terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Um renascimento para o misticismo



Por Kadu Santoro

“O cristão do futuro, ou será místico ou não será cristão.” Essa frase foi dita por Karl Rahner, um dos maiores teólogos católicos do século XX, frente a grande crise de paradigmas e sentido vivida pelas religiões mundiais, como descreveu claramente seu colega do Concílio Vaticano II, o Papa João Paulo II: “É importante observar que um dos aspectos mais significativos de nossa situação atual é a chamada crise de significado. As visões da vida e do mundo, frequentemente de natureza científica, proliferam a tal ponto que nos vemos diante de uma crescente fragmentação do conhecimento. Isso torna a busca de significado difícil e, frequentemente, infrutífera.”

Constantes e radicais mudanças já vem ocorrendo desde o início desse século no campo de domínio das religiões espalhadas pelo mundo. Porém, ainda seja um pouco cedo para termos clareza completa a respeito de tudo o que está realmente acontecendo e gerando essa grande crise de significado e banalização do sagrado.

Acredito que haverá em todas as religiões, sobretudo naquelas que se afastaram da sua vocação mais sublime de despertar a plena consciência através da experiência mística, um retorno significativo à suas raízes. A causa principal que vai gerar esse retorno, será justamente a descoberta progressiva por parte dos líderes dessas religiões, das evidências levantadas por áreas contemporâneas de pesquisas como a parapsicologia, a física quântica, as ciências noéticas e a psicologia transpessoal, as quais constituem sem sombra de dúvida, importantes ferramentas de confirmação em termos científicos de muitos textos sagrados encontrados em todas as religiões antigas, que se referem a visões proféticas, milagres, carismas e à iluminação entre outros inúmeros fenômenos metafísicos; isto aliás, põe um ponto final no ceticismo levantado pelo movimento racionalista filosófico e científico sobre essa fenomenologia, já que a comprovação do seu caráter real foi feita através de métodos puramente racionais e científicos dentro dos padrões do paradigma Newtoniano-Cartesiano, de ordem mecanicista. Com isso, vamos observar uma reaproximação progressiva da ciência com as tradições espirituais. Ao mesmo tempo, as religiões que se afastaram das suas próprias fontes primordiais, irão reencontrar a sua própria tradição. Essas duas formas de aproximação irão também influenciar em todo o escopo das teologias que no ocidente assumiram uma forma inteiramente racional e fundamentalista.

Existe também um outro motivo muito positivo para essa aproximação entre as religiões. São nos inúmeros encontros inter-religiosos que os representantes das mais diferentes religiões procuram pesquisar os seus diversos pontos comuns e chegam a conclusões, que seriam inimagináveis ainda há algumas décadas. Podemos ver esse avanço em uma declaração do teólogo John Hick, quando afirma que as religiões, cada uma delas, são totalidades complexas de resposta ao divino... “com suas diferentes formas de experiência religiosa, seus próprios mitos e símbolos, seus sistemas teológicos, suas liturgias e sua arte, suas éticas e estilos de vida, suas escrituras e tradições – todos elementos que interagem e se reforçam mutuamente. E estas totalidades diferentes constituem diversas respostas humanas, no contexto das diferentes culturas ou formas de vida humana, à mesma realidade divina, infinita e transcendente.”

Por outro lado, temos que reconhecer a existência atual de um crescente movimento oposto a estes encontros inter-religiosos, que se traduz pelo aparecimento dos fundamentalismos em praticamente todas as religiões atuais em especial nas religiões de caráter monoteísta, o judaísmo, o cristianismo e o Islamismo. O recrutamento dos seus seguidores fiéis é realizada nas camadas mais ignorantes e pobres da sociedade. Fundamentam suas doutrinas ao pé da letra e não no seu aspecto simbólico ou metafórico, ou seja, no seu sentido mais profundo. Provocam tumultos e promovem disputas e divergências doutrinárias entre seus líderes, e seus fiéis vivem de forma sectária e exclusivista, cultuando a prosperidade e mordomias terrenas. Chegam ao ponto de matarem em nome de Deus em função de suas convicções fundamentalistas, como disse F. Nietzsche: “As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.” Porém, já existem também tentativas de aproximação entre líderes fundamentalistas, e observa-se que depois do primeiro choque de encontro, diante da constatação da existência de outras interpretações dos textos sagrados, opera-se uma evolução no sentido de maior abertura, mas só o futuro nos dirá se estes esforços serão coroados de êxito e em que proporções.

O caminho para a tão desejada aproximação entre as religiões, será a via mística, a vereda menos percorrida, pois requer um profundo e contínuo mergulho dentro do Ser, ou seja, um encontro com o nosso Eu Interior, aquela centelha divina que habita em nós e é parte do Todo. O misticismo está presente em todas as religiões, mantém com elas uma espécie de “independência”, ou seja, tem pouco que ver com a experiência propriamente religiosa (ou numinosa) da fé. Porém, o que há de comum entre as experiências mística e religiosa, é que quem a procura deseja, antes de tudo, libertar-se das amarras e das limitações da razão, transcendendo-a com um mergulho numa dimensão misteriosa, cósmica. A característica comum entre os misticismos encontrados em todas as religiões é, além da busca de transcendência, a da união íntima com Deus, com a divindade, com o Sagrado, com a realidade última, ou ainda, com alguma crença oculta, além e acima da razão. Essa união consiste no apogeu da via mística, que antes de ser plenamente alcançada passa pelos estágios da purgação e da iluminação. Por meio de diversas práticas, escritos e experiências do sentido, o místico alcança a união com a divindade de forma tão intensa, que, enquanto dura, como que o despersonaliza da condição mortal, experiência descrita como uma verdadeira “intoxicação”, o mergulho tão profundo no Divino descrito pelos místicos como o “nada que é”.

Segundo C. G. Jung, a pessoa que atingiu alta maturidade psicológica é sempre um místico. Não há ninguém na face da terra mais maduro do que um místico [...] E Jung observa que o místico é aquele que não tem nostalgia do passado e muito menos ansiedade diante do futuro.

O misticismo, segundo Margaret Smith, “ultrapassa a religião, pois aspira a união íntima com o divino feita com a alma, a uma anulação da individualidade, com sua maneira habitual de agir, pensar e sentir, na divina substância. O místico é aquele que almeja transcender tudo o que é fenomenal e todas as formas de realidade comum, para se transformar no Ser, ele próprio.

A solução é mesmo o retorno às raízes das religiões primitivas, onde essas não enfrentam oposição ao misticismo, que só surgiu quando o homem foi capaz de mergulhar dentro de si mesmo, numa reflexão mais profunda sobre sua condição, o que ocorreu como consequência da sua gradativa capacidade de abstração e subjetividade, capacidades que são agudas na via mística. Ela por fim, decorre do fato de que o místico não está condicionado por um sistema teológico rígido e menos ainda por ritos consagratórios: a união mística é, assim, a abstração desses condicionamentos levada ao ponto extremo. É nesse estágio que Jesus diz que Ele e o Pai são UM.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Você já despertou a sua consciência?




Responda e reflita sobre o questionário abaixo que foi embasado no livro "Adulto Índigo" de Ingrid Cañete e veja se você é uma pessoa realmente desperta da consciência e pronta para a grande transformação do mundo:

1. Sente a necessidade de romper fronteiras, quebrar paradigmas, questionar regras e padrões estabelecidos mesmo sofrendo ostracismo devido ao seu modo de ser?

2. Desde a mais tenra idade vive em busca das razões de existir?

3. Sente que a profundidade de seu modo de ver a vida é totalmente diferente daqueles que lhe rodeiam?

4. Até hoje vive em busca de sua missão nesta vida? Busca incessantemente pelo sentido de sua existência?

5. Tem experimentado dificuldades de se relacionar com os demais devido sua autenticidade, sinceridade e capacidade de ver o falso, bem como a urgente necessidade de expô-lo?

6. Devido ao seu modo de ser, por vários momentos já se sentiu como um E.T., um estranho no ninho?

7. Sente profunda aversão a rótulos, dogmas e padrões de controle?

8. Sente aversão a trabalhos rotineiros?

9. Têm dificuldades em empregos com serviços supervisionados?

10.  Prefere trabalhar sozinho do que em grupo?

11. Têm problemas com os sistemas que considera arcaicos e disfuncionais?

12. Alienação ou uma irritação com a política, sentindo que a sua voz não conta e que o resultado realmente não importa?

13. Sente frustração ou rejeição diante do tradicional "sonho" de carreira, casamento, filhos, casa com uma cerca branca etc.?

14. Sente um ardente desejo de fazer algo para mudar ou melhorar o mundo?

15. Possui forte intuição?

16. Prefere a própria companhia do que a de grandes grupos?

17. Sente atração pelo sobrenatural, o metafísico, a tecnologia de ponta e o entendimento espiritual?

18. Sente aversão a sistemas de crença organizada, mantendo uma espiritualidade própria?

19. Possui um forte sentido de missão o qual lhe impede de seguir os padrões de vida rotulados como "normais"?

20. É sensível a conflitos?

Se você se enquadra nesses itens, parabéns! Você é realmente um agente de transformação do mundo e com uma enorme missão de estabelecer um novo paradigma global baseado em relações sustentáveis e harmoniosas entre o Ser e o Cuidar, entre a fé e a razão, elevando assim, a massa crítica planetária que encontra-se totalmente nivelada por baixo, alienada e domesticada, ainda engessada em princípios arcaicos e ultrapassados.