terça-feira, 22 de novembro de 2011

Einstein e Deus



“Era, naturalmente, uma mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Eu não acredito em um Deus pessoal e nunca neguei isso, mas manifestaram claramente. Se há algo em mim que pode ser chamado de religioso então é a admiração ilimitada pela estrutura do mundo tanto quanto a nossa ciência pode revelar. “

(Albert Einstein, citado no livro “Albert Einstein, o Lado Humano”)


“Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.

(Citado em Golgher, I. “O Universo Físico e humano e Albert Einstein”, p. 304)


Já comentei brevemente aqui no blog, em outros posts mais antigos, a respeito da “fé” de Einstein. Resolvi escrever um post (sem grandes pretensões, é claro) sobre o assunto porque já vi tanto em livros como em vídeos e sites de internet, coisa demais sendo falada em nome dele. Fora o que me perguntam por email! Os ateus dizem que ele era ateu. Religiosos dizem que ele era religioso. Inclusive tem um vídeo bem legal que circulou no Youtube de uma propaganda da Macedônia, que visava promover a educação do Ensino Religioso nas escolas, que utiliza um suposto diálogo entre um Albert Einstein criança e um professor, em que Einstein demonstra ao professor que “deus existe”:


Pois. Apesar de atribuído a Einstein, o diálogo é fictício. Essa história já fez parte de correntes de emails, que conforme crescem e se espalham acabam adquirindo vida própria, já que a maioria das pessoas não questiona (“se está de acordo com o que eu penso, então é verdade” – sejam ateus, sejam crentes). Penso que os nomes de Einstein e Shakespeare sejam os nomes mais utilizados por aqueles que querem validar suas ideias sem muito esforço. 99% dos textos que recebemos atribuídos a essas duas criaturas NÃO são deles. São de autores menos conhecidos ou simplesmente escritos por desconhecidos. E o diálogo do vídeo é a mesma coisa. Para quem sabe inglês e quer mais detalhes sobre a verdade por trás do diálogo do vídeo, clique aqui.

Mas, isso não acontece só com textos de apologia religiosa. Nós vemos autores, autores famosos inclusive, como Richard Dawkins, dizer que Einstein era ateu. Será?

Particularmente, eu não entendo porque toda essa preocupação com o que Einstein acreditava ou deixava de acreditar. O que isso muda qualquer coisa??? Ele fazia bem o seu trabalho, se esforçava para ser um ser humano decente e útil, e isso que deve importar. Ele foi um cientista genial, mas isso não quer dizer que ele era perfeito ou saiba tudo.

Mas, já que por ter sido um físico genial a opinião dele parece pesar mais do que a de qualquer outro ser humano, é preciso dizer então que Einstein levava mais jeito para teísta…

Porém, ele não acreditava no Deus das Religiões. Naquele Deus que fica acompanhando a sua vida, vendo o que você faz de certo ou de errado, protegendo um país e não o outro, prefirindo uma religião e não a outra, “morando” em uma igreja e não na outra, punindo seres humanos pela sua ignorância e blá blá blá.

EINSTEIN NÃO ACREDITAVA OU CONCEBIA UM DEUS ANTROPOMÓRFICO

Portanto, nada de “Deus” da Bíblia como popularmente conhecemos… mas também nada de Ateísmo!

Pra evidenciar mais ainda o que estou dizendo, trago algumas declarações do próprio Einstein, publicadas na biografia escrita pelo amigo pessoal dele, Max Jammer (citado por Anthony Flew):

“Não sou ateísta e não acho que posso me chamar de panteísta. Estamos na situação de uma criança que entra em uma enorme biblioteca cheia de livros escritos em muitas línguas. A criança sabe que alguém escrevera aqueles livros, mas não sabe como. Não entende os idiomas nos quais eles foram escritos. Suspeita vagamente que os livros estão arranjados em uma ordem misteriosa, que ela não compreende. Isso, me parece, é a atitude dos seres humanos, até dos mais inteligentes, em relação a Deus. Vemos o universo maravilhosamente arranjado e obedecendo a certas leis, mas compreendemos essas leis apenas vagamente. Nossa mente limitada capta a força misteriosa que move as constelações.”

“Uma outra questão é a contestação da crença em um Deus personificado. Freud endossou essa ideia em sua última publicação. Eu próprio nunca assumiria tal tarefa, porque tal crença me parece preferível à falta de qualquer visão transcendental da vida, e imagino se seria possível dar-se, à maioria da humanidade, um meio mais sublime de satisfazer suas necessidades metafísicas.”


Em outras palavras, Einstein, nesta última citação, mesmo não acreditanto no Deus personificado das religiões, ainda acha melhor acreditar num Deus assim do que não acreditar em nada…

E Jammer conclui: “Resumindo, Einstein, como Maimônides e Spinoza, categoricamente rejeitava qualquer antropomorfismo no pensamento religioso.”

Jammer comenta inclusive que Einstein não gostava de ser visto como ateísta:

“Em uma conversa com o príncipe Hubertus de Lowenstein, ele declarou que ficava zangado com pessoas que não acreditavam em Deus e o citavam para corroborar suas ideias. Einstein repudiou o ateísmo porque nunca viu sua negação de um deus personificado como uma negação de Deus.”


E Einstein novamente declara:

“Quem quer que tenha passado pela intensa experiência de conhecer bem-sucedidos avanços nesta área (ciência) é movido por profunda reverência pela racionalidade que se manifesta em existência… a grandeza da razão encarnada em existência.”

“Todos os que seriamente se empenham na busca da ciência convencem-se de que as leis da natureza manifestam a existência de um espírito imensamente superior ao do homem, diante do qual nós, com nossos modestos poderes, devemos nos sentir humildes.”

“Minha religiosidade consiste de uma humilde admiração pelo espírito infinitamente superior que se revela nos pequenos detalhes que podemos perceber com nossa mente frágil. Essa convicção profundamente emocional da presença de um poder racional superior, que é revelado no incompreensível universo, forma minha ideia de Deus.”



Postado por Karina em 26, agosto, 2011
Na Revista Digital Inconsciente Coletivo.Net
http://inconscientecoletivo.net/

Um comentário:

  1. Tema interessante Kadu. O livro " Einstein o Enigma do Universo" de Rohden explica Einstein como um homem cosmicamente guiado. Nem cristão, nem ateu. Nossa... se ele tivesse resolvido o enigma da Teoria de Tudo antes de morrer, teria tocado no espírito Divino. Penso que ele queria entrar no espírito de Deus sem interferência da religião. Uma busca solitária tem razões que a própria razão desconhece. Nesse teu blog... tem algo diferente da religão, algo mais forte. Boa semana.

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