Por Kadu Santoro
Neste
mês de maio comemoramos o Dia das Mães, período onde sensibilidade e sentimento materno afloram de
forma quase divina, aliás, realmente há algo de divino na maternidade, o poder
de gerar vida como gesto sublime de amor e escolha. Há em toda mulher essa
porção “divinizada” do dom da maternidade. Porém, é preciso lembrar que por
trás da imagem de mãe, existe a condição primordial de mulher, com todas as suas
potencialidades de amor, cuidado e doação, também com seus limites,
fragilidades e incapacidades comuns a todos os seres humanos.
Não
são poucas as mulheres que se dedicam intensamente de corpo e alma num ato
quase “crístico” por seus filhos e maridos, muitas vezes esquecendo até de si
mesmas, lembra-me as palavras de Jesus quando nos deixa o mandamento maior:
“Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mc.12:33).
Pensamos
também nas muitas mulheres que não podem gerar filhos biologicamente ou ainda
aquelas que não se sentem prontas e preparadas para assumirem o papel de mãe e
por isso carregam muito sofrimento dentro de si. Sofrimento por sentimento de
inferioridade, incapacidade e até por pressão e discriminação social.
O
ofício da maternidade pode ser vivenciado e expandido para todo corpo que se
prontifica a acolher, amparar, proteger e amar, não é tarefa exclusiva das gestantes
biológicas, pois todo o cuidado integra e assume toda a plenitude da
experiência maternal, logo, a maternidade não pode ser reduzida a um útero
engravidado. Lembremo-nos de nossa “mãe terra” que acolhe toda a humanidade, ou
então o estereótipo da “grande mãe”, da mãe virgem do nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo. Também aproveitamos esse período para lembrarmos das mulheres
mães da genealogia de Jesus, descrita em Mateus 1:1-17, mulheres que contrariam
esse modelo estereotipado pela sociedade, vão na contramão de ser mãe, o que as
salva não é o ventre engravidado, mas o poder de decisão sobre os seus estados
de gravidez. Entre elas estão Tamar, Raabe, Rute, Bete Seba, mulheres, mães que
constam na genealogia de Nosso Senhor Jesus escapando dos esquemas etereotipados
de sua época, e são lembradas não por sua superioridade ética ou por ser modelo
de virtude, mas pela coragem latente de agir em favor de si mesmas e de sua
comunidade.
Assim,
a exemplo de todas essas mulheres virtuosas e bem aventuradas, todas as
mulheres de hoje são desafiadas a resistir à mitificação e aos estereótipos
impostos pela sociedade, bem como ter o pleno direito de dizer neste dia que
todas são mães, mas antes, são mulheres possuidoras de dignidade, amor e
compaixão.
Parabéns a todas as mães!
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