sexta-feira, 19 de março de 2010

O orgulho e a vaidade humana


“O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança.” - Friedrich Nietzsche


Essa frase cabe perfeitamente para os teólogos sistemáticos, homens de fortes convicções religiosas e para todo o ser orgulhoso em si mesmo, pois suas certezas em relação a Deus, são todas encarceradas em suas vaidades e hipocrisias. O orgulho do homem, transcende a ponto de querer definir Deus, a partir da sua miserável limitação e condição insuportável de criatura, achando isso uma grandiosa virtude.

Vivemos numa época de forte pragmatismo, tudo tem que possuir uma utilidade e ter uma finalidade, assim, também os homens procuram fazer com Deus, atribuindo-lhe qualidades, funcionalidades sistematizadas e enraizadas através de conceitos medíocres. A própria religião, é agente da manipulação em massa de Deus, coloca-lhe em molduras teológicas e dogmáticas, atribuem a ele poderes sobrenaturais e descrevem analíticamente seus atributos divinos, formando assim uma cristalização coletiva e alienatória da imagem de Deus.

Esse Deus, que é a imagem e semelhança do orgulhoso, vive em função do próprio homem, logo, é preciso que Deus seja adorado toda hora, seja clamado e ouvido a todo momento, deve estar presente em todas as atividades religiosas, aí dele, que não se faça presente em algum ritual de cura, libertação ou qualquer outra mandinga golpel, essa é a dura realidade de um Deus que é a imagem e semelhança do homem.

O orgulho do homem, faz com que ele, projete em Deus, tudo aquilo que ele não consegue atingir e realizar aqui na vida, para que possa ter alguém que ele possa falar em seu nome, e através das potencialidades atribuidas a Deus, ele possa recorrer e concretizar seus ideais egoístas. Vaidade gerando vaidade, tudo isso através de convicções malditas a respeito de Deus.


Kadu Santoro

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