segunda-feira, 5 de maio de 2014

Mães, acima de tudo mulheres virtuosas e bem aventuradas



Por Kadu Santoro
Neste mês de maio comemoramos o Dia das Mães, período onde  sensibilidade e sentimento materno afloram de forma quase divina, aliás, realmente há algo de divino na maternidade, o poder de gerar vida como gesto sublime de amor e escolha. Há em toda mulher essa porção “divinizada” do dom da maternidade. Porém, é preciso lembrar que por trás da imagem de mãe, existe a condição primordial de mulher, com todas as suas potencialidades de amor, cuidado e doação, também com seus limites, fragilidades e incapacidades comuns a todos os seres humanos.
Não são poucas as mulheres que se dedicam intensamente de corpo e alma num ato quase “crístico” por seus filhos e maridos, muitas vezes esquecendo até de si mesmas, lembra-me as palavras de Jesus quando nos deixa o mandamento maior: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mc.12:33).
Pensamos também nas muitas mulheres que não podem gerar filhos biologicamente ou ainda aquelas que não se sentem prontas e preparadas para assumirem o papel de mãe e por isso carregam muito sofrimento dentro de si. Sofrimento por sentimento de inferioridade, incapacidade e até por pressão e discriminação social.
O ofício da maternidade pode ser vivenciado e expandido para todo corpo que se prontifica a acolher, amparar, proteger e amar, não é tarefa exclusiva das gestantes biológicas, pois todo o cuidado integra e assume toda a plenitude da experiência maternal, logo, a maternidade não pode ser reduzida a um útero engravidado. Lembremo-nos de nossa “mãe terra” que acolhe toda a humanidade, ou então o estereótipo da “grande mãe”, da mãe virgem do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Também aproveitamos esse período para lembrarmos das mulheres mães da genealogia de Jesus, descrita em Mateus 1:1-17, mulheres que contrariam esse modelo estereotipado pela sociedade, vão na contramão de ser mãe, o que as salva não é o ventre engravidado, mas o poder de decisão sobre os seus estados de gravidez. Entre elas estão Tamar, Raabe, Rute, Bete Seba, mulheres, mães que constam na genealogia de Nosso Senhor Jesus escapando dos esquemas etereotipados de sua época, e são lembradas não por sua superioridade ética ou por ser modelo de virtude, mas pela coragem latente de agir em favor de si mesmas e de sua comunidade.

Assim, a exemplo de todas essas mulheres virtuosas e bem aventuradas, todas as mulheres de hoje são desafiadas a resistir à mitificação e aos estereótipos impostos pela sociedade, bem como ter o pleno direito de dizer neste dia que todas são mães, mas antes, são mulheres possuidoras de dignidade, amor e compaixão. 

Parabéns a todas as mães!