domingo, 1 de janeiro de 2017

FELIZ AGORA!



Por Kadu Santoro

Não há ano novo nem ano velho, muito menos o conceito de tempo, pois só existe o agora, o resto são convenções humanas que contribuem para o nosso estado de "sono", que nos mantém presos a tarefas a qual somos condicionados cotidianamente e gerenciadas pelo nosso ego. Inclusive tudo o que escrevi nessas primeiras linhas já não existem mais, pois assim é o pensamento, a mente, mente o tempo todo e quer nos ocupar, com a falsa ilusão que temos que estar sempre em movimento, fazendo algo, e assim, não sobra tempo para sermos quem realmente somos, não há espaço para o silêncio, para a essência, a lembrança de si, o encontro com o nosso Eu Superior. Neste aspecto os orientais tem muito a nos ensinar, pois eles não se ocupam com os por quês e os para quês, apenas vivem o processo em inteira comunhão com as leis da natureza, observando e contemplando tudo o que fazem, colocando a atenção plena desde as pequenas coisas até as grandes, enquanto isso, aqui, na nossa geração pós industrial e consumista, vivemos ocupando todo o nosso tempo em função do "ter", ao invés do "Ser", e isso tem gerado um estado de ansiedade e depressão global no ocidente, pois tudo aqui é feito para fora, para o exterior, e não para si, para o seu interior mais íntimo. Até no campo da espiritualidade ocidental, a religião é uma instituição pragmática, voltada para o ter, para prosperidade, onde seus adeptos vivem preocupados com a forma e não com a essência das mensagens dos grandes mestres espirituais, que por sinal, pregaram totalmente o contrário, a libertação do ego e do desejo para que possamos despertar para um nível consciencial mais elevado, como disse Jesus: meu reino não é desse mundo e ele encontra-se dentro de nós. Logo, uma virada de data, não é motivo para comemoração, essa comemoração deve ser a todo momento, em todo instante, como expressão de gratidão à luz eterna, por mais um agora, e assim por diante, pois só existe o agora. Outra grande diferença no conceito de tempo, é que no oriente, o tempo é cíclico, permitindo sempre a possibilidade de um novo evento, como dizia Jung em sua teoria da sincronicidade, enquanto no ocidente, o conceito de tempo foi cristalizado de forma linear, em passado, presente e futuro nos moldes hegelianos, onde ficamos aprisionados, condenados pelo passado e ansiosos pelo futuro, de forma teológica que só temos essa oportunidade, pois após esse "tempo" só nos restará queimar na eternidade ou viver adorando a Deus por ela. Infelizmente esses conceitos absurdos ainda vivem assombrando as pessoas, e com isso, vivem com medo, deixando de viver o agora, preocupados com esse terrorismo teológico. Para finalizar, deixo uma mensagem de que todos possam ser livres seja em que tempo for, livres para viverem consigo mesmos, livres de toda forma aprisionante de pensamentos, livres de crenças, livres do ego, livres dos juízos de valores, livres de tudo aquilo que vos impedem de caminhar (passado) e lhes produzem ansiedade (futuro), pois só existe o agora, lembre-se sempre de si, proponha encontros com o seu Eu Superior durante o dia, pare por alguns minutos e procure lembrar de si, dessa porção vital que habita em ti que é imortal e encontra-se aprisionada nesse corpo denso, lembrando que despertando nossa consciência crística ou búdica, iremos evoluir para um corpo mais sutil, e assim por diante, até nos tornarmos luz pura. Esse é o processo, e depois de atingir essa iluminação, tudo começa do zero, como chamam os hindus, a noite e o dia de brahma, o símbolo do oito deitado, a condição cíclica do universo. Vivam o novo a cada instante, pois na frente não há nada, apenas projeções da mente, porém, devemos lembrar que nós não somos a nossa mente, e tudo o que ela produz é maya (ilusão), pois a verdade encontra-se além da nossa lógica, na experiência pessoal e intransferível, e não pode ser explicada, apenas vivenciada, e é nesses momentos que nos encontramos com a nossa porção imortal, o nosso verdadeiro Eu. Desejo a todos um FELIZ AGORA COM MUITA PAZ E LUZ!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário