quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sepher ha Zohar - O Livro do Esplendor



O Livro do Esplendor

É considerado o mais completo registro de informação sobre o conhecimento e a natureza da doutrina da Cabalá, verdadeira fonte de sabedoria e conhecimento, seus ensinamentos e revelações, estão no mesmo patamar da Torá e do Talmud. Também chamada de Chochmat ha-Emet ( a sabedoria da verdade ), o Zohar é considerado como a coluna vertebral da Cabalá, que significa “recebimento”, ou “o que foi recebido”. Por ser parte intregral da Torá, possui origem e natureza divina.

História

O Zohar foi escrito em torno do século II da era cristã em meio a opressão romana contra judeus e cristãos. Foi escrito pelo Rabi Shimon bar Yohai, que era discípulo do Rabi Akiva. Segundo a história, Depois da morte do Rabi Akiva, Rabi Shimon e seu filho Rabi El`azar partiram em segredo para uma caverna nas montanhas da Galiléia, onde permaneceram por treze anos estudando a fundo os ensinos da Torá, até a morte do imperador romano.

Segundo a própria obra, coube a Rabi Abba, um dos alunos de Rabi Shimon, a tarefa de registrar por escrito os ensinamentos de seu mestre. Porém, parte do Zohar não foi transcrita na época; foi preservada e transmitida de forma oral pelos discípulos de Rabi Shimon, que eram conhecidos como “a Chevraiá”. Segundo a tradição, os manuscritos originais ficaram escondidos durante mil anos e foram descobertos apenas no século XIII, e ficaram restritos aos círculos cabalísticos fechados. Finalmente, chegaram às mãos de um místico judeu espanhol, Rabi Moshe de Leon (1238-1305), que os editou e publicou na década de 1290.

Por que teria essa obra permanecida escondida por tanto tempo? O próprio Livro do Esplendor, revela a razão ao afirmar que sua sabedoria e luz, seriam reveladas como preparação para a redenção final, que deveria ocorrer 1.200 anos mais tarde, após a destruição do templo sagrado em 70 d.C.

O estudo da Cabalá floresceu na Espanha e na Provença, mas até a expulsão dos judeus da Península Ibérica, o Zohar só era conhecido no meio de restritos círculos de sábios e cabalistas. Após a expulsão, ele emerge desses círculos e passa a exercer uma grande influência sobre os judeus sefaraditas. Perseguidos e expulsos, os judeus da Espanha encontraram em seus ensinamentos sobre a Redenção Messiânica uma grande fonte de conforto e esperança e tanto a obra como seu autor passaram a ser reverenciados por eles. Até hoje, o Zohar está presente no dia-a-dia dos judeus dessa origem, pois seus ensinamentos moldaram grande parte de suas tradições e seus costumes religiosos.

Muitos dos cabalistas forçados a sair da Península Ibérica se estabeleceram na cidade sagrada de Safed, em Israel, que se tornou um centro de estudos místicos. Em Safed, o Sefer ha'Zohar serviu de base para os ensinamentos de dois dos maiores cabalistas - ambos sefaraditas - da era moderna: Rabi Moshe Cordovero (falecido em 1570), conhecido como o Ramak; e o grande Rabi Yitzhak Luria (1534-1572), o Arizal.
Foi em Safed que o Arizal transmitiu seus conhecimentos sobre o Livro do Esplendor e a Cabalá. Desenvolveu um novo sistema para a compreensão de seus mistérios, chamado de Método Luriânico. Seus ensinamentos são reconhecidos como a autoridade máxima da Cabalá, tendo sido estudados pelas gerações de cabalistas que o seguiram. A partir de seus ensinamentos, a Cabalá se tornou mais acessível e passou a ser disseminada por sábios e místicos judeus. O próprio Arizal afirmara que havia chegado a era na qual não só seria permitido revelar a sabedoria da Cabalá, mas tornar-se-ia uma obrigação fazê-lo.Mas, foi na primeira metade do século XVIII, com o surgimento do chassidismo - como passou a ser chamado o movimento iniciado no leste da Europa pelo Rabi Baal Shem Tov - que a Cabalá que fora ensinada pelo Arizal passou a atingir um número ainda maior de judeus. A principal contribuição do chassidismo foi sua adaptação da doutrina da Cabalá a uma linguagem cotidiana e de fácil compreensão. Desta maneira, a profunda sabedoria de Rabi Shimon bar Yochai passou a influenciar as massas de judeus asquenazitas do leste Europeu. Com a expansão do chassidismo os ensinamentos do Zohar passaram a influenciar um número cada vez maior de judeus.

Conteúdo

Sua primeira versão teria sido escrita em aramaico, e sua autoria atribuida ao Rabi Shimon bar Yohai, foi traduzido para o hebraico e publicado em Jerusalém com 21 volumes pelo Rabi Yehuda Ashlag (1886-1955).
Muitas de suas doutrinas são fundamentais e suplementares e podem ser também encontradas nos trechos mais antigos dos Talmuds Babilônico e Palestino, bem como farta literatura apocalítica judaica, produzida nos séculos imediatamente anteriores e posteriores à destruição do segundo Templo.

Ensaios sobre a lei judaica e interpretações bíblicas, que muitas vêzes são repetições verbais de passagens contidas nos dois textos revistos do Talmud, especulações sobre teologia, teosofia e cosmogonia, que encontram paralelo na literatura helenistica, e que em alguns casos mostram semelhanças com idéias contidas no Zend Avesta, o que levou a alguns estudiosos a situar parte do conhecimento do Zohar no Zoroastrismo.

Teorias gnósticas sobre a relação do homem com o divino, reproduções de crenças medievais concernentes a astrologia, fisiognomonia, necromancia, magia e metempsicose, que são estranhas ao espírito judaico, todos estes elementos se embaralham caóticamente no Zohar, um verdadeiro depósito de anacronismos, incongurências e surpresas"...

O Zohar, assim como o Talmud, cobre todas as manifestações do espírito judaico. Porém, enquanto o primeiro é essencialmente uma obra sobre a Lei Judaica, com pitadas de misticismo, o segundo é principalmente um trabalho místico que aborda e elabora sobre algumas leis do Torá. O Zohar descreve a realidade esotérica subjacente à experiência cotidiana. Nele, temas e histórias, tópicos legais e assuntos litúrgicos são vistos e expostos através de uma interpretação mística.

Relação de questões e temas abordados no Zohar, o Livro do Esplendor:

- Questões relativas à Essência;
- Propósito da Criação;
- Identidade das Almas – “Diferença de Forma”;
- Sistemas de Luz e Trevas;
- As Fases da Alma;
- Sofrimento e Tormento;
- Nossa Essência;
- Ressurreição dos Mortos;
- Corrente de Existência;
- Os Quatro Níveis;
- Os Cinco Mundos;
- Essência Espiritual e Elevação;
- Luz e Trevas;
- Os Efeitos da Contrição;
- O Declínio da Espiritualidade e a Revelação do Zohar;

Bibliografia:
http://www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_view.asp?a=441&p=1


Kadu Santoro

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