quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Sobre a Cabala – Parte 1


Por Kadu Santoro

Já dizia uma antiga máxima cabalista, que nós não vamos até à Cabala, e sim, ela que vem até nós, pois o próprio nome significa recebimento, ou seja, algo que recebemos no momento em que nos encontramos preparados para esse encontro. Quando esse recebimento chega até nós, tudo se torna novo em nossa vida, é como alguém que não enxerga nada e de repente a visão é restaurada, de forma que tudo passa a possuir sentido em sua essência.

Esse recebimento chega até nós progressivamente através de sinais ou pela sincronicidade de encontros e acontecimentos, de forma a nos despertar gradualmente para uma nova realidade, ou seja, uma realidade superior, além do mundo das formas, e é durante esse processo de despertamento que vamos criando através da conexão com a Cabala uma nova substância interior, promovendo a construção de um novo Ser pleno, completo em todas as suas partes constitutivas: motor ou instintiva (Nephesh), emocional (Ruach), intelectual (Neshamah) e nos níveis transpessoais de Chaiah e Iechidah.

Só o fato de tomarmos a decisão de começarmos a enxergar a realidade que nos cerca à luz da Cabala se empenhando em estudar seus princípios com disciplina e dedicação, se estabelece instantaneamente uma grande mudança interior, um verdadeiro salto quântico, onde tudo aquilo que antes não parecia ter sentido algum, agora tem.

É muito comum àqueles que iniciam os estudos da Cabala terem experiências transcendentais como sonhos ricos em simbolismo, encontros com pessoas que trazem informações valiosas, livros que os escolhem, um refinamento da sensibilidade, prognósticos sensitivos entre outros.

Logo, percebemos que o poder da Cabala encontra-se muito além das práticas e observâncias de cunho religioso como é amplamente divulgado por aí, como utilização de fitinhas vermelhas e símbolos de “proteção”, observâncias de ciclos lunares, dietas, comemoração de festas e diversas outras práticas de fundo religioso, pois tudo isso é mera formalidade e não a essência que há por trás que consiste no autoconhecimento.

A Cabala é o sistema operacional que interliga o macrocosmos ao microcosmos (“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.” Mateus 18:18.) ou seja, a fonte de conexão com a Luz Eterna, essa que perpassa por todo o nosso DNA tanto do corpo físico como o da alma estabilizando nossos padrões vibratórios de forma a nos tornarmos substancialmente mais sutis.


A maior legado da Cabala é despertar no indivíduo a consciência de si através do autoconhecimento e não a promoção desse para conquistar e satisfazer seus desejos e vontades de ter, não que o querer seja algo ruim, pelo contrário, até porque a nossa natureza é desejosa (mas antes é necessário desejar Ser), porém, é necessário uma reorientação desses desejos de forma não egoísta e que seja para o bem de todos, estabelecendo assim equilíbrio e harmonia na humanidade e seu meio ambiente, longe da ganância e do espírito destrutivo de competição e disputa, pois fomos feitos para nos integramos e não dividirmos. Lembre-se da mensagem cabalística da Bíblia: “Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” Mateus 6:33. Ou seja, cabalisticamente falando, o Reino de Deus está dentro está dentro de nós, pois somos deuses, imagem e semelhança do Eterno, logo, buscar a Deus e sua justiça significa buscarmos a conhecermos a nós mesmos de forma a agirmos com justiça e misericórdia com o próximo, e assim todas as coisas nos serão acrescentadas.

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