terça-feira, 3 de julho de 2018

Quatro chaves para a transformação pessoal segundo a Cabala



 Por Kadu Santoro

Vou falar um pouco sobre o processo de revolução pessoal oferecido pela Cabala de forma bem reflexiva e menos pragmática como encontramos por aí onde tudo se parece muito fácil e num piscar de olhos tudo muda como mágica, pois todos nós merecemos o devido respeito e atenção diante de tantos obstáculos e sofrimentos que enfrentamos cotidianamente durante a nossa jornada aqui em Malchut.

A primeira chave do processo de transformação é chamada Emuná (crença), onde é necessário que você credite (e não a-credite, pois o “a” conota negação como nas palavras a-teu e a-gnóstico) que possa haver uma possibilidade de mudança. Porém, essa crença não pode ser pautada em nossos desejos alimentados pelo ego, e sim, como diz o pregador de Hebreus na Bíblia: “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” Hebreus 11.1. Isso quer dizer que é preciso antes de tudo estarmos totalmente abertos às forças da criação, termos a confiança de que o Criador está no controle de tudo e que nada, mas nada mesmo acontece por acaso. É interessante, que ao mesmo tempo, durante todo o processo, é preciso nos livrarmos de todas as crenças limitantes e racionais, seja de que ordem for para nos abrirmos ao grande fluxo da vida para sermos preenchidos pela luz abundante, indiferente do que aconteça, pois no plano maior não existe bem nem mal, apenas o cumprimento e a realização do processo das coisas como devem ser segundo as leis cósmicas. Lembre-se sempre da frase de Jung: “Queremos ter certezas e não dúvidas, resultados e não experiências, mas nem mesmo percebemos que as certezas só podem surgir através das dúvidas e os resultados somente através das experiências.”

A segunda chave é o Ratson (vontade). Para começarmos essa explanação sobre vontade é preciso em primeiro lugar diferenciarmos dois conceitos, vontade e desejo. Resumidamente podemos dizer que vontade é potência, auto-estímulo, cultivo, enquanto desejo consiste em falta, ausência e carência de. Aqui já encontramos um caminho a seguir. Poucos questionam sobre essa diferença, e sem reflexão sobre isso, agimos por impulso e não percebemos que estes impulsos de ordem desejante e reativa, é resultante do que sentimos. Vontade não é desejo. Desejos são reações de ordem emocional a estímulos externos, ou seja alguma coisa desperta em você uma reação. Os desejos assim como as paixões e os apegos são causa de todos os nossos sofrimentos. Já a vontade, é o seu verdadeiro potencial em busca de expressão, é a sua capacidade de executar determinada ação tentando comunicar-se consigo mesmo, com o objetivo de exteriorizar aquilo que você sabe. É por meio da manifestação da vontade que você pode extrair forças para produzir as realizações necessárias em sua vida.

A terceira chave corresponde ao Avodá (trabalho), que consiste no esforço empenhado em prol da realização da vontade. Você deve praticar um programa de introspecção, ou seja, é o processo em que você começa por meio da razão e do intelecto a conceber as etapas por onde começar a executar seus projetos. É uma etapa importante, pois nela você pode mudar, alterar, modificar os processos de forma a atingir a meta desejada de acordo com a vontade inicial. Essa etapa requer muito esforço, e durante esse processo do trabalho, é o momento em que devemos estar bem atentos às forças contrárias, que se levantam com toda astúcia para nos tirarmos do nosso centro motivacional, despertando desânimo e falta de sentido. É um momento que requer muita perseverança, ainda mais nos dias atuais, tão difíceis de mantermo-nos serenos e persistentes. Para essa etapa a palavra de encorajamento também se encontra na Bíblia: “Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares.” Josué 1.9.

A quarta e última chave consiste no Oneg (prazer). A satisfação e a alegria após a realização do trabalho sempre deve ser comemorada com sucesso. Sem prazer ninguém consegue realizar nada direito, por isso que a palavra de ordem nessa quarta etapa é motivação, isso mesmo, é fundamental para a nossa saúde física, mental, emocional e espiritual estarmos motivados, pois isso desperta todas as enzimas necessárias para o pleno andamento do nosso corpo. Uma pessoa motivada produz muito mais serotonina e cortisol (agentes antidepressivos orgânicos) que uma pessoa desmotivada. Para muitas correntes filosófico religiosas, o prazer é causa de sofrimento e escravidão, porém, para a Cabala, não há problema algum com o prazer, a partir do momento em que você o redireciona para coisas sadias e construtivas, de forma a proporcionar experiências fantásticas tanto a nível individual quanto coletivo, pois quando despertamos o nosso messias interior, logo regozijamos e transbordamos essa alegria a todos em nossa volta, promovendo o despertar do messias coletivo de forma a promover a elevação da massa crítica planetária através de sublimes realizações. Esse prazer (Oneg) representa em sentido mais profundo da palavra Shalom, plenitude, ou seja, que tudo, apesar das dificuldades, encontram-se sob o controle do Eterno por meio de suas leis imutáveis como é citado no Salmo: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos perversos, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” Salmo 1.1,2.

Quanto mais nos aprofundamos no estudo da Cabala, com propósito sincero no coração, disciplina e espírito de compartilhar, todas essas etapas se revelam a nós de forma nítida. Não estou dizendo que esse processo de transformação seja fácil, pelo contrário, é conquistado com muito sacrifício como Jesus disse: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” João 16.33, porém, se percebermos a origem da palavra sacrifício, sacro-ofício, percebemos que todo esforço voluntário é em causa nobre, sagrada, um ofício sagrado, que como resultado consiste em nosso despertar da consciência, da salvação da nossa porção eterna, a elevação do nosso espírito para níveis mais sutis do universo. Lembre-se das sábias palavras de Jesus, o mestre cabalista: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” Mateus 7.13,14.

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