terça-feira, 4 de maio de 2010

A estrutura teológica da salvação desenvolvida por Lutero


Na visão de Lutero, a salvação era uma questão de fé, dependia única e exclusivamente do próprio crente em crer na obra redentora de Jesus Cristo, e não por méritos de obras humanas e atos, porém, ele achava que a igreja também tinha papel importante durante esse processo salvífico, tendo as Sagradas Escrituras como a única e verdadeira fonte e canal de fé, daí ele lançou os termos “Sola Fide”, que quer dizer “fé somente” e “Sola Scriptura”, que significa, “só pela Palavra”.

Baseado no texto de Romanos 3.28, Lutero formulou o seu conceito de justificação pela fé, afirmando que é exclusivamente baseado na graça de Deus por intermédio da fé em Jesus Cristo, que são perdoados os nossos pecados e transgressões nos livrando assim da condenação eterna. Para Lutero, segundo suas 95 teses, ele não desabonava completamente o serviço eclesiástico, mas criticava severamente os seus abusos doutrinários e a heresia de colocar a autoridade papal temporal acima da Palavra de Deus. Para Lutero, a partir da fé do crente, reconhecendo os méritos da obra redentora de Jesus, consequentemente esse fiel automaticamente participava das atividades litúrgicas na igreja e praticava boas obras, como a ajuda aos pobres e necessitados, sem porém, serem necessárias a sua salvação.

Para Lutero, o papel da Graça era fundamental no processo salvífico, pois para os católicos, através do cumprimento dos sete sacramentos da igreja e por intermédio das boas obras, o crente poderia ser justificado e salvo, porém, Lutero afirmou que antes de todas outras coisas, a Graça é agente fundamental no processo de salvação do crente. Para Lutero, a salvação é inteiramente condicionada a ação da Graça Divina por intermédio do Espírito Santo. A Graça Divina, está acima de toda e qualquer possibilidade do homem de tentar realizar coisa alguma em prol de sua salvação, ela provém diretamente de Deus e atinge o crente, despertando nele a consciência e o despertar da fé no seu interior. A partir dessa sistemática de Lutero, abriu-se dentro do protestantismo, duas correntes opostas, o monergismo e o sinergismo, que são pontos de atrito até hoje discutidos por protestantes de linhas Arminianistas e Calvinistas.

Lutero viu o tráfico de indulgências como um abuso que poderia confundir as pessoas e levá-las a confiar apenas nas indulgências, deixando de lado a confissão e o arrependimento verdadeiros. Proferiu, então, três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Segundo a tradição, a 31 de outubro de 1517 foram afixadas as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Essas teses condenavam o que Lutero acreditava ser a avareza e o paganismo na Igreja como um abuso e pediam um debate teológico sobre o que as Indulgências significavam. Para todos os efeitos, contudo, nelas Lutero não questionava diretamente a autoridade do Papa para conceder as tais indulgências.

Lutero reconhecia o valor das indulgências até certo ponto, mas afirmava que nem o Papa e ninguém através das indulgências teria qualquer certeza ou garantia de salvação (teses 21/32), suas respostas mais contundentes contra os papistas e seus vendedores de indulgências foram as seguintes: Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão plena de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência. (tese 36); Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência. (tese 37).

O questionamento da venda abusiva das cartas de indulgências por Lutero, levantou a ira do clero, pois colocava toda a riqueza e soberania da igreja de Roma em jogo. Para Lutero, ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão (tese 30), para ele o verdadeiro crente, reconhece seus pecados e entende os castigos que vem sobre si, e busca viver de forma penitente, já aqueles que adquirem cartas de indulgências, acaba afrouxando e perdendo o temor à Deus (tese 40). Lutero reconhecia como verdadeiras as indulgências apostólicas e apoiava a excomunhão daqueles que falassem contra elas (tese 71).


Bibliografia: LUTERO, Martinho, Do Cativeiro Babilônico da Igreja, Coleção A Obra-Prima de Cada Autor, Martin Claret, SP, 2007


Kadu Santoro

4 comentários:

  1. Muito boa esta pesquisa, era o que estava procurando.
    Deus abençoes em nome de Jesus.

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  2. Meu caro colega, Lutero nunca ensinou que a salvação depende unicamente e exclusivamente do crente. Você assassinou o pensamento de Lutero. Lutero ensinava que a salvação depende unicamente e exclusivamente de Deus somente.

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