ressuscitar e viver eternamente? Maimônides acreditava na imortalidade espiritual e foi a partir disto que resolveu seu dilema. Para ele, a ressurreição era parte da profecia de Daniel e poderia se cumprir a qualquer momento, não sendo necessariamente universal e não tendo necessariamente relação com a vinda de Messias. Maimônides prossegue e diz que haverá uma era Messiânica aqui na Terra, mas somente depois disto que teríamos acesso aoOlam Haba, puramente espiritual, aonde haveria a imortalidade de todas as almas criadas por Deus.
Maimônides morreu, aos setenta anos, em 1204 e foi enterrado em Tiberíades, na Palestina. Na ocasião de sua morte os judeus do Egito declararam três dias de luto. Seus filhos ocuparam o cargo de Nagid (líder da comunidade egípcio) por quatro gerações e sua obra influenciou muitos filósofos que vieram depois dele, não somente os judeus. Maimônides foi citado por pensadores como Tomás de Aquino, Francis Bacon e Spinoza.
Bibliografia:
- http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/rambam/home.html
- http://www.sobresites.com/judaismo/personalidade/maimonid.htm
Kadu Santoro
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"O testemunho de amor até o martírio" é o título da conferência realizada na última quinta-feira, no auditório do Instituto Pontifício João Paulo II de Roma, dentro do ciclo de encontros dedicados ao tema "Perfis de santidade conjugal".
ResponderExcluirO historiador polonês Mateusz Szpytma recordou o martírio, durante a 2ª Guerra Mundial, dos cônjuges poloneses Wiktoria e Józef Ulma, que, ao tentar salvar os judeus que haviam escondido em sua casa, foram assassinados pelos nazistas.
Os Ulma, com seus 6 filhos (além disso, Wiktoria estava no sétimo mês de sua nova gravidez), e 8 judeus das famílias Szall e Goldman, que se escondiam, foram executados pelos nazistas em 24 de março de 1944, em Markowa, no sul da Polônia.