Essa era a nobre tarefa que
o alquimista buscava realizar, transmutar o coração de chumbo em um coração de
ouro, o vil metal em metal nobre. Esse trabalho sobre si, só é possível através
do autoconhecimento, fora dele é impossível transmutar, ou seja, transcender o
homem mediano, se tornando um homem realizado.
Quando realizamos a
guematria das duas palavras, Peham (carvão): Pei = 80 + Chet = 8 + Mem Final =
600 = 688 = 22 = 2 + 2 = 4, e Yahalom: Yud = 10 + Hei = 5 + Lamed = 30 + Vav =
6 + Mem Final = 600 = 651 = 6 + 5 + 1 = 12 = 1 + 2 = 3, podemos entender que
Peham-carvão corresponde à materialidade (número 4) e Yahalom-diamante,
corresponde à espiritualidade (número 3), somando os dois encontramos o número
7 = Nêtsach-Vitória-Eternidade, o número do Chabat, que significa obra
completa.
Assim, também podemos
dizer que para nos tornarmos um ser realizado, é preciso harmonizar o
entendimento/compreensão (Biná 3) com o amor/misericórdia (Chéssed 4),
requisitos indispensáveis para a transmutação do carvão em diamante nobre e
cristalino.
Esse é o sentido
proposto pela cabalista cristão Jacob Böheme, assim como pelos terapeutas curadores
de si mesmos, que buscavam renascer de uma morte simbólica seguida por uma
ressurreição transfigurística, como a transformação do grafite (carvão) em
diamante, ou seja, do homem natural em homem espiritual.
Nós também somos
constituídos do elemento carbono. Na configuração química de nosso organismo, o
carvão ocupa um lugar de destaque: a qualquer momento, uma faísca pode dele
extrair chamas. É ele a raiz básica de nossa constituição quaternária
biológica, e por seu ciclo, que faz parte de quase todos os tecidos vegetais e
animais, viemos do negro (nigredo) e vamos adquirindo vida, transmutando para o
vermelho (rubedo). Na tradição tibetana, o diamante é “filho do raio”, chamado
de vajra, assim também na Árvore da Vida, na descida do relâmpago através das
sefirot, de Kéter-Coroa até Malchut-Reino, consistindo no mesmo arquétipo.
O ser iluminado é aquele
que reconciliou os opostos, o que encontrou aqui na Terra, após a “queda do
raio”, a pedra angular – “Este Jesus é a pedra que vocês, construtores,
rejeitaram, e que se tornou a pedra angular.” Atos 4.11. Jesus é o
arquétipo solar de Tiféret (Beleza-Harmonia-Equilíbrio) aquele que reconciliou
a Justiça de Guevurá com a Misericórdia de Chéssed, contração e expansão em
harmonia restaurando o sopro da vida.
Que possamos despertar
da escuridão (carvão) existencial para podermos brilhar como um diamante
cristalino.
Paz Profunda.
KADU SANTORO – Teólogo graduado pela Faculdade Batista do Rio de
Janeiro (FABAT-RJ), Escritor, Pesquisador das Ciências da Religião com ênfase
em Mística Judaica, Gnosticismo e Religiões Comparadas, Esoterista, Preletor em
diversos cursos de Cabala, Teologia Espiritualidade e Meditação, Terapeuta
Holístico e Consultor em Espiritualidade.
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